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sábado, 27 abril, 2024

Que tal virar um empresário?

O aumento do desemprego no país vem chamando a atenção dos brasileiros, que para não ficarem sem renda estão montando o seu próprio negócio

Por Yasmin Vilhena [atualizado por Márcia Rodrigues]

O sonho de abrir uma empresa faz parte do dia a dia de muitos brasileiros, principalmente daqueles que buscam ser o seu próprio chefe e estar no comando de seu negócio. Um objetivo bastante tentador, ainda mais quando as demissões no país parecem aumentar. Ficar na corda bamba com medo de ser mandado embora ou de não conseguir se empregar não é uma situação confortável, seja para os jovens profissionais que buscam inserção no mercado de trabalho, seja para os trabalhadores mais experientes, que já estão há algum tempo em uma organização e que por conta da idade ficam com receio de serem considerados “ultrapassados”.

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Para começar, tem que pesquisar

O primeiro passo para conquistar a tão sonhada “liberdade” deve ser o planejamento estratégico, fator extremamente decisivo para aqueles que desejam prosperar. De acordo com o professor Emerson Mainardes, doutor em Administração com especialidade em Marketing e Vendas, diversos pontos precisam ser levados em consideração na hora de se abrir um negócio.

“Antes de qualquer coisa, o empreendedor deve ter uma ideia clara do que deseja fazer, procurando investir em algo que ele já conheça, não como consumidor, mas como profissional. Outro passo muito importante é observar as oportunidades existentes no mercado para encontrar possíveis clientes. A partir do momento em que ele encontrar os seus consumidores-alvo, deve analisar a viabilidade desse negócio para definir uma estratégia, ver os recursos humanos e financeiros necessários para isso, bem como as questões específicas legais e tributárias. A abertura de uma empresa pode até ser uma boa saída atualmente por conta da onda de demissões que afeta o nosso país, mas isso só será positivo desde que a pessoa esteja preparada para encarar os riscos”, afirma. 

empresa
Foto: Freepik

Além de contabilizar o investimento e a necessidade de capital de giro, é necessário ficar atento ao retorno financeiro, que irá demorar pelo menos dois anos para acontecer. A falta de preparo e o desconhecimento acerca desse assunto, por muitas vezes, colocam o negócio em risco, podendo, inclusive, levá-lo à falência.

“A prosperidade de uma empresa depende muito dessa visão. No Estado, 77% das novas firmas conseguem sobreviver nos dois primeiros anos, um número que é bastante próximo da média nacional. O primeiro ano é considerado como o mais crítico, pois é o começo de tudo”, complementa o diretor de Atendimento do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira.

E para superar todos os obstáculos iniciais, deve-se observar certos aspectos do dia a dia, como o acompanhamento do negócio. Deixar a empresa na mão de terceiros pode ser um grande erro. “O empresário precisa estudar a situação de seus fornecedores, os custos fixos e variáveis, além da concorrência e da localização do empreendimento, que necessita ficar em um lugar adequado. A questão do aluguel pesa muito também, principalmente na Grande Vitória, onde os custos são bastante altos. Outro ponto decisivo é o acompanhamento constante por parte dos donos. Não adianta deixar as responsabilidades com terceiros”, acrescenta o dirigente.

O acompanhamento deve ser redobrado caso o empresário possua outro emprego. Mesmo que não seja uma tarefa muito fácil, o especialista em Gestão do Tempo e Produtividade Christian Barbosa afirma que é possível conciliar todas as demandas. “Para que as coisas deem certo, o profissional tem de se empenhar ao máximo, pois as exigências serão duplicadas durante um tempo. Também é extremamente recomendável ter um sócio para dividir as atribuições, não adianta ficar sobrecarregado, pois isso fará com que a empresa demore para decolar”, relata.

Oportunidade X necessidade

Apesar de terem objetivos parecidos, os empreendedores brasileiros se distinguem de acordo com as oportunidades e com as necessidades do mercado. Aqueles que acabam indo pela primeira opção tendem a obter sucesso em suas iniciativas próprias, pois mesmo quando possuem outras chances de emprego optam por iniciar um novo negócio: eles sabem onde querem chegar, têm em mente o que querem buscar para a empresa e visam à geração de lucros, empregos e riquezas.

Um bom exemplo que se enquadra nesse caso é o da Apex Partners. A empresa, que presta serviços financeiros, sempre buscou agregar pessoas que pudessem se complementar em todas as habilidades. “Todos os sócios são formados em áreas que se complementam bastante, e isso ajudou muito na hora de abrir a empresa. Sempre tivemos um foco mais de longo prazo, até porque o começo é sempre duro e trabalhoso. Como já estávamos preparados para esses apertos comuns do início, nós nos programamos para não passar sufoco. É claro que algumas dificuldades podem aparecer, mas felizmente nenhuma delas atrapalhou o andamento dos negócios, estamos conseguindo atingir todas as metas estabelecidas anteriormente”, revela um dos sócios, Pedro Chieppe.

A diferença entre uma motivação e outra não é apenas teórica: ela pode determinar o sucesso ou o insucesso da atividade. Aqueles que empreendem por oportunidade conseguem enxergar potencial em um nicho de mercado para que seja executado um investimento seguro. Normalmente, a aposta está associada a algum tipo de vocação, podendo ser feita enquanto a pessoa ainda está empregada em algum lugar.

desempregado empresa
Foto: Freepik

Diferentemente dos que buscam o empreendedorismo de oportunidade, os empresários por necessidade são aqueles que, na sua visão, não possuem opções de trabalho ou estão desempregados, e para continuarem com o seu sustento se aventuram em abrir uma empresa sem o mínimo de planejamento – algo que, se somado com a quantidade de concorrentes e com a falta de inovações, pode resultar no fechamento do negócio.

“O empreendedorismo por necessidade gera empresas tradicionais, que não apresentam diferença nenhuma em relação às outras que já se encontram no mercado, como padarias, restaurantes e lojas de roupa. Na oportunidade, o empreendedor é mais preparado e possui uma visão de longo alcance, aumentando as possibilidades de sucesso”, afirma Emerson Mainardes.

E por estarmos em um ano cuja economia anda abalada, a expectativa é que haja inclinação maior para as necessidades. Por isso, é extremamente importante que o empresário se prepare para não fazer investimentos sem retorno. “

Orientação para o sucesso

Pronto. Agora que você já tem todas as dicas para abrir o seu negócio, que tal começar a buscar algumas consultorias para iniciar com o pé direito? No Estado, pode-se encontrar auxílio no Sebrae, que oferece capacitações para quem deseja adquirir ou aperfeiçoar ainda mais os seus conhecimentos. “Aqueles que estão montando uma empresa ou que já possuem algum tipo de negócio podem contar com cursos, palestras e consultorias voltadas para as áreas de gestão, tecnologia, crédito, políticas públicas e mercado. Durante o diagnóstico, os consultores avaliam diversos pontos da empresa, como setor de compras, armazenamento e controle de mercadoria”, explica José Eugênio.

Mesmo que não tenha condições de fazer grandes investimentos, o profissional pode se tornar um microempreendedor individual legalizado, o primeiro passo para uma longa caminhada. Uma vez regularizado, ele terá mais facilidade para abrir uma conta bancária, fazer pedidos de empréstimos e emitir notas fiscais. “O profissional passa a contar com benefícios importantes”, complementa o diretor do Sebrae-ES.

Segundo Pedro Chieppe, o sonho de se tornar um empreendedor não é impossível, mas é preciso ter persistência para perseguir seus objetivos. “Junte-se a pessoas boas que estejam alinhadas com o mesmo propósito que o seu. Busque se planejar com antecedência e verifique sempre se esse planejamento está dando resultados. Por último e não menos importante, seja persistente. A força de vontade é uma ótima aliada para ter uma vida profissional bem-sucedida”, orienta.

Esta é uma versão reduzida e atualizada da matéria que foi publicada originalmente na edição nº 121 da Revista ES Brasil de agosto de 2015. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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