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sexta-feira, 26 abril, 2024

Sobre a popularidade presidencial e outras questões

Presidente Jair Bolsonaro deve reassumir presidência no dia 13 de setembro
(Foto – Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os melhores índices favoráveis a Bolsonaro encontram-se entre aqueles com renda de até um salário mínimo

Por André Pereira César 

Os números são claros e inegáveis. O presidente Jair Bolsonaro está com os índices de popularidade mais elevados desde sua posse, no início de 2019. Explicações não faltam, e mostram o atual estado da política brasileira.

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Apenas para relembrar, no último levantamento do Ibope, realizado a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em meados de setembro, o titular do Planalto teve seu governo aprovado por 40% da população, enquanto 29% desaprovam-no. Outros 29% avaliam o governo como regular.

Os melhores índices favoráveis a Bolsonaro encontram-se entre aqueles com renda de até um salário mínimo, mais sensíveis ao programa de ajuda emergencial do governo. Por outro lado, a região Nordeste do país ainda registra o menor apoio ao presidente – 33% de aprovação.

Um rápido olhar sobre os números deixa evidente a importância do auxílio emergencial para o aumento da popularidade. O ingresso desse dinheiro teve forte peso na economia e reposicionou milhões de pessoas no mercado consumidor.

O eleitor bolsonarista “raiz”, por sua vez, que representa algo entre 20% e 25% da população, mantém sua fidelidade ao presidente. Para esse grupo, pouco interessam as críticas feitas a Bolsonaro pela imprensa, por investidores e pela sociedade civil organizada. O titular do Planalto, com seu estilo típico, fala diretamente a seu público.

Nem mesmo a caótica gestão das crises em curso (no plural mesmo) abalam a imagem presidencial. Meio ambiente literal e metaforicamente em chamas, mortes pela Covid se aproximando dos simbólicos 150 mil, desentendimentos entre o Planalto e a equipe econômica, denúncias contra familiares, nada abala Bolsonaro, que deve seguir mantendo o estilo de administração até aqui adotado.

A grande questão, já tornada pública pelo próprio governo, diz respeito ao “day after” do auxílio emergencial. No início do próximo anos, milhões de pessoas se verão subitamente sem recursos para adquirir o básico, em meio a uma economia ainda claudicante. Daí o empenho do presidente, até agora sem sucesso, de se implementar o programa Renda Cidadã, um Bolsa Família repaginado e vitaminado.

Assim, assiste-se, dentro do governo, a um embate entre populistas e liberais, esses últimos representados pelo enfraquecido ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente Bolsonaro tem um lado claro – e seu estilo populista ganha força a cada dia, na tentativa de manter a aprovação em alta. Afinal, a sucessão presidencial está logo ali.

André Pereira César é Cientista Político e sócio da Hold Assessoria Legislativa

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