O apresentador Luciano Huck e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung encabeçam a lista dos nomes capazes de atrair novos adeptos e militantes.
Cada vez mais aguda, a polarização política tem estimulado setores mais ao centro do espectro ideológico a buscarem alternativas para as próximas eleições. Não falamos aqui do “Centrão”, grupo de parlamentares de diferentes partidos que atua conjuntamente em defesa de determinadas proposições. Trata-se, na verdade, de movimentos e legendas programaticamente assemelhados, que tentam estabelecer um bloco único.
A questão programática é facilmente identificável. Busca-se uma “agenda modernizante”, com reforço no investimento em educação, combate à desigualdade social e defesa da ética na política. O discurso flui naturalmente, mas em tempos de recursos escassos as propostas soam quase utópicas.
Além da polarização política
Inicialmente, alguns grupos de “renovação política” podem fazer parte do projeto. RenovaBR, Agora!, Acredito e Livres entram na lista. Os três últimos movimentos, por sinal, se aproximaram do Cidadania (antigo PPS), mas em termos numéricos ainda representam muito pouco. É preciso expandir o raio de ação.
Aqui entram rostos e nomes com capacidade de atração de novos adeptos e militantes. Provavelmente, o apresentador Luciano Huck, que flertou com a disputa das eleições de 2018 e o ex-governador capixaba Paulo Hartung. Huck, que recentemente se envolveu em polêmica com o presidente Bolsonaro, é apontado como homem da linha de frente desse “novo centro”. Também Hartung, com bom trânsito junto às mais diversas agremiações e atualmente sem partido, apresenta-se como alternativa. Mediando o processo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga atua nos bastidores.
Outro possível foco a ser atraído para as fileiras do bloco seria de deputados que votaram contra a orientação partidária na reforma da Previdência. Como resultado, parlamentares que agora estão sendo pressionados pelas cúpulas das legendas. Como exemplo, Tábata Amaral (PDT/SP) e Felipe Rigoni (PSB/ES). Ambos, importante lembrar, há tempos incorporaram o discurso da “nova política”. É necessário averiguar se há substância nessa retórica.
Enfim, o potencial bloco precisará também conquistar parcela do eleitorado de Bolsonaro que está insatisfeita com os rumos do governo, assim como parte da esquerda moderada. Desafios nada triviais.
O “novo centro” sairá do papel para se tornar realidade? Somente o tempo dirá. Por ora, o risco real que seus defensores enfrentam é o de se tornar um movimento (ou partido) com muitas lideranças e poucos liderados. Sem uma base social efetiva, não haverá êxito.
André Pereira César – cientista Político da Hold Assessoria Parlamentar