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domingo, 28 abril, 2024

150 anos da vinda dos italianos para o Espírito Santo

Início das comemorações da imigração italiana no ES movimentou Vitória com atividades que envolveram músicas, danças, religiosidade e comidas típicas

Por Manoel Goes Neto

No dia 21 de fevereiro é comemorado o “Dia Nacional do Imigrante Italiano”, em referência à chegada em 1874 da Expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, evento que inaugura a imigração em massa de italianos para o Brasil. Ao todo, foram 388 camponeses – trentinos e vênetos – que embarcaram no navio à vela “La Sofia” e chegaram ao porto de Santa Cruz em busca de oportunidades, trabalhos e vivências. Os 150 anos foram celebrados com ampla programação com atividades culturais que envolvem músicas, danças, religiosidade e comidas típicas.

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Uma demonstração da importância da imigração na história e desenvolvimento do nosso Espírito Santo, divulgando assim nossa rica cultura para todo o país e o mundo. Eventos produzidos pela Associação Federativa Italiana do Espírito Santo (Comunità), pela presidente Rosa Maioli, com o apoio do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), do diretor geral e ativista das causas italianas no ES Cilmar Franceschetto, do governo estadual e com a colaboração de diferentes entidades ligadas à comunidade italiana capixaba. 

“A primeira expedição de italianos para o Espírito Santo foi batizada com o sobrenome do seu idealizador, Pietro Tabacchi. De acordo com o sociólogo Renzo M. Grosselli, no livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, da Coleção Canaã do APEES, Tabacchi era um italiano oriundo de Trento que já se encontrava no Espírito Santo desde o início da década de 1850, onde adquiriu uma fazenda no município de Santa Cruz (atual Aracruz). Ao observar o interesse do Brasil pela mão de obra europeia ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação.

Após um longo período de negociação, o Ministério da Agricultura autorizou a Província capixaba a firmar contrato com Tabacchi, que, por sua vez, enviou emissários ao Trentino (Tirol Italiano), à época sob o domínio austríaco, para capitanear famílias daquela região e do Vêneto. Assim, no dia 3 de janeiro, às 15 horas, partia do porto de Gênova o “La Sofia”. A chegada ao Espírito Santo ocorreu no dia 17 de fevereiro e o desembarque se prolongou até 27 do mesmo mês. Em 01 de março começou a viagem até o porto de Santa Cruz, em direção à propriedade de Tabacchi.

A chegada em massa de camponeses da Itália para o Espírito Santo deu início à epopeia emigratória dos italianos para o Brasil. Porém, os colonos logo perceberam que foram enganados pelas falsas promessas de Tabacchi. Não havia terras preparadas e a situação nos alojamentos era caótica. Esses fatos, somados a uma difícil travessia pelo Atlântico, foram ingredientes que culminaram na primeira revolta. O descontentamento era grande e a rebelião só foi contida pela ação da força policial. Por outro lado, os imigrantes obtiveram informações sobre as colônias oficiais, nas quais teriam melhores condições de trabalho e a oportunidade de serem donos dos seus lotes”, registra o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – APEES.

Recomendo a leitura do excelente livro/documento histórico “Imigração – A moderna ocupação e povoamento do Brasil e do Espírito Santo”, do mestre historiador Gabriel Bittencourt, e também o livro relato histórico “Viagem às colônias italianas do Espirito Santo”, de Arrigo De Zettiry, tradução de Nerina Bortoluzzi Herzog, edição APEES, onde relata em detalhes a visita do exigente e sério Comissário da Emigração, Dr. Arrigo de Zettiry, que em 1902 visitou núcleos de colonização e antigas fazendas escravocratas onde se encontravam famílias italianas, que no seu relatório final revelou a situação dos italianos e seus descendentes no interior do Espirito Santo, após o quarto de século do início da colonização.

Sua vinda ao ES se deveu ao boato que corria na Itália e que chegou ao governo de que muitos dos italianos que haviam emigrado – desde 1874 até o fim daquele século XIX – estavam passando por sérias dificuldades financeiras e que não cumpriam com o acordado com as autoridades italianas. É inestimável a contribuição dessas obras, que agrega muito valor à historicidade dos colonos italianos e dos seus descendentes.

Manoel Goes Neto é produtor cultural, diretor no IHGES e escritor.

 

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