Abrir o diálogo com os filhos é importante, mas é necessário um certo cuidado
Meu filho de 6 aninhos, o Arthur, me perguntou sobre a morte dia desses.
Não foi a primeira vez. Desde uns 2, 3 anos de idade, ele me pergunta. Acho que seu interesse começou cedo por eu ter conversado com ele – de forma lúdica, claro, mas bem objetiva -, sobre a morte dos meus pais, quando ele me perguntou por que não tinha “dois vovôs e duas vovós” (ele só tem os avós por parte de pai).
Lá em casa, temos um diálogo muito aberto e tranquilo sobre tudo.
Nesta última vez, mais recente, em que falamos sobre o tema (difícil de lidar mas tão necessário), ele quis saber se não havia “nenhuma possibilidade de alguém nunca morrer”.
Eu questionei: “por que essa pergunta, meu filho?”.
Ele respondeu: “Queria que você, papai e Maria Clara (a irmãzinha de 3 anos) nunca morressem. E eu acho que também não quero morrer”.
“Filho, vamos por partes: não existe essa possibilidade de alguém nunca morrer. Não tem jeito. É assim”, comecei a explicar.
“Mas entendo que você não queira que as pessoas que você ama morram. E que também não queira morrer. Eu também não gostaria. A vida é tão boa né… e é tão bom ter quem a gente ama sempre por perto”.
E continuei: “Mas tudo nessa nossa vida tem um ciclo. Tem começo, meio e fim, como as histórias dos livros que você lê. A morte é o fim do ciclo da vida”.
Ele foi além:
“Depois da morte a gente se encontra? A gente continua com esse mesmo corpo? O que acontece com a gente, mamãe?”
Falei: “Só Papai do Céu quem sabe, meu amor. Vamos saber depois”
E ele: “Então, esse é o grande mistério da vida”.
Eu ri e disse: “sim, um dos maiores mistérios da vida”.
“Então, vamos aproveitar essa vida agora né, mamãe”, falou e saiu feliz e tranquilo para brincar.
Vamos, sim, meu filho. Aproveitar a vida da melhor forma. Que a gente se lembre disso todos os dias. Aproveitar a vida com a alegria das crianças. Os pequenos sabem das coisas.