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quinta-feira, 28 março, 2024

Rodrigo Maia é eleito novo presidente da Câmara

Numa disputa decidida em 2º turno, o deputado Maia, que é aliado de Temer, fica no cargo até 31 de janeiro de 2017. 

Após muita polêmica, numa disputa decidida em 2º turno, Rodrigo Maia (DEM/RJ) foi eleito presidente da Câmara para ocupar um mandato-tampão de seis meses. Aliado do presidente interino Michel Temer, o democrata teve 285 votos, contra 170 de Rogério Rosso (PSD/DF), que era ligado a Eduardo Cunha (PMDB/RJ), ex-presidente da câmera e que acionou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Houve ainda 5 votos em branco entre os 460 deputados presentes.

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No primeiro turno, Maia teve 120 votos contra 106 de Rosso. O terceiro colocado foi o ex-ministro Marcelo Castro (PMDB/PI), com 70 votos. Rodrigo Maia recebeu o apoio declarado por parte de partidos de centro-direita e também de esquerda, que queriam evitar o triunfo de Rosso, aliado de Cunha. O mandato de Maia dura até o dia até 31 de janeiro de 2017, data na qual venceria o período de comanda da Casa pra Cunha que, acusado de participar do esquema de corrupção na Petrobras, foi afastado há dois meses do mandato por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e acabou renunciando da presidência da Câmara na semana passada. Atualmente, Cunha enfrenta um processo de cassação no Conselho de Ética e diversas investigações no STF por suspeitas de participação em esquemas de corrupção. O deputado nega irregularidades e diz que vai provar sua inocência.

O argumento de Maia para conquistar votos foi o de que seria o contraponto ao candidato preferido pelo centrão, Rogério Rosso, apontado como próximo a Cunha. Rosso por sua vez rejeitou o rótulo e disse manter apenas uma relação “respeitosa” com Cunha. Após a divulgação do resultado, parte dos deputados puxou um coro de “Fora, Cunha”. 

Rodrigo Maia é eleito novo presidente da Câmara

Ao discursar antes do segundo turno, Maia tem um tom emocional à sua fala, afirmando que já na adolescência acompanhava as discussões da Assembleia Constituinte, nos anos 1980. Ele citou como exemplos de deputados constituintes, os tucanos José Serra e Mário Covas, o peemedebista Ulysses Guimarães e seu pai, Cesar Maia. E até surpreendeu ao incluiu o nome de José Genoino, condenado no processo de mensalão, uma vez que o PT e o DEM são adversários históricos. 

No discurso da vitória, Maia se mostrou emocionado novamente, agora ao lembrar da família. “Vamos a partir de amanhã tentar governar com simplicidade. Nós temos muito trabalho a fazer, nós temos que pacificar esse plenário. Nós temos uma pauta do governo para discutir, mas também uma pauta da sociedade, que é também muito importante.”, declarou.  “Só de chegar aqui para mim já é uma grande vitória. Nós vamos governar essa Casa juntos. Nós vamos devolver a soberania ao plenário … Vamos trabalhar para acabar com o império dos líderes. Os líderes são fundamentais, mas não podem ser os únicos a terem a palavra.”, finalizou.  

Antes da votação no segundo turno, Rosso propôs um pacto a Maia para que  qualquer que fosse o resultado, a Câmara retornasse à normalidade após o resultado e chamou Maia para um abraço no púlpito do plenário de onde discursou. Rosso havia declarado ainda que, independentemente do resultado, o Parlamento havia venceu e voltou a citar seu apelo por renovação na Câmara.  “Já venceu a democracia, já venceu a renovação, já venceu a esperança por dias melhores … Quem tem que sentar naquela cadeira não é a pessoa, somos todos nós”, disse Rosso.

Rodrigo Maia é eleito novo presidente da Câmara

Na próxima semana o Congresso Nacional entre no chamado recesso branco e só retoma as atividades em agosto. Caberá ao novo presidente assumir o comando do país quando Temer viajar ao exterior, por exemplo, e como benefícios do cargo, Maia terá direito a residência e carro oficiais, equipe de segurança, gabinete exclusivo e voos em jatos da FAB (Força Aérea Brasileira).

Apoios 

Assim que o segundo turno foi anunciado, os dois candidatos tiveram pouco mais de uma hora para disputar votos nas salas das lideranças partidárias. O PCdoB e o PDT, partidos da antiga base de Dilma Rousseff, decidiram apoiar Maia no 2º turno da eleição à presidência da Câmara, mesmo ele tendo apoiou o impeachment e seu partido feito oposição a Dilma. O apoio na eleição foi justificado por líderes do PCdoB e PDT como uma forma de se contrapor à influência de Cunha e do chamado “centrão”, grupo alinhado ao outro candidato, Rogério Rosso.

Maia também conseguiu o apoio do PR e do PTN, ambos do “centrão”. O democrata já era endossado pelo PSDB e pela chamada “antiga oposição”. O DEM tem 27 deputados em sua bancada. O último presidente da Câmara do DEM foi Efraim Morais (PB), quando a sigla ainda se chamava PFL, de 2002 a 2003.

Já o PP e o PHS, duas legendas do centrão, decidiram apoiar Rosso. O PMDB, maior partido da Câmara, decidiu liberar sua bancada, com o argumento de que os dois candidatos são de partidos da base do presidente interino, Michel Temer (PMDB). Mas o candidato oficial do partido, Marcelo Castro (PI), derrotado no primeiro turno, declarou apoio a Rosso.

O PSOL informou que seus deputados participaram da votação no 2º turno. O partido concorreu no 1º turno com a deputada Luiza Erundina (SP). Alguns deputados do PT e do PCdoB informaram que não votariam no 2º turno por discordância com os dois candidatos. O PCdoB orientou voto em Maia, e o PT não divulgou sua orientação partidária. “Nem Rodrigo, nem Rosso. Fora Temer e fora Cunha!”, afirmaram as deputadas Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e Alice Portugal (PCdoB/BA).

Em quarto lugar, ficou Giacobo (PR/PR), com 59 votos, seguido por Esperidião Amin (PP/SC), com 36; Luiza Erundina (PSOL/SP), com 22; Fábio Ramalho (PMDB-MG), com 18; Orlando Silva (PCdoB/SP), com 16; Cristiane Brasil (PTB/RJ), com 13; Carlos Henrique Gaguim (PTN/TO), com 13; Carlos Manato (SD/ES), com 10; Miro Teixeira (Rede/RJ), com 6; e Evair Vieira de Melo (PV/ES), com 5.

A primeira votação, que levou Maia e Rosso ao segundo turno, ocorreu após cerca de duas horas e meia de discursos. Rosso prometeu estabilidade na gestão e tocar os projetos do governo interino de Michel Temer. Ele também disse que a eleição precisa ter o significado de “renovação”. Maia, candidato apoiado pela antiga oposição à presidente Dilma, citou Michel Temer ao elogiar antigos presidentes da Câmara. O deputado do DEM também reconheceu o momento de “crise política” e prometeu respeitar as minorias parlamentares.

Da bancada capixaba, Carlos Manato rasgou o discurso escrito, segundo ele, por seus assessores. “Me desculpa, mas o que vocês escreveram aqui é a mesmice, a mesma coisa que os outros já disseram”. Manato afirmou que o processo eleitoral é distorcido. “Eu não ouvi ninguém dizendo aqui que quer trabalhar mais”, provocou. 

Os dois únicos candidatos, entre os 13 deputados na disputa, que representam partidos de oposição ao governo interino, Luiza Erundina (PSOL-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP), fizeram críticas ao processo de impeachment e a Cunha. Erundina usou o bordão “fora, Cunha” durante o discurso e afirmou que iria promover pautas de cunho social, como reforma agrária, tributária e urbana.

O vice-presidente Waldir Maranhão (PP/MA), no pouco tempo que permaneceu na presidência da Casa, não conseguiu manter o comando. 

Fotos: J. Batista/Câmara dos Deputados 

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