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sexta-feira, 3 maio, 2024

Perspectiva 2023: Que venham novos ventos… menos chuva e novas oportunidades

Apesar da inflação e da alta dos juros globais, o cenário para o Espírito Santo para o ano de 2023 é otimista

Depois de toda a tensão do ano de 2022, com direito a eleição, guerra de fake news, guerra entre Rússia e Ucrânia e eliminação na Copa do Mundo de futebol, um verão com bastante sol seria uma excelente forma de recompor as energias, mesmo para quem está trabalhando normalmente e tem somente os fins de semana para aproveitar.

Porém, o ano de 2023 deve começar ainda com muita chuva, não apenas no Estado, mas também em toda a Região Sudeste. Apesar disso, o calor será acima da média no Espírito Santo, segundo a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia, o Inmet.

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Turismo

É apostando nas elevadas temperaturas que o Sindicato de Hotéis e Meios de Hospedagem do Espírito Santo (Sindihotéis-ES) aguarda cerca de dois milhões de turistas nesta alta temporada. As praias continuam sendo os destinos mais procurados, principalmente por turistas vindos de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, segundo estudo feito pela entidade.

A expectativa de ocupação do setor hoteleiro nesse período é de pelo menos 90%. Entre as cidades mais visitadas, Guarapari é a campeã, mas também entram nessa lista os municípios de Anchieta (Iriri), Vitória, Vila Velha, Marataízes e Conceição da Barra (Itaúnas).

“Em um ano de recuperação, foi fato comum os meios de hospedagem atingirem taxas em torno de 70% de ocupação, sobretudo na capital, apesar da ainda tímida reação do segmento de turismo de eventos, mas com o turismo de negócios e lazer em franco desenvolvimento”, apontou o presidente do Sindihotéis-ES, Attila Barbosa.

Esse otimismo não é exclusividade dos gestores de negócios localizados na faixa litorânea do Estado. A expectativa de aumento no número de visitantes se estende para a região de montanhas e para a zona rural, na busca das atrações do agroturismo. Afinal, não faltam pessoas que optam por aproveitar a natureza e fugir da agitação das baladas de verão.

Oportunidades para o ES

De modo geral, o que todos esperam é que as potencialidades do Estado sejam mais bem aproveitadas no próximo ano.

Perspectiva 2023: Que venham novos ventos... menos chuva e novas oportunidades
R$ 50 bilhões:
esse é o montante de
investimentos previstos
para o ES, até 2026 – Foto: Divulgação

Para a indústria, mesmo com a melhoria do quadro da pandemia, 2022 trouxe situações desafiadoras, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o desajuste nas cadeias globais, a alta dos preços dos insumos e a escalada dos juros e da inflação. Ainda assim, a indústria continuou relevante e contribuindo para a economia capixaba. Com uma participação de 27,4% no Produto Interno Bruto (PIB), as 15,5 mil indústrias do Estado foram responsáveis por gerar cerca de 220 mil empregos formais. É também a indústria o setor com a maior participação nas exportações capixabas, 91%.

“Estou otimista quanto à perspectiva de o Espírito Santo crescer e criar diversas oportunidades em 2023. A indústria de transformação vem se expandindo. Temos projetos importantes em curso, a exemplo da fábrica de papel tissue da Suzano e da modernização e ampliação da fábrica da Chocolates Garoto. Temos também a consolidação de negócios como a Café Cacique, a Olam e a Cacau Show, além dos planos de expansão de companhias como Weg, Marcopolo e Brametal. Estamos avançando em projetos logísticos e na melhoria da infraestrutura. Temos um Estado organizado, com diálogo entre as instituições e os Poderes”, avaliou a presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini.

Segundo ela, no âmbito nacional, o setor espera que o país cresça, embora a expectativa de mercado para o PIB seja de um avanço de menos de 1%, considerando a tendência de desaceleração da economia mundial, devido à elevação dos juros para combater a inflação global. Outro fator de incerteza é a continuidade da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A crise energética na Europa, persistente desde o ano passado e reforçada neste pós-guerra de 2022, também deverá continuar sendo pauta para o próximo ano, tendo em vista a pequena evolução nos acordos em prol do clima na COP-27.

“Teremos ainda um novo Governo pela frente, e a indústria seguirá defendendo pautas que são tão importantes para o desenvolvimento do Estado e do país, a exemplo da reforma tributária, imprescindível para dar mais competitividade às empresas nacionais e, consequentemente, incentivar o crescimento econômico sustentado”, enumerou a gestora.

Ainda para 2023, outra pauta da indústria é a construção de uma política industrial sólida, a partir da recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

“Ter uma pasta especializada em desenvolver planejamentos de curto, médio e longo prazo para o contínuo desenvolvimento do setor industrial é fundamental. Assim, poderemos ampliar os ganhos e oportunidades que são gerados pela indústria e impactam o processo de desenvolvimento do país”, opinou.

Portanto, diante do aumento das incertezas globais e da esperada desaceleração econômica, a indústria precisa fazer o dever de casa, executando as reformas necessárias para enfrentar os desafios do próximo ano, “principalmente aquelas voltadas para melhorar a competitividade das empresas, reduzir o custo Brasil e oferecer um ambiente de negócios com responsabilidade fiscal e socioambiental”.

A presidente da Findes destaca que estruturar uma política industrial consistente é fundamental para que o Espírito Santo e o Brasil cresçam e gerem mais emprego e renda à população. “O recuo da indústria extrativa, puxado principalmente pelo segmento de petróleo e gás, indica que precisamos cada vez mais diversificar nossa economia e industrializar o Estado e o país para gerar maior valor agregado aos negócios.

Por fim, Samorini enfatizou que o crescimento do setor pode ser potencializado “se mais atores enxergarem a indústria como um motor do desenvolvimento e traçarem, de forma conjunta, estratégias para reindustrializarmos o país”.

Novos negócios

O Espírito Santo dispõe de um ambiente econômico favorável à atração de novos empreendimentos, avaliou o economista Sebastião Demuner. Os números reforçam a visão.

O montante de investimentos previstos para o Estado é de mais de R$ 50 bilhões, somados os projetos públicos e privados com valor igual ou superior a R$ 1 milhão e anunciados para o período de 2021 e 2026. A maior parte tem origem no capital privado (72,8%), representado sobretudo por obras no setor industrial (93,7%). A Grande Vitória (44,2%) lidera o volume de aportes, segundo o estudo “Investimentos Anunciados e Concluídos para o Espírito Santo 2021-2026”, do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

Entre os destaques, estão as cifras anunciadas pelo setor industrial, que representam 93,7% do volume. Ao todo, estão previstos investimentos na ordem de R$ 46,9 bilhões em empreendimentos, sendo a indústria da construção responsável por R$ 29,3 bilhões; a indústria extrativa, por R$ 8,8 bilhões; e a de transformação, por R$ 7,6 bilhões no período. Serão 422 projetos, alcançando valor médio de R$ 111 milhões cada.

“O Governo do Estado precisa otimizar cada vez mais a capacidade de atrair novos investimentos, para fortalecer a geração de emprego e renda e, assim, melhorar a qualidade de vida do capixaba”, frisou Demuner.

O especialista mencionou três pontos fundamentais para alavancar o desenvolvimento capixaba: o apoio aos micros e pequenos empreendedores, a solução para gargalos logísticos que há anos impedem a economia local de se expandir além dos índices conquistados atualmente e os investimentos em inovação. “Para crescermos, é fundamental descobrir novas formas de desenvolver os processos, de modo mais rápido e com menor custo.”

Empregabilidade

Se no setor de comércio os meses de novembro e dezembro registram altas nas vendas em consequência da Black Friday e do Natal e, por isso, aumento da oferta de postos de trabalho formais, para o turismo, a expansão nas contratações se estendem aos meses de janeiro e fevereiro.

Perspectiva 2023: Que venham novos ventos... menos chuva e novas oportunidades
Emprego: perspectivas são boas, principalmente para o 1º semestre de 2023 – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Sindihotéis, Attila Barbosa, destacou que as regiões de montanhas têm mantido uma grande procura durante todo o ano. Essa movimentação, que permite contratações ao longo dos 12 meses, deverá aumentar a partir de agora.

Apesar de todas as transformações na geopolítica mundial, das mudanças específicas no Brasil e dos cenários que, ainda, não estão claros após as eleições de outubro, as perspectivas são boas principalmente para o primeiro semestre de 2023, pois os impactos ainda não terão chegado diretamente a muitas iniciativas do Governo em vigor, avaliou a consultora Etienne de Castro Tottola, CEO da Agha Recursos Humanos.

“De acordo com Bernard Marr [um dos maiores consultores de negócios e tecnologias do mundo], é preciso ficar de olho nas perspectivas de um cenário ainda em ebulição, mas há sinalizações para cinco tendências emergentes de negócio:

  1. transformação digital acelerada;
  2. segurança no supply chain e busca por autossuficiência;
  3. ascensão do ESG [sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança];
  4. experiência imersiva do cliente;
  5. novas habilidades do trabalho e corrida por talentos”, enumerou Etienne.
  6. Ela ressalta estar bastante claro que essas tendências já vêm se delineando ao longo dos anos e demonstrando a grande influência da globalização.

Em relação ao emprego, Etienne garante que haverá uma tendência generalizada para o home office e o empreendedorismo:

“Cada vez mais, a independência, a autogestão e o gerenciamento do próprio trabalho serão as vedetes de um futuro no qual o trabalho substitui o emprego e as pessoas trabalharão cada vez mais por part time job. Na verdade, tudo se forma por meio de indicadores já conhecidos, mas não há como sinalizar algo concreto enquanto não conseguirmos conhecer o novo Governo, suas ações e atitudes diante de cenários locais e mundiais”, destacou a consultora. Nesse contexto, complementou, somente em 2024 será possível munir-se de maior assertividade em relação às perspectivas e à visão de futuro. Etienne faz um alerta às lideranças, especialmente de grandes empresas: é preciso levar a sério o processo de comunicação interna dos negócios. A profissional informa que 60% dos problemas surgidos em uma empresa estão relacionados a falhas em processos de troca de informações. “Uma comunicação malfeita gera conflitos, porque as pessoas não conseguem se compreender. Consequentemente, isso leva a um custo alto de trabalho e redução da produtividade”, explicou.

Ainda como consequência de uma comunicação falha, os contratados mostram-se menos motivados, uma vez que não sabem o que esperar da organização. “E essa incerteza é uma das principais causas de pedidos de demissão por parte dos trabalhadores”, finalizou a CEO.

Comércio

Perspectiva 2023: Que venham novos ventos... menos chuva e novas oportunidades
Melhores resultados nas vendas. A expectativa da Fecomércio é otimista para 2023 – Foto: Divulgação / Corecon

O setor de comércio e serviços responde por quase 70% do PIB do Espírito Santo. Segundo o empresário Idalberto Moro, presidente do Sistema da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), há otimismo do segmento para 2023, apesar das incertezas quanto às decisões em Brasília.

“Estamos vivendo uma inflação que tende a diminuir, essa é a previsão que os agentes econômicos têm apontado. Acreditamos que a economia, a partir de um novo Governo, sempre tem uma motivação maior, sempre se tomam mais decisões de investimentos. Existe no Brasil hoje um plano de distribuição de renda que atinge diretamente o consumo. Estamos otimistas que vamos ter um 2023 bom”, afirmou Moro.

Enfim, apesar da ansiedade que surge com a troca de Governo na esfera federal, em parte equilibrada pela continuidade da gestão Renato Casagrande, que vem gerando bons resultados ao Espírito Santo, a expectativa dos setores produtivos capixabas, em geral, é de um 2023 melhor que 2022.

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