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sexta-feira, 26 abril, 2024

O setor de energia em transformação

No ES, a matriz energética está em uma posição melhor que a média mundial, mas atrás da brasileira

Por Marília Silva

A economia ancora suas bases na disponibilidade de energia desde a Revolução Industrial, condicionando o desenvolvimento econômico e social de todas as regiões. Mas, diante da necessidade de zerar as emissões líquidas de gás carbônico (CO2) para limitar a elevação da temperatura média global a 1,5ºC até 2050, a forma como a energia é disponibilizada precisará ser transformada desde a sua geração até o seu consumo final.

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Diante desse contexto climático, o setor precisará fazer uma transição energética para uma matriz descarbonizada e com maior participação de fontes limpas. Isso porque a matriz energética mundial tem predomínio de fontes não renováveis (86,2% em 2018), que leva o segmento de energia a responder por 61% das emissões totais de CO2 mundiais.

Segundo a Agência Internacional de Energia, esse processo de transformação precisa ser amparado por políticas privadas e públicas. Iniciativas nesse sentido estão sendo adotadas em diversos países.
Por exemplo, em maio deste ano, a União Europeia (UE) lançou o Plano RePowerEU, que investirá para descarbonizar o setor energético.

No Brasil, o segmento de energia, em relação à emissão de CO2 está em uma situação um pouco mais cômoda do que a média mundial. As fontes não renováveis responderam por 53,9% da oferta interna bruta do país em 2019. Em função dessa matriz mais limpa, apenas 18,2% das emissões brutas de gás carbônico no Brasil são originárias do setor energético.

Mesmo estando nessa posição mais confortável, a matriz energética nacional também precisa se descarbonizar. Nessa direção, o Governo Federal publicou o Decreto nº 11.075, de 19 de maio de 2022, que estabelece a necessidade de elaboração de planos setoriais abarcando a energia, com medidas para a redução de emissões de CO2.

Já no Espírito Santo, a matriz energética está em uma posição, em termos de emissões de CO2, melhor que a média mundial, mas atrás da brasileira, respondendo por 32,4% das emissões brutas estaduais de gás carbônico em 2020. Esse resultado capixaba é consequência da maior presença de fontes não-renováveis na matriz energética (75,4% em 2019).

Nesse contexto de necessidade de se pensar no futuro do setor, solucionar gargalos e se descarbonizar, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) iniciou a elaboração de um planejamento de longo prazo, intitulado “Rota Estratégica para o Futuro da Indústria do Espírito Santo – Energia 2035”.

Essa iniciativa construirá, a partir da contribuição de especialistas, uma agenda de ações de curto, médio e longo prazo para que o setor de energia do Espírito Santo seja referência global em eficiência e segurança energética, com uma matriz diversificada, aproveitando os recursos locais, gerando competitividade com responsabilidade socioambiental.

Acrescente-se que a Rota Estratégica de Energia se somará a outras iniciativas existentes no Espírito Santo para além do setor de energia, como o “Plano Estadual de Mudanças Climáticas” e o “Plano de Neutralização de Gases de Efeito Estufa do Espírito Santo”.

Portanto, independentemente da localização geográfica e do peso nas emissões de CO2, os desafios climáticos impõem que todo o setor de energia torne a sua matriz limpa e descarbonizada nos próximos 30 anos – fato que exigirá avanços na fronteira tecnológica da cadeia energética e esforços conjuntos de política pública e privada.

Marília Silva é Gerente Executiva do Observatório da Indústria e Economista-chefe da Findes.

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