Cuidar dos olhos pode evitar doenças silenciosas que levam a problemas oculares irreversíveis; confira os principais exames feitos na oftalmologia
Por Rochelle Pagani
Eles nos permitem perceber o mundo ao nosso redor, fazem parte de nosso processo de comunicação e guiam nossa capacidade de leitura e de cognição. É por todos esses fatores que os olhos são parte essencial da experiência humana. Mas mesmo diante de tamanha importância, ainda assim a saúde dos olhos não é priorizada por parte da população. Seja pela correria do dia a dia ou pela falta de conhecimento, as consultas de rotina com o oftalmologista são muitas vezes negligenciadas. Mas essa é uma realidade que precisa mudar.
A mais recente pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, de 2022, revela que 24% dos brasileiros, ou seja, um quarto da população, não frequenta consultórios oftalmológicos. E uma das principais justificativas é que essa parcela de indivíduos alega “enxergar bem”. Mas essa análise não é tão simples. Não se considerarmos evidências científicas que demonstram que muitas doenças oculares desenvolvem-se silenciosamente, sendo assintomáticas no início.
O glaucoma, que junto com a catarata, a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) está entre as doenças oftalmológicas mais recorrentes, é um exemplo disso. Sem a observação de um especialista, o aumento da pressão ocular passa despercebido em seus primeiros estágios. E quanto mais avançado, maiores as chances de o glaucoma provocar uma cegueira permanente.
É nesse sentido que a detecção precoce e o tratamento adequado de problemas oculares são essenciais para prevenir danos irreversíveis à visão. As consultas oftalmológicas regulares garantem o diagnóstico e, a partir dele, a implementação de medidas preventivas e terapêuticas adequadas. Além disso, elas não se limitam à avaliação da visão. Elas desempenham um papel importante na detecção de condições sistêmicas, como diabetes e hipertensão, cujos sinais e sintomas também se manifestam através dos olhos.
A oftalmologia é uma especialidade médica que nos acompanha ao longo da vida e a avaliação oftalmológica é um ato exclusivo de médicos. Desde o berçário já fazemos o exame de reflexo vermelho e o teste do olhinho, a fim de prevenir problemas, como o surgimento de tumores intraoculares. O próximo exame ocorre em torno dos quatro anos de idade, quando a criança está entrando na alfabetização e precisará da acuidade visual para ter um desempenho escolar adequado.
Na vida adulta, entre os testes essenciais estão: a biomicroscopia ocular, para avaliar as estruturas externas do olho, assim como a existência de catarata, conjuntivite e outras doenças; o exame de refração, para avaliar a necessidade do uso de óculos ou lente de contato; medida da pressão intraocular, para avaliar se há glaucoma; e o mapeamento de retina, que pode verificar as doenças do fundo de olho e nervo óptico.
Enquanto a necessidade de atenção à saúde ocular é negligenciada, os números crescem. No Brasil, cerca de um milhão de pessoas são cegas e quatro milhões possuem deficiências visuais (com até 30% da capacidade de visão), segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
É por isso que na data de hoje, na qual celebramos o Dia do Oftalmologista, o nosso apelo é para que, assim como na saúde em geral, a prevenção seja palavra de ordem quando se trata de nossos olhos. Podemos, juntos, garantir que cada vez mais pessoas envelheçam mantendo a sua plena capacidade de se guiar e de apreciar as belezas da vida por meio dos olhos, as nossas janelas para o mundo.
Rochelle Pagani é oftalmologista e coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Cooperativista da Unimed Vitória.