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sábado, 27 abril, 2024

PSDB barra filiação de Marcos Do Val

Horas após anunciar saída do Podemos e entrada no PSDB, senador Marcos Do Val teve o nome indeferido pelo diretório nacional da sigla

Por Robson Maia

Momentos após o senador capixaba Marcos do Val anunciar a saída do Podemos e informar a entrada no PSDB, o diretório nacional do partido tucano anunciou o veto da filiação do parlamentar na sigla. Após as movimentações de Do Val nos últimos dias, com direito a comunicado da mudança no Senado, o parlamentar anunciou que permanece no Podemos.

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Do Val chegou a divulgar uma foto ao lado do líder dos tucanos no Senado, Izalci Lucas (DF)
Do Val chegou a divulgar uma foto ao lado do líder dos tucanos no Senado, Izalci Lucas (DF) – Foto: Divulgação

Do Val chegou a divulgar uma foto ao lado do líder dos tucanos no Senado, Izalci Lucas (DF), na última quinta-feira (22). Na mensagem, o capixaba informava sobre a troca de partido e comunicou a decisão ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Senador Marcos do Val será o líder do maior bloco da oposição no Senado”, diz mensagem escrita pelo próprio capixaba, que acompanha a foto.

O site do Senado chegou a registrar a mudança. A notícia da chegada de Do Val ao PSDB foi criticada entre filiados do partido no Espírito Santo, que solicitaram o indeferimento. O ex-prefeito de Vitória e atual presidente da sigla na capital capixaba, Luiz Paulo Vellozo Lucas, disse que Do Val não tem identidade com o partido.

Após a repercussão, o diretório nacional do PSBD, por meio do presidente da sigla, Eduardo Leite, informou que, caso o pedido ocorresse, “encaminharia o seu indeferimento”.

“A Direção Nacional do PSDB foi surpreendida com notícia referente a pedido de filiação do senador Marcos do Val e comunica que, caso venha a ocorrer, encaminhará o seu indeferimento”, informou o partido por meio de nota.

Com a decisão do PSDB, Do Val informou que permaneceria no Podemos e criticou a sigla.

“O PSDB que era o mesmo do ministro Alexandre de Moraes e do Alckimin. Mostraram o medo que estão. Permaneço no Podemos”, disse o senador.

Eleito em 2018 pelo Cidadania, Do Val já protagonizou uma troca de sigla ao se filiar ao Podemos. Antes do PSDB, o senador manteve conversas com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e hoje presidido pelo também senador Magno Malta.

Senador vive crise política

O senador capixaba tem sido alvo de investigação pelos órgãos de inteligência desde fevereiro, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a abertura de um inquérito para apurar a afirmação de Do Val de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) arquitetou um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após as acusações, Do Val recuou e chegou a afirmar que a iniciativa teria partido de Daniel Silveira.

Senador Marcos Do Val foi alvo de xingamentos de homem não identificado durante caminhada em Camburi: “Você é a maior vergonha da história capixaba”
Senador Marcos Do Val também foi alvo de xingamentos de homem não identificado durante caminhada em Camburi no último mês: “Você é a maior vergonha da história capixaba”
– Foto: Agência Senado.

Diante de um cenário de pressão interna e externa, Do Val sofreu uma “nova derrota” quando a Polícia Federal realizou buscas em diversos endereços relacionados ao senador, incluindo o seu gabinete no Congresso Nacional, em Brasília. Os mandados foram cumpridos na capital federal e no Espírito Santo.

As redes sociais do senador Marcos do Val também foram temporariamente bloqueadas por determinação de Moraes. O perfil no Twitter, por onde o senador costuma se comunicar com seus eleitores, aparece como indisponível. No Instagram e Facebook, as páginas do senador encontram-se indisponíveis.

Em julho, a PF apresentou um relatório com as mensagens encontradas no celular apreendido do senador. O documento constatou que o parlamentar compartilhou informações sobre a trama de golpe de Estado por meio de dois grupos de WhatsApp: o “Chefias” e o “Amigas para a eternidade”.

As conversas com o grupo “Chefias”, composto por 2 assessores de seu gabinete, foram curtas. Nos diálogos, Do Val antecipou os diálogos com Daniel Silveira e descreveu o plano como uma “missão que entrará para a história do Brasil/mundo”.

No entanto, foi no grupo “Amigas para eternidade” (nome fictício, conforme apurou a investigação) que o senador se expressou de maneira mais aberta. Em textos e áudios cheios, outros participantes chegaram a comemorar a possibilidade do golpe: “Eu tô vibrando, vibrando, mas já vou apagar a mensagem!”, disse uma das “amigas”.

Em depoimento prestado à PF sobre o caso, Bolsonaro demonstrou mais um distanciamento de Do Val ao exibir para a imprensa presente no local uma captura de tela em que mostra a resposta dada às proposições do senador. Após a sugestão de manobra antidemocrática, Bolsonaro respondeu a Do Val com a mensagem “coisa de louco”, insinuando discordância das propostas do capixaba.

“Trabalhando para prender Moraes”

Mensagens encontradas no celular do senador capixaba Marcos do Val apontaram um suposto plano do parlamentar para a prisão do ministro Alexandre de Moraes
Mensagens encontradas no celular do senador capixaba Marcos do Val apontaram um suposto plano do parlamentar para a prisão do ministro Alexandre de Moraes – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No início de setembro, mensagens encontradas no celular do senador capixaba Marcos do Val (Podemos-ES) apontaram um suposto plano do parlamentar para a prisão do ministro Alexandre de Moraes. No texto, ele diz que tem “trabalhado há dois anos para prender” o magistrado.

Em uma das mensagens, datada de 2 de fevereiro, uma pessoa identificada como “Elmo” oferece apoio a Do Val, que responde: “estou há dois anos trabalhando para prender Alexandre de Moraes”. Os relatórios apontam que o “Elmo” seria irmão de Do Val.

Outro diálogo entre o senador e seu pai, Humberto, menciona Bolsonaro e fala sobre a influência da imprensa e da sociedade na abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) relacionada aos atos do dia 8 de janeiro. Do Val menciona no texto que a CPMI poderia resultar no impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e no desgaste de imagem de Alexandre de Moraes.

“Olha os relatórios do que provocamos na imprensa brasileira em um único dia! Superou as expectativas, e a primeira fase foi concluída. Essa missão foi provocar a imprensa e a sociedade para pedir aos seus representantes no Congresso as assinaturas para a abertura da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre o dia 08 de janeiro!”, destaca Do Val na mensagem enviada no dia 25 de fevereiro.

No celular apreendido, a PF destacou que Do Val enviou mensagens ao senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e ao deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), explicando como pretendia afastar Moraes do inquérito relacionado aos atos antidemocráticos.

Na ocasião, o senador se manifestou sobre o caso no plenário do Senado e criticou os vazamentos à imprensa. Do Val afirmou estar sofrendo uma “censura velada” e tendo sua vida pessoal “devassada” após ter sido “injustamente” incluído no inquérito que investiga os atos de vandalismo contra as sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.

Durante o pronunciamento, o parlamentar criticou a inserção de seus arquivos, imagens e conversas pessoais no inquérito. Ele alertou para a “gravidade” do caso e pontuou que teve sua intimidade violada e “trechos antagônicos” de sua vida pessoal vazados na imprensa.

“A quem interessa a divulgação desse conteúdo? Haja vista que não tem absolutamente nada a ver com o inquérito. Acredito que já que não encontraram nada de relevante que me incriminasse juridicamente, passaram a usar o diálogo íntimo para expor a minha vida privada e denegrir a minha imagem e a imagem da minha família”, condenou Do Val na época.

Analista vê erro de cálculo político

Para o analista político Darlan Campos, Do Val traçou de maneira equivocada sua estratégia política em oposição ao governo Lula. Campos ainda cita os possíveis impactos para a sequência do mandato do senador.

“O senador Marcos Do Val, especialmente após a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula, impetrou com uma estratégia de mandato de construir uma imagem de enfrentamento, tanto com o Governo Federal e também com a Suprema Corte. E essa estratégia tem se mostrado politicamente onerosa para ele “, apontou o analista político.

“É importante a gente avaliar que o “enfrentamento” com o poder constituído é feito por meio de denúncias, que às vezes chegam até no campo da calúnia e da difamação. Até o presente momento, (o senador) não sustentou, em grande parte, as denúncias feitas. Acho que houve um erro de cálculo político, até quando e onde ele conseguiria ir”, complementou Darlan.

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