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domingo, 28 abril, 2024

“Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco?”, diz Magno Malta sobre caso Vini Jr.

Senador criticou a repercussão que a imprensa tem dado ao caso de racismo sofrido pelo atacante do Real Madrid; Malta sugeriu que atacante entrasse com uma leitoa branca em campo

Por Redação

O senador capixaba Magno Malta (PL-ES) criticou, nesta terça-feira (23), a repercussão do caso de racismo sofrido pelo jogador brasileiro Vinícius Júnior na Espanha. Durante audiência da Comissão de Assuntos Economicos (CAE), o parlamentar afirmou que se fosse um jogador negro, entraria em campo com uma leitoa branca: “Dava um beijo nela e falava ‘olha como não tenho nada contra branco. Eu ainda como”.

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O novo episódio de racismo contra o atacante brasileiro aconteceu no último domingo (21). A partida entre Real Madrid e Valencia, pelo campeonato espanhol, chegou a ser paralisada por cerca de oito minutos no segundo tempo por conta de gritos preconceituosos da torcida valenciana, que chamaram o atleta brasileiro de “macaco”.

Malta também fez críticas à repercussão da imprensa brasileira ao relatar o caso e acusou jornalistas de “revitimizar” o jogador, além de questionar os “defensores da causa animal” por não defenderem o “macaco”.

“As emissoras ficam com esse assunto desde ontem, reverberando e revitimizando ele, porque o assunto da ibope para eles ganhar mais patrocinador. É uma descaração isso.[…] Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? Veja quanta hipocrisia, certo? O macaco é inteligente, é bem pertinho do homem. A única diferença é o rabo”, disse Malta.

Entenda o caso

O lance que deu origem ao episódio aconteceu aos 29 minutos da segunda etapa. Vinicius Junior tentou jogada pela esquerda quando uma segunda bola que havia sido arremessada no campo instantes antes foi chutada por Eray Cömert, atleta do Valencia, de maneira proposital para interromper o lance.

Naquele momento, Vini se dirigiu à parte da torcida valencianista que estava localizada atrás do gol do time local e apontou para torcedores que o insultavam chamando-o de macaco. O árbitro De Burgos Bengoetxea paralisou a partida e o sistema de som avisou que o jogo só seria retomado se as ofensas parassem.

A partida foi retomada depois de aproximadamente oito minutos de paralisação, com a polícia local sendo acionada

Já nos acréscimos da partida, Vini se envolveu em uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com uma gravata, acertou o rosto do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar.

No fim, apenas o brasileiro foi punido, sendo expulso. Vinicius Junior saiu fazendo gestos mostrando o número dois com a mão, em provocação à torcida do Valencia. O clube briga para não cair para a segunda divisão espanhola.

Manifestações

Após o jogo, o Valencia emitiu comunicado dizendo que embora se tratasse de um “episódio isolado”, não há lugar para insultos deste tipo no futebol. A nota também reitera que os fatos estão sendo investigados pelo clube, que se colocou à disposição das autoridades espanholas.

A La Liga afirmou ter solicitado todas as imagens da partida para investigar o ocorrido e que também está atenta a possíveis ofensas ao brasileiro do lado de fora do estádio Mestalla. Ainda na nota divulgada pela liga, é dito que foram apresentadas denúncias de práticas racistas contra Vinicius Junior em outras nove ocasiões nos últimos dois anos.

No entanto, nas redes sociais, o presidente da La Liga, Javier Tebas, rebateu as acusações de Vini Jr. sobre um possível racismo estrutural presente no país e na liga de futebol espanhola.

“A La Liga tentou, em casos de racismo, se reunir com você, mas você não apareceu em nenhuma das duas datas combinadas, que você mesmo solicitou. Antes de criticar e insultar a La Liga, é necessário que você se informe adequadamente Vinicius Júnior. Não se deixe manipular e certifique-se de compreender plenamente as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos” escreveu Tebas.

Na entrevista coletiva após o jogo, o técnico do Real Madrid, o italiano Carlo Ancelotti, se mostrou revoltado e incrédulo com o acontecimento.

“Não quero falar de futebol, mas sim do que aconteceu aqui. Isto não pode ocorrer, um estádio inteiro gritando algo assim. Ele não queria continuar e eu acharia justo, porque é a vítima. Isto não pode acontecer”, opinou Ancelotti.

O Real Madrid, clube de Vini, só se manifestou na manhã desta segunda-feira (22). O clube afirmou que prestará suporte ao brasileiro e agradeceu as mensagens de apoio recebidas ao redor do mundo. Confira a nota na íntegra:

“O Real Madrid CF manifesta a sua mais forte repulsa e condena os acontecimentos ocorridos ontem contra o nosso jogador Vinícius Junior.

Esses fatos constituem um ataque direto ao modelo de convivência de nosso Estado social e democrático de direito.

O Real Madrid considera que tais ataques também constituem um crime de ódio, razão pela qual apresentou a denúncia correspondente à Procuradoria-Geral do Estado, especificamente à Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os fatos sejam investigados e apuradas as responsabilidades.

O artigo 124 da Constituição espanhola estabelece as funções do Ministério Público para promover a ação da justiça em defesa da legalidade e dos direitos dos cidadãos e do interesse público.

Por este motivo, e dada a gravidade dos factos ocorridos, o Real Madrid recorreu à Procuradoria Geral do Estado, sem prejuízo do seu carácter privado no processo que está a ser instaurado”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se solidarizou com o jogador brasileiro Vinícius Júnior.

“Um gesto de solidariedade ao jogador brasileiro jovem, negro, que joga no Real Madrid, que no jogo no estádio do Valencia foi chamado de macaco. Não é possível que quase no meio do século 21 a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa”, disse Lula.

Ontem, o Ministério da Igualdade Racial afirmou que vai notificou as autoridades espanholas e a La Liga pelo episódio.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), foi mais um manifestar solidariedade a Vini Jr. O gestor utilizou as redes sociais para enviar uma mensagem ao atacante, citando o ativista norte-americano Martin Luther King.

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