As campanhas das equipes, até a 32ª rodada do Brasileirão, são semelhantes. Após a derrota diante do Vasco, o Botafogo tem 31 partidas disputadas
Líder do Brasileirão em 2023, o Botafogo vê, a poucas rodadas do fim da competição, sua hegemonia ameaçada: Palmeiras tem o mesmo número de pontos, Red Bull Bragantino está a um empate de distância, enquanto o Flamengo, sexto colocado, está a apenas duas vitórias do rival alvinegro. Ainda há o Grêmio nesta disputa.
Dado como favorito ao título após um primeiro turno impecável – melhor campanha na história dos pontos corridos -, o torcedor botafoguense começa a se preocupar e se lembra do desempenho de outro favorito em anos recentes: o Corinthians, campeão brasileiro em 2017, mas que teve de suar a camisa para ficar com a taça. Dos últimos doze pontos em jogo, o Botafogo só conseguiu somar um.
As campanhas das equipes, até a 32ª rodada do Brasileirão, são semelhantes. Após a derrota diante do Vasco nesta segunda-feira por 1 a 0, o Botafogo tem 31 partidas disputadas, com 59 pontos. No mesmo número de jogos, em 2017, o Corinthians acumulou pontuação igual. No término da temporada, ficou com o heptacampeonato brasileiro.
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Há seis anos, o Corinthians, sob o comando de Fábio Carille – seu primeiro trabalho, efetivado ao cargo após a saída de Tite no ano anterior para a seleção e os fracassos de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira -, impressionou ao manter uma campanha invicta no primeiro turno. Foram 47 pontos em 19 jogos, com 14 vitórias e cinco empates. No período, marcou 32 gols e foi vazado apenas nove vezes. É a única equipe que terminou o primeiro turno invicto desde que o Brasileirão passou, em 2003, a ser disputado no atual formato. Mantinha a melhor campanha da história até o desempenho do Botafogo nesta temporada.
Semelhanças entre 2017 e 2023
O Botafogo teve, em 2023, a mesma pontuação que o Corinthians de 2017 no primeiro turno do Brasileirão. Além dos mesmos 47 pontos, marcou 35 gols e sofreu apenas 11. A campanha é superior à do rival alvinegro pelo número de vitórias (15 contra 14), mas a superioridade diante das demais equipes do Brasileirão é superior neste ano: ao final do primeiro turno, o Botafogo abriu 13 pontos do vice-líder Palmeiras, enquanto o Corinthians manteve oito em relação ao Grêmio naquela edição.
A “crise”, em ambas as temporadas, se deu no segundo turno. Na 31ª rodada, o Corinthians havia somado apenas 12 pontos antes de duelo decisivo com o Palmeiras, então vice-líder da competição. O retrospecto colocava a equipe de Fábio Carille na 17ª colocação do returno, à frente apenas de Sport, Coritiba e Ponte Preta – estes dois últimos terminaram a temporada rebaixados.
A vitória diante do Palmeiras foi decisiva para a equipe corintiana, que abriu seis pontos de vantagem na liderança a seis rodadas do fim. “Sair ganhando ou perdendo muda a história. Nossa maior virtude nessa partida foi a concentração”, afirmou Carille após a vitória de 2017. Em comparação, o Botafogo tem um desempenho em pontos semelhante ao Corinthians, mas com um agravante de que, o mesmo Palmeiras que rivaliza pelo título, triunfou no confronto direto – 4 a 3, com dois gols de Endrick na semana passada.
O Botafogo, com uma partida a menos, ainda depende apenas de si para conquistar seu terceiro título brasileiro – o primeiro desde 1995 -, mas sofre com a mesma queda de desempenho que teve o Corinthians há seis anos. No segundo turno de 2023, o Botafogo ocupava a mesma 17ª posição, com os mesmos 12 pontos somados, antes da derrota para o Vasco nesta segunda-feira. A pontuação é inferior à maior vantagem do time alvinegro nesta temporada, que chegou a 13 pontos na 20ª rodada.
Diferenças
O principal ponto que preocupa o torcedor botafoguense, além da vantagem mínima – número de vitórias – na liderança, é a forma como a crise foi conduzida. No início do Brasileirão, Luís Castro comandava a equipe. Ele liderou o time na vantagem recorde na ponta da tabela. Mas deixou General Severiano para dirigir o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Assim, John Textor e os gestores da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube decidiram pela contratação de Bruno Lage: demitido após empate com o Goiás por 1 a 1. Ele foi substituído por Lúcio Flávio, então auxiliar técnico.
Foram três treinadores desde abril. Nesse período, a vantagem do Botafogo diminuiu e teve uma campanha semelhante à de 2017 do Corinthians. Apesar da queda no rendimento, o time do Parque São Jorge optou por manter Fábio Carille, que havia sido efetivado em janeiro e conquistado o Campeonato Paulista no início da temporada, apesar dos maus resultados. A postura, portanto, foi a oposta da SAF do Botafogo. A abordagem se mostrou acertada, com a conquista do heptacampeonato brasileiro.
Antes do confronto com o Palmeiras, na 32ª rodada daquele ano, Carille afirmou que o campeonato não estava definido. Em Campinas, o time havia acabado de ser derrotado pela Ponte Preta, que terminava o Brasileirão rebaixada para a Série B. “O campeonato está aberto, sempre esteve aberto. Nunca esteve decidido”, afirmou à época. “(A responsabilidade pela queda de rendimento) É de todos: 50% minha e 50% dos jogadores. Não é toda minha porque dentro de campo a bola não fica no meu pé. Mas também não é só dos jogadores, que entram de cabeça erguida no vestiário porque lutaram muito.”
Quando Carille afirmou que o Brasileirão não estava decidido, o Corinthians vivia seu pior momento: após perder para a Ponte Preta, viu a vantagem na liderança cair de 11 para cinco pontos – se tornaria quatro no dia seguinte com o empate entre Palmeiras e Cruzeiro por 1 a 1. A vantagem do Botafogo chegou a ser ainda maior: 13 pontos. A crise no elenco se escancarou após sofrer a virada diante do Palmeiras semana passada após estar ganhando por 3 a 0 e perder por 4 a 3.
“Passam os jogos, competições e a gente acaba batendo muito nessa tecla. É uma questão para a CBF, olhar melhor para esse lado da profissionalização. Temos anos de futebol no Brasil e ainda temos uma arbitragem amadora”, afirmou o treinador Lúcio Flávio após o duelo com o Palmeiras, referindo à expulsão de um de seus jogadores. A arbitragem foi uma questão levantada por Textor e até por Felipe Neto, influenciador e torcedor ilustre do clube. Adryelson, zagueiro, foi expulso naquele jogo após revisão do VAR. Com informações Agência Estado