Treinados para salvar: quem são os “heróis” do Espírito Santo

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Bombeiros se arriscam para salvar vidas em meio a colapsos que impactam milhares de pessoas anualmente

Conheça os órgãos, personagens e até animais que atuam na prevenção e combate a desastres naturais e ambientais no ES

Por Robson Maia

Não importa qual seja a situação – desastre ambiental, natural ou até aqueles oriundos de ações humanas, – são eles que sempre assumem a “bronca”. Bombeiros, agentes de proteção e até mesmo animais se arriscam para salvar vidas em meio a colapsos que impactam milhares de pessoas anualmente.

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São várias as ações coordenadas promovidas no Espírito Santo para a prevenção e atuação em situações de desastres. Atualmente, os principais órgãos que trabalham em casos de tragédias são: Defesa Civil, forças de segurança (Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Militar), instituições e secretarias governamentais (Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil – Cepdec), Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Instituto Jones Santos Neves (IJSN) e Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan).

Os heróis do dia a dia

O principal órgão responsável pela identificação e atuação em caso de ocorrência de fenômenos que ocasionam desastres naturais é a Defesa Civil. De acordo com dados informados pela corporação, 10% dos municípios capixabas possuem unidades com atuações diretas.

A organização dispõe de agentes que atuam nos setores de identificação de áreas de risco, questões estruturais, além do monitoramento constante de regiões classificadas como vulneráveis.

Treinados para salvar: quem são os “heróis” do Espírito Santo
A corporação dispõe de Brigadas de Resgate que atuam nos setores de identificação de áreas de risco – Foto: Corpo de Bombeiros-ES

As forças militares, sobretudo na atuação do Corpo de Bombeiros (CMBES), são responsáveis pelas ações diretas em tragédias registradas em todo o estado. Dentro da estrutura da corporação, existe o Centro Especializado de Resposta a Desastres (Cerd), que é uma equipe preparada para resgates e desastres de grandes proporções. Os militares do Cerd recebem treinamento especial para realizar missões em locais de difícil acesso, ocorrências complexas, desmoronamentos e desabamentos, entre outros.

 

Durante o período de chuvas intensas, considerados os mais críticos, o alerta é dobrado para esses profissionais, conforme destaca o Coronel Hekssandro Vassoler, coordenador adjunto da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. Responsável pela atuação estratégica das forças militares em casos envolvendo tragédias, ele afirma que as ações desenvolvidas precisam ser estritamente direcionadas para o sucesso da missão.

“A integração é a palavra-chave quando a gente fala de Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e demais forças de segurança.

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No Espírito Santo o Centro de Inteligência de Defesa Civil dispõe de um Centro de Operações de Emergência para Desastres – Foto: Divulgação/SESP

O nosso foco de atenção é o possível desastre, e um desastre por si só ultrapassa a capacidade de atuação de uma única agência. Temos no Espírito Santo um Centro de Inteligência de Defesa Civil, que dispõe de um Centro de Operações de Emergência para Desastres. Todos precisam participar com relevância no momento em que o evento acontece ”, pontuou Vassoler.

O coronel reforça a importância dos órgãos de inteligência, mas alerta para a necessidade de um trabalho integrado com a população, como ações informativas quanto a zonas de risco, quais os procedimentos adequados em períodos chuvosos, além de meios de comunicação para contatar em eventuais situações que possam levar a tragédias.

“O poder público, hoje, ainda não tem condição de estar presente em todos os locais, ou de que os avisos e alertas [de segurança] que são emitidos consigam chegar da forma como gostaríamos para todos. A gente sempre reforça a importância do cidadão, do morador da área de risco, ter um papel proativo: sempre manter a observação quanto a possíveis fissuras, se existe a inclinação de alguma árvore, se está tendo rachadura no terreno, trincas e fissuras nas paredes da casa ou rebaixamento no piso. Esses são sinais importantíssimos que os moradores dessas áreas têm que saber identificar”, disse Vassoler a ES Brasil.

Heróis de coleira

Um importante reforço na atuação diária das forças militares são os chamados “cães militares”. Os “K9”, como são conhecidos esses animais dentro das corporações, além de atuarem em operações de segurança, são um importante auxílio em buscas por sobreviventes em tragédias ambientais.

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Os cães são um recurso essencial, para identificar onde estão as vítimas de tragédias naturais, por seus faro e audição apurados – Foto: Corpo de Bombeiros-ES

No Espírito Santo, o programa com cães militares foi interrompido em alguns batalhões no fim da última década, mas teve a atividade reforçada novamente em 2021. Atualmente doze Unidades Operacionais (2º, 5º, 6º, 7º, 9º, 10º e 13º BPM, 13ª e 14ª Cia Ind) contam com os binômios especializados na localização de armas, munições, drogas e suspeitos. Voltados ao resgate em tragédias ambientais, integrados ao Cerd, são seis cães certificados, além de outros dois em processo de treinamento.

 

“O Corpo de Bombeiros do Estado do Espírito Santo é referência nacional e internacional nas operações com cães. A nossa equipe já trabalhou em diversas localidades aqui no estado, em outros estados e até mesmo fora do país. Estivemos na tragédia em Brumadinho/MG, Mariana/MG, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, trabalhamos na Turquia, no terremoto que deixou milhares de vítimas. É um recurso que classifico como essencial, seja para identificar onde estão as vítimas em óbito ou com vida. Então poupa trabalho, salva vidas e amplia nossa capacidade de atuação” destacou Vassoler.

“Muito investimento tem sido feito na parte de prevenção pelo Governo do Estado. Hoje temos também toda a estrutura tecnológica necessária dentro do nosso território, que envolve o sensoriamento de áreas de risco, monitoramento em tempo real, avaliação de precipitação pluviométrica em diversas localidades. Assim, o nosso pessoal técnico opera em maior volume e melhor em função da tecnologia” concluiu o militar.

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O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo integrou a delegação brasileira participante do evento – Foto: Divulgação/SESP

CBMES presente em evento da ONU sobre resposta a eventos extremos

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), nos últimos 50 anos, as mudanças climáticas e os eventos extremos quintuplicaram o número de desastres naturais no mundo, respondendo hoje por cerca de 50% de todos os desastres, 45% de todas as mortes reportadas no período e 74% de todas as perdas econômicas.

Por isso, o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU organizou em abril a IX Semana de Redes e Parcerias Humanitárias (HNPW 2023), que discutiu medidas para combater as mudanças climáticas e os seus impactos, bem como a organização de uma rede de socorro mundial coordenada e padronizada para emprego quando necessário.

O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo integrou a delegação brasileira participante do evento, que teve início no dia 17 de abril, de forma on-line, e terminou de forma presencial na Suíça, entre 22 e 28 do mesmo mês, com foros de discussão e consultas para fomentar a colaboração na resposta internacional a crises humanitárias.

“O Espírito Santo tem uma importante atuação na agenda climática mundial, sendo este um tema tratado pessoalmente por nosso governador, Renato Casagrande. O Corpo de Bombeiros Militar está na vanguarda quando o assunto é pronta resposta em grandes desastres, como inundações e estruturas colapsadas. Vale lembrar que, recentemente, o CBMES compôs a força tarefa do Brasil que atuou no terremoto ocorrido no sul da Turquia e norte da Síria. Portanto, participar de eventos desse porte é de extrema importância para o crescimento institucional, de modo a buscar uma constante e essencial evolução frente aos desastres e suas consequências”, afirmou o comandante-geral do CBMES, Coronel Alexandre dos Santos Cerqueira.