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sábado, 4 maio, 2024

Planilha de “empresas tóxicas” viraliza na web

Assédio, má remuneração e discriminação estão entre as queixas dos trabalhadores

Por Kikina Sessa

Funcionários e ex-colaboradores de empresas, muitas delas startups, têm usado a internet para apresentar queixas relativas ao ambiente de trabalho. A lista “Empresas Tóxicas do Brasil-il-il”, tem atraído a atenção dos internautas. Para participar, funcionários e ex-colaboradores preenchem um formulário anônimo, colocando suas queixas e o nome de seus locais de trabalho.

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A planilha viralizou por conta do grande número de reclamações – até o fechamento desta reportagem, eram 14.944 relatos, que incluem desde denúncias graves, envolvendo assédio, má remuneração e discriminação, até roubo de comida e atropelamento. Todas as reclamações que chegam pelo formulário vão direto para a lista, sem nenhum tipo de moderação.

“Esse é um tema polêmico e que traz uma vulnerabilidade grande, pois pode gerar questionamentos legais e repercutir nos resultados das empresas e na reputação dos profissionais”, avalia Alessandra Zanotti, diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-ES).

De fato, expor e divulgar o ambiente das empresas sempre aconteceu nos corredores e nas rodas de conversa. Com o alcance das redes sociais, porém, essas listas e comentários podem ampliar os danos à reputação da empresa, gerando impactos negativos na cultura organizacional e no desempenho financeiro.

“Um descontentamento, um ressentimento ou até mesmo a proteção de outros profissionais podem estimular esse tipo de situação. Mas há a possibilidade de rastreio de quem formalizou ou compartilhou as informações, podendo gerar também implicações ao colaborador, tais como perda de confiança e credibilidade, ações legais e até o desligamento”, alerta Zanotti.

Cada um é livre para se manifestar, comenta o advogado trabalhista Leonardo Lage Motta, mas também é responsável por responder pela acusação. “Compete a quem se sentir ofendido interpelar quem ofendeu, mesmo sendo nas redes sociais e de forma anônima”, avisa o advogado.

Um ponto fica claro: faltou diálogo entre a empresa e os colaboradores. “Sabemos que a comunicação aberta e transparente cria um ambiente de confiança entre os funcionários e a administração, o que é essencial para construir e manter uma cultura organizacional saudável, além de proporcionar o engajamento das pessoas, a resolução de conflitos, a inclusão, o desenvolvimento e, principalmente, alinhamento de valores e objetivos”, afirma a diretora da ABRH.

Resultados

Um perfil no LinkedIn contabilizou os resultados e apontou que a palavra “assédio” aparece entre as mais citadas, seguida de “Salário”.

“Problema com líderes despreparados, tóxicos e abusivos liderou (risos) na minha pesquisa, aparecendo mais de 1.800 vezes”, diz a publicação no LinkedIn. O número já subiu para 2250. Problemas com a cultura organizacional tinham sido citados mais de 660 vezes, agora são 903.

Vale ressaltar que a saúde mental também é muito citada. “Além dos termos mais encontrados, vi uma outra triste infinidade de relatos sobre machismo, racismo, etarismo, misoginia – que são problemas que enfrentamos como sociedade – e também os ‘de praxe’ como sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções”, alertou o internauta.

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