25.9 C
Vitória
sexta-feira, 3 maio, 2024

O Parque Moscoso faz 111 anos

É na década de 1950, que o Parque Moscoso entra em um processo de transformação, com a verticalização do Centro de Vitória

Manoel Goes Neto

Lugar icônico no centro histórico da capital Vitória-ES, o Parque Moscoso faz 111 anos. Tudo começou na Lapa do Mangal, área alagadiça de mangue, que por força das políticas de aterramento iniciadas ainda no século XIX e continuadas no XX, foi sendo transformada em um espaço verde para a recreação, o loteamento do Largo do Campinho. Vivia a área central da cidade de Vitória muitas ações de modernização urbana. Um período de ampla alteração do desenho urbano da cidade, fomentado pelas administrações de três governadores da Primeira República: Moniz Freire (1892-1896/1904-1908), Jerônimo Monteiro (1908-1912) e Florentino Avidos (1924-1928).

- Continua após a publicidade -

Bernadette Lyra, em seu livro Guananira, afirma: “Quem disse que todas as cidades são iguais não conhece Vitória. A maravilhosa Vitória que dorme e acorda cercada de águas que sussurram, ao invés do estrondoso ruído que se escuta em outros espaços do mundo circundado por mar”.

A construção do parque transforma o centro de Vitória em local ideal de moradia de ricos comerciantes do café, e profissionais liberais bem-sucedidos. Valorizada, a região se tornou um dos locais mais privilegiados da cidade, onde foram construídas várias residências de alto nível no seu entorno. Dentre os usos do espaço do parque encontramos os sociais, culturais, religiosos, militares, desportivos e educacionais. Incluímos na classificação de sociais os usos mais intangíveis, que envolvem os passeios, o ócio, a apreciação da natureza, os corpos enamorados e seus flertes. Realmente faz jus ao tratamento de Parque “Gostoso”, referência em cultura, lazer e turismo.

A partir da década de 1950, o Parque Moscoso entra em um processo de transformação, com a verticalização do Centro de Vitória: construção de prédios altos e modernos e o desenvolvimento do comércio. Nesse mesmo período as famílias abastadas começam a se transferir para outras áreas da cidade consideradas mais nobres. Uma figura folclórica frequentadora do Parque Moscoso, nos anos 60, foi Otinho (Otto Braga Barbosa), que abordava as moças com poesias elogiosas, sempre muito bem recebido pelas pessoas. Era muito querido.

E sempre dizia: “Quando minha rosa desabrocha, a alma do poeta Otinho vai pra Beira-Mar… é de lá que Vitória é mais linda!” E se apresentava: “Eu sou Otinho, poeta da cidade, quem não me conhece? Poeta único, personagem de si mesmo, não era louco nem ingênuo, como queriam os que mal o conheceram, os mesmos que veem nos poetas uma praga abstrata. Porque não há ingenuidade no amor. Quanto à loucura, essa é a paisagem do mundo. Posteriormente, em 1973, o próprio Parque Moscoso foi alvo de reformas, dentre elas ganhou as atuais grades que o circundam.

Recebeu obras, modificando o traçado das alamedas, que ficaram mais estreitas. Brinquedos para crianças foram instalados. Antes plano, o parque ganhou morros artificiais. A reabilitação do Parque Moscoso se tornava extremamente necessária. A Concha Acústica foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura em 1986, como patrimônio cultural capixaba. Uma grande área verde de 24 mil metros quadrados, oásis de tranquilidade no centro da cidade. Recebeu reforma total em 2001, e agora em 2023 será o primeiro parque da cidade de Vitória a receber novos brinquedos para renovar seus espaços destinados às crianças, inclusive com brinquedos adaptados com acessibilidade, uma importante política pública de lazer com inclusão.

Manoel Goes Neto é Curador Cultural da PMVV, escritor e diretor no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.

Mais Artigos

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Fique por dentro

ECONOMIA

Vida Capixaba