A ausência de um monitoramento eficaz pode resultar em perdas financeiras expressivas, rescisão de contratos estratégicos e danos irreparáveis à reputação da marca
Por Mayara Nascimento de Freitas
Não é novidade que o tema da responsabilidade empresarial e social tem colocado o monitoramento da cadeia de fornecedores no centro das atenções. Essa prática, que inicialmente era vista apenas como uma medida administrativa, hoje se revela essencial para a sobrevivência e competitividade das empresas no cenário global.
A temática vai muito além do simples controle de entregas e prazos, configurando-se como uma das formas mais eficazes de prevenção a riscos financeiros, jurídicos e reputacionais que podem comprometer seriamente a continuidade dos negócios.
Ainda há quem associe o monitoramento exclusivamente a situações como trabalho análogo à escravidão, violações ambientais e demais temas que, teoricamente, são prioridades para grandes organizações. No entanto, pesquisas apontam que fraudes contratuais internas e não conformidades em processos de fornecimento são recorrentes em empresas de todos os portes, independentemente de seu segmento ou abrangência de mercado.
Mas não é só. Em pequenas e médias empresas, esses problemas podem ser ainda mais impactantes, dada a menor margem para absorver prejuízos.
A ausência de um monitoramento eficaz pode resultar em perdas financeiras expressivas, rescisão de contratos estratégicos e danos irreparáveis à reputação da marca. Em um cenário cada vez mais digitalizado, o uso de ferramentas como due diligence para selecionar fornecedores confiáveis, auditorias internas regulares e tecnologias avançadas para rastreabilidade de produtos e serviços são indispensáveis para minimizar esses riscos.
Além disso, a implementação de indicadores-chave de desempenho (KPIs) específicos para avaliar a conformidade dos fornecedores pode agregar valor ao processo e aumentar a transparência entre as partes envolvidas. O suporte jurídico especializado desempenha um papel essencial nesse contexto, fornecendo a base para a elaboração de contratos robustos e programas de compliance que vão além do básico.
Estruturar um programa eficaz inclui capacitar equipes para identificar sinais de alerta, revisar periodicamente os contratos e estabelecer protocolos claros para responder rapidamente a possíveis crises envolvendo fornecedores. Empresas que investem em uma gestão proativa demonstram não apenas comprometimento com a conformidade legal, mas também com a construção de uma cultura organizacional sólida e ética.
Com o mercado cada vez mais competitivo, regulamentado e globalizado, a atenção ao monitoramento da cadeia de fornecedores deixou de ser uma questão operacional para se tornar um investimento estratégico.
O investimento em tecnologias de ponta, à exemplo de sistema e inteligência artificial, para garantir maior transparência e rastreabilidade dos processos é outra tendência que vem ganhando força. Essas ferramentas permitem mapear toda a cadeia de fornecimento, identificando potenciais gargalos e assegurando o cumprimento das normas em todas as etapas.
Com isso, é nítido que o monitoramento eficaz, além da segurança empresarial, é um diferencial competitivo que pode fortalecer parcerias estratégicas e abrir portas para novos negócios em um mercado cada vez mais exigente.
Mayara Nascimento de Freitas é advogada societária do escritório Oliveira Cardoso, Carvalho de Brito, Libardi Comarela e Zavarize Advogados