Exportações de produtos capixabas devem ultrapassar os US$ 3,3 bilhões pela primeira vez na história
Por Gustavo Costa
O agronegócio capixaba encerra 2024 com resultados históricos, marcando um ano de conquistas para o Espírito Santo. Pela primeira vez, as exportações do setor ultrapassaram os US$ 3,3 bilhões, com crescimento de mais de 70% até outubro em relação ao ano anterior, conforme dados da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
“De janeiro até outubro, já exportamos o equivalente a US$ 2,9 bilhões. Estamos estimando passar dos US$ 3,3 bilhões. Esperamos crescer o valor das exportações em mais de 70% em relação ao ano anterior, enquanto o Brasil não deve crescer”, explicou o secretário da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, Enio Bergoli.
Produtos como café cru em grãos (+132,5%), carne bovina (+50,3%), mamão (+37,4%), café solúvel (+35,4%), chocolates e preparados com cacau (+27,1%), álcool etílico (+21,2%), gengibre (+6,7%), pescados (+4,7%) e pimenta-do-reino (+1,1%) puxaram maiores variações positivas no valor comercializado.
Já no que se refere ao volume comercializado, as variações positivas foram verificadas no café cru em grãos (+92,3%), carne bovina (+60,0%), gengibre (+41,5%), mamão (+38,6%), álcool etílico (+26,6%), chocolates e preparados com cacau (+16,3%) e café solúvel (+16,2%).
De janeiro a outubro deste ano, dez produtos se destacaram em geração de divisas. O complexo cafeeiro ficou em primeiro lugar com US$ 1,7 bilhão (58,5%), seguido por celulose com US$ 893,1 milhões (30,8%), pimenta-do-reino com US$ 134,5 milhões (4,6%), gengibre com US$ 31,4 milhões (1,1%), carne bovina com US$ 23,7 milhões (0,82%), mamão com US$ 23,3 milhões (0,80%), chocolates e preparados com cacau com US$ 16,9 milhões (0,58%), álcool etílico com US$ 12,1 milhões (0,42%), carne de frango com US$ 5,7 milhões (0,20%) e pescados com US$ 5,2 milhões (0,18%). O conjunto de outros diversos produtos do agronegócio somou US$ 28,9 milhões (1,0%).
Os produtos capixabas alcançam 130 países ao redor do planeta. “O Espírito Santo é um pequeno estado em termos de dimensões geográficas e mesmo assim é um gigante na produção e na exportação de produtos do agronegócio”, destacou Bergoli.
Continuando o que o secretário batizou de “ano mágico no mercado internacional”, o Espírito Santo se consolidou como o maior exportador de café conilon do Brasil, responsável por 77% de tudo que é exportado pelo país. O Estado é ainda líder na exportação de gengibre, (63% do gengibre exportado); pimenta do reino (59% das exportações brasileiras); e mamão, com 44% das exportações.
Tantos produtos em evidência resultaram em uma fatia significativa no panorama geral: entre 32% e 33% de tudo que o estado exporta vem do agronegócio. “Também pela primeira vez na história, cerca de 1/3 de tudo o que o Estado vai exportar vem do agronegócio”, frisou Bergoli.

Conilon na B3
De fato, 2024 foi um ano ímpar para a cafeicultura capixaba. Cerca de 60% de tudo que o Espírito Santo exportou, em produtos agronegócios, veio do setor. “O café se consolidou como principal principal produto de exportações da pauta do agronegócio capixaba. Vamos fechar o ano com quase US$ 2 bilhões exportados só com café”, disse Bergoli.
O secretário citou uma outra conquista importante do setor: o conilon capixaba passou a fazer parte da Bolsa de Valores de São Paulo (B3). “Era uma demanda de mais de 30 anos. Só para lembrar, o conilon tinha operações na bolsa de Londres, mas ainda não tinha no Brasil”, disse Bergoli.
O conilon passou a ser negociado na B3 a partir de 23 de setembro. A negociação de contratos futuros permite que produtores, cooperativas, comercializadoras e indústrias se protejam contra a volatilidade do mercado e seus preços.


Mão de obra e mudanças climáticas preocupam
Apesar do cenário positivo, o agronegócio enfrenta desafios significativos. O acesso ao crédito rural é essencial para o desenvolvimento, especialmente para pequenos produtores.
Para ajudar, o governo estadual disponibilizou R$ 6,4 bilhões em 2024, por meio do Plano de Crédito Rural.
Em 11 meses de programa, foram disponibilizados um volume recorde de R$ 6,4 bilhões de crédito rural para os capixabas. “Vamos fechar o ano com cerca de 35 mil operações de crédito rural. Os agricultores estão cada vez mais investindo em suas propriedades, melhorando a eficiência, a produção, a produtividade e a qualidade e se tornando cada vez mais competitivos”, destacou Enio Bergoli.
Exportações do agro capixaba - 3º Trimestre | |
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Produto | Valor (em milhões de dólares US$) |
Café e derivados | 1.492,5 |
Celulose | 812,6 |
Pimenta-do-reino | 117,8 |
Gengibre | 25,6 |
Carne bovina | 21,5 |
Mamão | 20,7 |
Chocolates (cacau) | 15,2 |
Álcool etílico | 10,8 |
Carne de frango | 5,2 |
Peixes | 4,8 |
Outros produtos (com valores inferiores a 2,9 milhões de dólares) | 25,5 |
O clima extremo e inconstante, também é um desafio significativo. “A variabilidade climática torna a agricultura mais imprevisível, exigindo planejamento e adaptação constante. A escassez hídrica pode limitar a irrigação, reduzir a produtividade das culturas e aumentar os custos operacionais. A gestão eficiente da água, incluindo técnicas de irrigação mais eficientes e o uso de tecnologias de monitoramento, é essencial para enfrentar esse desafio”, explicou Júlio Rocha da Silva Júnior, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes).
Por fim, mas não menos importante, o setor ainda enfrenta a falta de mão de obra qualificada. A agricultura moderna demanda trabalhadores com habilidades técnicas para operar máquinas avançadas e utilizar novas tecnologias. No entanto, a falta de mão de obra qualificada é um problema, levando à ineficiência e ao baixo rendimento agrícola. De acordo com o presidente da Faes, iniciativas públicas e privadas também podem reduzir esse gargalo nos anos que estão por vir.
A união de esforços, aliás, é uma palavra chave para o Espírito Santo continuar colhendo ótimos frutos no agronegócio, mantendo em um patamar alto os níveis de qualidade, produtividade e sobretudo de sustentabilidade nas suas atividades.
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.