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quinta-feira, 25 abril, 2024

Uma interpretação para a inflação brasileira

A economia brasileira voltou a enfrentar inflação elevada. De abr/2021 a mar/2022 saltou de 6,76% para 11,3%.

Inflação é sinal de que há algo errado na economia doméstica, externa, ou em ambas. Mas os efeitos são análogos: aumento do custo de vida.

Neste momento, o choque inflacionário que se enfrenta é explicado pelos aumentos dos preços internacionais de commodities agrícolas, minerais e energéticas; pela economia política doméstica – ano de eleições majoritárias; e externa – ameaça aos negócios internacionais que o conflito Ucrânia-Rússia está provocando.

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Como não há mágica em economia, problemas atraem choques, que levam à inflação.
Como o Brasil não tem um Projeto de País para executar, prioridades políticas não se alinham às econômicas. Assim, nem sempre, seguem a lógica otimizadora da economia; e, frequentemente decisões de Governo seguem a conveniência política. Esse hábito é gatilho para disparar choques.

Um exemplo de como escolhas erradas do Poder Público brasileiro prejudicam a economia, foi o apagão de 2000. O País ficou sem energia, porque não choveu no período das chuvas, e as conveniências do Poder Público na gestão da matriz hidroelétrica, impediram que se gerasse energia para atender à demanda por. Um vexame em verde e amarelo.

Até as areias da praia sabiam que o ritmo de crescimento da demanda hidroelétrica estava acima do ritmo de geração dessa energia. Mesmo assim, a omissão persistia – contando com a ajuda das chuvas, que não vieram.

O resultado foi o vexame do apagão elétrico de um País que tem um dos maiores reservatórios de água do mundo. Resultado: choque inflacionário de oferta.
Outro vexame, recente, a logística da política sanitária de 2020, para enfrentar a pandemia do Covid-19 – mesmo que outros Chefes de Estado também o fizeram – um erro não justifica outro.

Em fevereiro de 2020, o Ministro da Fazenda esperava a oferta criar sua própria demanda; e o Chefe do Executivo disseminava ruídos sobre o combate ao contágio do vírus, que só serviram para disseminar mais ruídos na economia e aumentar a incerteza. Quando o Ministro resolveu agir, o estrago estava feito.

Quando esse imbróglio começava a arrefecer-se veio outro ruído, e outro presidente, o da Rússia, decidindo invadir a Ucrânia – para ter acesso mais rápido ao Atlântico Norte, e impedi-la de entrar para a União Europeia – o discurso do invasor dizia que era para impedir a Ucrânia de entrar na OTAN.

Esta invasão bloqueou a cadeia de suprimento mundial.
Seu efeito é o choque inflacionário de custo que se enfrenta neste momento.

Inflação é péssimo. Mas é pior quando decorre decisões deliberadamente erradas que passam por cima da lógica de funcionamento da economia.
Infelizmente esse hábito é recorrente, em Governos cujos Chefes de Estado simpatizam com a autocracia e encontram apoio da população. Preferência pela autocracia não é novidade, nem errática, nem inofensiva.

O problema é que governar uma República Democrática, de uma economia de mercado, seguindo parâmetros autocráticos, é como inserir choque inflacionário na veia da economia. A mente perversa e medíocre do Chefe do Executivo da República Brasileira passa ao largo da gravidade da situação da economia brasileira e externa. Com isso, é um choque inflacionário.

Arilda Teixeira é economista e professora da Fucape Business School.

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