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sexta-feira, 26 abril, 2024

A maioria minorizada dos negros nas eleições

eleições
Foto: José Cruz/Agência Brasil

No que depender das pré-candidaturas a prefeito este ano, os negros continuarão a ser minoria na política do Espirito Santo e do Brasil

Por Manoel Goes Neto

Pretos e pretas representam apenas 24% dos deputados federais escolhidos pelo voto popular nas eleições de 2018. Dados da FGV  mostram que homens brancos representaram 43,1% da soma geral dos candidatos a deputado federal nas eleições de 2018, e concentraram 60% das receitas de campanha. A mesma pesquisa aponta que homens pretos e mulheres pretas continuam sub financiados, as mulheres pretas somaram 12,9% das candidaturas e ficaram com somente 6,7% do volume total de recursos.

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No Brasil, a Maioria Minorizada formada por negros, conforme o IBGE, ainda que constitua a maioria demográfica da população brasileira, se transforma em minoria em termos de acesso a direitos e serviços públicos, também é espoliada na luta por representatividade política no parlamento.

Nas eleições deste ano, não há indícios que essa situação vai mudar, apesar dos pretos representarem 62% da população capixaba, essa proporção, contudo não se reflete nas urnas. Em 2016 o total de candidatos as prefeituras no Espirito Santo era de 260. Desses, 191 eram brancos, 68 negros e apenas 1 amarelo. Do total dos 78 prefeitos eleitos somente 11 eram negros, confirmando a histórica minoria racial eleita.

No que depender das pré-candidaturas a prefeito este ano, os negros continuarão a ser minoria na política do Espirito Santo e do Brasil, assim como foram nas últimas eleições municipais. Nas eleições de 2016, os negros representaram 26% dos que se lançaram na disputa nas cidades capixabas, e apenas 14% dos eleitos.

Com as novas datas previstas para as eleições municipais em 2020 (primeiro turno em 15 de novembro e segundo turno em 29 de novembro apenas para cidades com mais de 200 mil habitantes), e com a pandemia da Covid-19, cabe-nos perguntar como serão as eleições municipais no Brasil.

As mulheres negras ainda são grande minoria nos espaços políticos brasileiros de disputa e decisão, por mais votos que as candidaturas pretas recebam nas eleições deste ano. Se faz necessário dar mais visibilidade às candidaturas pretas e suas agendas, como forma de fortalecimento da democracia representativa do país, como também provocar reflexão sobre os séculos de perpetuação de uma elite branca no poder, e como isso ter influenciado sobremaneira nas mazelas sociais, e na desigualdade que o povo negro enfrenta até hoje.

Diante da desigualdade racial nos poderes, é importante que o sistema político-eleitoral brasileiro crie mecanismos para evitar o tratamento arbitrário em relação a candidaturas de pretos e pretas. Devemos aprimorar os mecanismos de inclusão política dos setores historicamente carentes de representação. Refiro-me a participação do meu povo preto, das mulheres, dos indígenas, da comunidade LGBT, dentre outros seguimentos vulneráveis. Afinal, onde estão os negros no Legislativo?

Manoel Goes Neto – escritor, presidente licenciado do Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha e diretor no IHGES

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