O varejo de vizinhança proporciona vida aos ambientes urbanos e comodidade, conforto e segurança aos seus moradores
Por José Antonio Bof Buffon
Prefeitos são obcecados em atrair investimentos para seus municípios. Esforço que faz sentido, de vez que a atração de investimentos incrementa o PIB municipal, logo as rendas originadas na produção e na circulação de mercadorias e serviços, vale dizer, lucros, salários, aluguéis e impostos. O mesmo raciocínio deve ser aplicado também às exportações.
Mas, em regra, os mandatários municipais ignoram que em cada município há um ativo gerador de rendas da maior importância: o varejo. Toda cidade tem sua rua ou polo de comércio e, dependendo da cidade, do seu tamanho, da renda per capita e complexidade do setor terciário, pode ter mais de um polo de varejo.
O varejo de vizinhança desempenha um papel crucial na vida urbana contemporânea, fornecendo muito mais do que simplesmente bens e serviços aos consumidores. Além de oferecer conveniência, segurança e conforto para as pessoas, ele proporciona um senso de comunidade e garante vitalidade às áreas urbanas. Neste artigo, exploramos a tese de que o varejo de vizinhança é uma força vital nas cidades modernas, trazendo benefícios tangíveis e intangíveis para seus moradores.
I. Varejo de Vizinhança como Pilar da Comunidade
O varejo de vizinhança é frequentemente o ponto de encontro central em comunidades urbanas. As lojas locais não são apenas lugares para comprar produtos, mas também locais onde as pessoas se encontram, conversam e se conhecem. Essa interação fortalece os laços da comunidade, criando um senso de pertencimento e identidade. Os comerciantes locais conhecem seus clientes, entendem suas necessidades e se tornam parte integrante da vida cotidiana.
II. Conveniência e Acessibilidade
A conveniência é uma característica fundamental do varejo de vizinhança. Ter lojas a uma curta distância de casa reduz a necessidade de longas viagens para obter itens essenciais. Isso economiza tempo e esforço para os moradores, melhorando sua qualidade de vida. A acessibilidade a lojas próximas também é benéfica para idosos e pessoas com mobilidade reduzida, permitindo-lhes acesso a bens e serviços essenciais.
III. Segurança e Vigilância Comunitária
O varejo de vizinhança contribui significativamente para a segurança das áreas urbanas. Comerciantes locais muitas vezes conhecem bem seus clientes e suas rotinas, o que pode ajudar na prevenção e resolução de problemas de segurança. Além disso, a presença de lojas abertas à noite e com atividades regulares cria uma sensação de segurança nas ruas, dissuadindo a criminalidade.
IV. Redução da Dependência de Grandes Cadeias de Varejo
O varejo de vizinhança oferece uma alternativa valiosa às grandes cadeias de varejo. Ele promove a diversidade de produtos e serviços, impulsionando a economia local e evitando a homogeneização das áreas urbanas. O apoio ao varejo local ajuda a manter uma economia mais resiliente e diversificada.
V. Revitalização de Bairros e Áreas Urbanas
A presença de lojas de vizinhança pode desempenhar um papel crucial na revitalização de áreas urbanas em declínio. Ao atrair visitantes locais e de outras áreas, o varejo de vizinhança pode criar um ambiente propício para investimentos adicionais, rejuvenescendo bairros e aumentando o valor das propriedades.
VI. Desafios e Sustentabilidade
Apesar de seus benefícios, o varejo de vizinhança enfrenta desafios no mundo moderno, incluindo a concorrência das compras online e das grandes cadeias de varejo. Para manter sua relevância, os comerciantes locais precisam adaptar-se às mudanças tecnológicas e às preferências do consumidor, ao mesmo tempo que precisam preservar o diuturno contato pessoal com os seus clientes.
Conclusão
O varejo de vizinhança é mais do que um conjunto de lojas locais; é o coração das áreas urbanas. Ele nutre a vida nas cidades, proporcionando conveniência, segurança, conforto e um senso de comunidade. O varejo de vizinhança é um tesouro muitas vezes subestimado que merece valorização, apoio e apreço. À medida que as cidades continuam a evoluir, é crucial preservar e fortalecer esses valiosos recursos locais que enriquecem a vida urbana.
Áreas urbanas desprovidas do varejo diversificado são áreas estéreis, inumanas, hostis e amedrontadoras. Para racionalizar e fomentar o varejo nos bairros, as prefeituras podem implementar uma série de iniciativas, ações e projetos. Essas ações visam criar um ambiente favorável para o comércio local, promovendo os negócios, fortalecendo a economia, os laços comunitários e melhorando a qualidade de vida dos moradores.
A felicidade está no varejo diversificado, mais precisamente no varejo de rua.
José Antonio Bof Buffon – Economista e Secretário Executivo da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio-ES
