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domingo, 28 abril, 2024

Inovação e qualidade na indústria

Por Luciano Raizer

Imagine uma determinada indústria, vamos chamá-la de A, que ao longo do tempo não se preocupou muito com os clientes, executava as atividades de qualquer forma, não dava muita “bola” para treinar os empregados, porque era caro, e não ligou muito para obter certificações.

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A indústria A tinha uma margem muito boa, o mercado estava aquecido e tudo ia bem. Até que a situação mudou, os clientes passaram a não aceitar mais os atrasos nas entregas, os erros nos pedidos, os produtos não conformes…. e essa empresa fechou as portas. Botou a culpa no governo, na concorrência, nos empregados, nos juros altos, mas a verdade é que a direção da empresa não ligou muito para a tal “Qualidade”, que muitos achavam que saiu de moda, que não era mais relevante.Bem, deixar de fazer o certo leva a fazer o errado e, assim, a empresa não sobrevive.

Imagine, agora a indústria B. Ela era bem organizada, tinha os processos controlados, fazia inspeções de produtos, treinava seus empregados e era certificada ISO 9001 e ISO 14.001. Sempre executou os serviços da mesma forma, sob controle, com clientes satisfeitos. Mas começou a perder mercado, viu a concorrência crescer, tentou baixar os preços, mas o prejuízo só crescia e… também fechou as portas. Colocou a culpa no governo, nos clientes, na concorrência desleal, na certificação ISO, que para nada serviu. Bem, simplesmente fazer sempre a mesma coisa, do mesmo jeito, mesmo com controle, pode não ser
garantia de sucesso.

O que as empresas A e B têm de comum? Uma, a empresa A, não ligou muito para a tal “Qualidade”, e fechou. A outra, a empresa B, teve atenção com a qualidade, mas não teve atenção com a necessidade de modernização, não buscou a “Inovação”, fazia sempre do mesmo jeito e foi atropelada por concorrentes que investiram em novos produtos, novos processos, novas formas de gestão e novos modos de relacionamento com o mercado. Ambas sofreram do mesmo mal: a falta de visão estratégica sobre o que fazer para adaptar a empresa às mudanças do ambiente.

Os tempos atuais são desafiadores. As mudanças são rápidas e impactantes. É necessário ter um olho no peixe e outro no gato, como diz o ditado popular. A empresa precisa ter domínio da sua operação, ter processos padronizados, equipe treinada e competente, controles de produtos e processos, análise crítica da situação. Mas também deve analisar e entender o ambiente, acompanhar as tendências tecnológicas, buscar o novo, ser inovadora.

A isso chamamos de ambidestria organizacional: a habilidade da empresa para desenvolver duas competências ao mesmo tempo: Qualidade e Inovação. É a soma do pensamento no futuro, no longo prazo, acompanhamento das novas tendências e do avanço da tecnologia, com a busca da melhoria da eficiência operacional no presente, o aumento de produtividade e o domínio da operação.

A inovação, no meu conceito, envolve o investimento em novas ações que gerem novos resultados. A Qualidade representa o modo de gestão que assegura o atendimento a requisitos e a satisfação dos envolvidos com a empresa. Desenvolver o novo é necessário, mas é preciso entregar no prazo e dentro das especificações. Por isso a necessidade de se investir em Inovação, mas também em Qualidade. Assim, a empresa estará mais bem preparada para os tempos atuais.

Luciano Raizer é Doutor em Engenharia de Produção pela USP, pós-doutorado em Indústria 4.0 pelo Instituto Fraunhofer da Alemanha, professor da UFES/DTI, presidente da Fest. Mentor do Prodfor e do Findeslab.

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