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sábado, 27 abril, 2024

Prefeituras da Grande Vitória na corrida contra o tempo

Ocupação desordenada continua e eventos meteorológicos extremos estão cada vez mais intensos

Por Rafael Goulart

A preocupação com desastres naturais está cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Isso porque nos últimos anos, devido às mudanças climáticas – muitas provocadas e outras agravadas pela ação do homem – os eventos meteorológicos estão ficando cada vez mais intensos.

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“Como todos sabemos, as mudanças climáticas, como as ilhas de calor formadas pela urbanização, implicam mudanças nos ciclos das chuvas. O que a gente observa é que as chuvas e secas estão mais intensas”, explica o meteorologista do Incaper Hugo Ely dos Anjos Ramos.

Essa observação corrobora o agravamento da crise climática apontado no Relatório sobre Mudança Climática 2023 do Painel Intergovernamental da Organização das Nações Unidas (IPCC/ONU). O documento alertou sobre a intensificação dos eventos extremos e sobre o aumento de 1,1ºC na temperatura média mundial no último século. Na divulgação do relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o atual cenário como “uma bomba-relógio climática”.

Prefeituras da Grande Vitória na corrida contra o tempo
A prefeitura de Viana promete uma intervenção para desassoreamento em 14 quilômetros do Rio Formate – Foto: Secom PMV

Os efeitos destrutivos dessa bomba afetam principalmente e primeiramente as pessoas mais vulneráveis socialmente – ou seja, que não contam com os devidos investimentos e serviços na prevenção e mitigação de eventos climáticos extremos, como as chuvas que destruíram áreas do litoral no norte de São Paulo em fevereiro deste ano e vitimaram 64 pessoas, sendo a maioria moradores da periferia.

Ainda de acordo com o relatório do IPCC/ONU, além da falta de recursos para mapear as áreas de risco e realizar as intervenções necessárias, as populações mais vulneráveis ocupam desordenadamente encostas e ecossistemas frágeis como manguezais, áreas costeiras e semidesérticas.

Nesse ponto, há uma grande preocupação com o Espírito Santo, já que a maior parte da população vive em áreas que são naturalmente de maior risco devido a características geográficas, o que demanda ainda mais cuidado e investimentos dos municípios, que são os responsáveis por mapear e monitorar as áreas de risco, além de aplicar recursos próprios e externos na prevenção e mitigação dos desastres.

Em novembro e dezembro de 2022 vários municípios capixabas entraram mais uma vez em estado de calamidade pública após fortes chuvas, que provocaram inundações, enchentes e deslizamentos de terra, deixando um morto e mais de 700 capixabas desabrigados e/ou desalojados.

Em Viana, um dos municípios mais atingidos pelos temporais, foram registrados mais de 645 milímetros de chuvas, o que levou a atual gestão a tomar uma série de medidas, como ampliação da macrodrenagem, construção de estruturas de contenção de encostas e investimento tecnológico no monitoramento meteorológico, principalmente nas sete áreas de risco mapeadas.

Prefeituras da Grande Vitória na corrida contra o tempo
“As mudanças climáticas, como as ilhas de calor formadas pela urbanização, implicam mudanças nos ciclos das chuvas. O que a gente observa é que as chuvas e secas estão mais intensas” – Hugo Ely dos Anjos Ramos, meteorologista do Incaper – Foto: Arquivo/Incaper

Dentro de um Plano de Macrodrenagem elaborado em 2021, a prefeitura de Viana também promete uma intervenção para desassoreamento em 14 quilômetros do Rio Formate. “Com todas as intervenções previstas no plano, vamos eliminar os problemas de alagamento na cidade. Estamos com diversas etapas das obras em fase de licitação e outras em fase de elaboração dos projetos”, explicou o prefeito Wanderson Bueno.

Na capital capixaba, Vitória, o Grupo de Ação Coordenada da Defesa Civil (GAC) mapeou 67 áreas com risco geológico alto e muito alto e está coordenando ações de prevenção nesses locais.

De acordo com a gestão de Lorenzo Pazzolini, a prefeitura concluiu em 20 meses 35 obras de contenção de encostas, outras quatro estão em andamento e mais 39 já foram licitadas.
“Em agosto de 2022 foi lançado um edital para mais 139 obras de contenção em 57 bairros, com investimento de R$ 60,4 milhões. Com isso, zeraremos o déficit de intervenções necessárias para minimizar o risco geológico em Vitória. Além disso a PMV atende a população que reside em áreas de risco com programas habitacionais.

De janeiro de 2020 até hoje, foram entregues mais de 130 casas próprias”, diz a prefeitura em nota.

Em Cariacica, a Defesa Civil mapeou 53 áreas de risco geológico alto e muito alto e conta com um Comitê de Prevenção de Desastres Naturais criado na atual gestão para discutir e preparar as ações – como as obras de muros de contenção e aplicação de geomantas em áreas de risco – e direcionar ações de limpezas preventivas para desobstruir canais e galerias, a fim de minimizar os impactos das chuvas.

Em Vila Velha, o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) identificou 106 setores de risco geológico no município, sendo: 27 de risco médio, 74 de risco alto e cinco de risco muito alto.

Prefeituras da Grande Vitória na corrida contra o tempo
A ocupação desordenada do ES demanda ainda mais cuidado e investimentos por parte dos municípios

Uma das estratégias do município é a criação dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil, que são formados por moradores das áreas de risco, que recebem capacitação para ajudar nas ações de Proteção e Defesa Civil, principalmente nas ações de prevenção.

Na Serra, graças à elaboração e execução do Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), não houve registro de danos humanos durante as chuvas de novembro/dezembro de 2022, que tiveram aproximadamente 600 mm de precipitação em 10 dias. O município tem mapeado 86 pontos de risco de deslocamento de terra.

A participação da sociedade também é fundamental na construção de ruas, bairros e cidades capazes de suportar esses eventos. É papel do cidadão enviar as demandas e denúncias para os órgãos municipais e contribuir com o descarte correto do lixo e esgoto.

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