A chave de leitura para a vitória de Lula nas eleições 2022 é a votação do PT no nordeste
Por Darlan Campos
Lula ganhou as eleições presidenciais. E uma das primeiras coisas a saltar aos olhos é o mapa eleitoral deste ano, com uma divisão bem clara entre os vencedores por Estado. Ao analisar o mapa, é possível tirar a conclusão de que o Nordeste foi o grande responsável pela vitória de Lula! Será mesmo? Vamos analisar mais de perto o triunfo do petista: uma chave de leitura para as eleições 2022.
Um resultado eleitoral deve ser visto por muitos ângulos. A conclusão é sempre multifatorial.
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Falar do Nordeste e da força do PT por lá é, para dizer o mínimo, senso comum. Por isso, entendo ser mais salutar olhar por outro prisma.
A chave de leitura para a vitória de Lula é a votação do PT no Sudeste ou, visto por outro ângulo, a desidratação de Bolsonaro no Sudeste.
2018 x 2022
Comparando com 2018, Bolsonaro teve 130 mil votos a mais no Nordeste; enquanto registrou 5,4 milhões de votos a menos no Sudeste. E foram esses votos perdidos que sacramentaram sua derrota. Para termos um parâmetro de comparação, veja como caíram os percentuais de votação de Jair Bolsonaro nos três maiores colégios eleitorais do Brasil, de 2018 para 2022.
Em 2018, Bolsonaro conquistou 65,5% dos votos válidos nessa região, mas agora, em 2022, sua marca é de 54,1%, uma queda de 11,4 pontos percentuais.
O papel decisivo de SP
O PT perdeu a eleição no Estado de São Paulo, mas registrou sua maior votação na história. Nunca o partido tinha tido tantos votos como este ano. Lula teve 44,78% dos votos válidos naquele Estado (2022). Haddad obteve 32% em 2018, e Dilma, 35% em 2014.
Nessa equação, a vinda de Geraldo Alckmin para vice de Lula e sua participação ativa na campanha, especialmente em São Paulo, foram fundamentais. Ele trouxe para a campanha de Haddad prefeitos de grandes cidades, lideranças importantes do Estado.
Diminuir a diferença dentro do Estado de São Paulo era um ponto fundamental na estratégia petista para buscar a vitória no Brasil. Como dizem no meio futebolístico, “era para perder de pouco”. A participação de Alckmin e a de Márcio França, esta última em menor medida, foram essenciais nesse objetivo.
Queda nas capitais
Queda nas capitaisOutro ponto importante, o qual precisa ser analisado, é que Bolsonaro teve uma queda expressiva nas capitais do Sudeste.
Ascensão de Lula
O Sudeste deu a Lula cerca de 7,8 milhões de votos a mais do que havia concedido ao candidato Fernando Haddad em 2018. Podemos entender esse fenômeno por dois prismas. Houve um aumento de 6,6 milhões de votos válidos na região, o que foi de grande valia para o candidato do PT.
Por esses fatores, entendo que a chave de leitura para a vitória de Lula está no Sudeste.
Darlan Campos é consultor em Marketing Político, diretor-executivo da República Marketing Político e autor do livro “Nas Ruas e nas Redes: estratégias de marketing político”.
