Nervosa por esperar alguém buscá-la na escola, criança tem ataque e diz ser o diabo. Internautas levantaram a falta de apoio psicológico como resultado da atitude
Circula nas redes sociais um vídeo que vem chamando atenção do público e da comunidade escolar. Nas imagens, que ganharam destaque nesta semana, um estudante de, aparentemente, 7 anos aparece revoltado por ficar esperando alguém buscá-lo depois da aula. Nervoso, ele brada que odeia Jesus, que é do diabo e que vai matar a família e “todo mundo da escola”. Não há informações sobre a cidade em que ocorreu o fato ou quando o vídeo foi gravado.
Nas redes sociais, o vídeo levantou discussões entre os internautas sobre a educação recebida pela criança e a necessidade de um suporte psicológico na escola. “Como professor, eu digo que a gente ter que lidar com uma cena dessa não é fácil. A gente acaba carregando um pouco dessa inquietação pra casa e se fazendo mil perguntas sobre como ajudar”, disse um internauta numa publicação do vídeo no TikTok.
“Para de criticar essa criança. Esse menino precisa de ajuda, tem algo de errado acontecendo pra essa criança agir assim”, disse outra internauta. “Ninguém sabe o que essa criança está passando, tem que saber o que ele está passando com essas pessoas que estão cuidando dele”, levantou outra outra.
A situação mostrada nas imagens começa com o garoto chutando as pernas de uma mulher, provavelmente funcionária da instituição de ensino. Aos gritos e mandando quem o interrompia calar a boca, a criança diz: “Eu vou matar minha mãe. Eu vou matar todo mundo da minha família”.
Ele segue nervoso relatando que vai matar todo mundo e que no futuro vai destruir a escola. “Eu vou matar todo mundo. Eu não sou de Jesus. Eu sou do diabo, p####. Eu gosto de diabo… Quando eu crescer, eu vou demolir essa escola. Eu vou matar todo mundo nessa vida filha da p###. Jesus é um filho da p### da p#### mesmo. Me libera logo, seus fiho da p###”, disse a criança.
Assista ao vídeo da criança que gerou toda a polêmica
Psicólogo nas escolas
O comportamento apresentado pela criança assustou outros internautas, que questionaram a falta de ação dos adultos presentes no momento da gravação. Muitos evidenciaram a importância de ajuda psicológica desde cedo tanto em casa como na escola.
“Cadê o preparo da escola, discutindo com o aluno”, escreveu uma internauta no Kwaii. “Isso é uma criança revoltada, precisa de cuidados”, disse outro. “Gente, essa criança precisa de muito amor e cuidados psicológicos e espirituais”, comentou outra na mesma plataforma.
Vale lembrar que, em 2019, foi aprovada a Lei nº 13.935 no Brasil. Ela garante atendimento psicológico a alunos de escolas públicas com equipes multiprofissionais, que vão buscar a melhoria do processo de aprendizagem e das relações entre alunos, professores e a comunidade escolar. Quando houver necessidade, os alunos deverão ser atendidos em parceria com profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, muitas escolas ainda não implementaram ainda o que a lei exige.
O Conselho Regional de Psicologia (CRP-16) informa em seu site que articula com o poder público a necessidade de implementação da Lei 13.935/2019 (prestação de serviços de Psicologia e de Serviço Social nas redes públicas de educação básica) nas escolas do Espírito Santo, ainda mais após os ataques a duas escolas em Aracruz, em 2022.
“Em contato com o município de Aracruz e com o governo do Estado, a autarquia se disponibilizou a auxiliar para que o poder público efetive a aplicação da lei. Importante salientar que a atuação da Psicologia nesse espaço não visa à realização de atendimento psicoterapêutico/individualizado nas escolas. Mas sim, contribuir para o fortalecimento de estratégias pedagógicas transversais que trabalhem com a comunidade escolar como um todo, temas importantes para a sociabilidade com respeito à diversidade, pluralidade de ideias, tolerância e mitigação de discursos de ódio para, de alguma maneira, prevenir que episódios como esse se repitam”, diz o conselho.