Já existem casos de empresários do ramo da construção aqui nos EUA tendo prejuízos decorrentes do aumento do custo dos materiais diretos utilizados nas obras
Por Abel Fiorot Loureiro
A inflação está altíssima aqui nos Estados Unidos. O CPI – Consumer Price Index, ou seja, o índice de inflação ao consumidor acumulado dos últimos dozes meses atingiu 6,2% em outubro. Trata-se da maior alta em 30 anos, sendo o quinto mês consecutivo de inflação acima de 5%, números bem acima do normal para a maior economia do mundo.
O que percebo na prática por aqui é que a economia americana está vivendo um momento de alta expansão. Vários setores estão contratando, existindo até carência de mão-de-obra. Faltam motoristas, entregadores e mão-de-obra no setor de logística e distribuição. Percebe-se também um aumento de preços generalizado de itens essenciais para qualquer família, desde mantimentos a veículos, devido à persistente escassez de oferta e forte demanda do consumidor.
O mercado imobiliário está uma loucura. A valorização dos imóveis está sendo surreal. O preço dos alugueis também subiram bastante. Se você quiser comprar ou alugar um bom imóvel no sul da Flórida hoje terá que desembolsar um bom dinheiro.
Já existem casos de empresários do ramo da construção aqui nos EUA tendo prejuízos decorrentes do aumento do custo dos materiais diretos utilizados nas obras. Alguns deles já estão cogitando renegociar contratos e criar claúsulas de indexação. Estou falando dos EUA, pasmem!
De fato, estamos vivendo dias complicados. Não se sabe se estamos vivendo o início de um novo tipo de inflação, como ela será e qual o tempo. O que está claro é que vivemos um grande debate sobre a inflação. E não há consenso algum.
Muitos economistas alegam que esta pressão inflacionária já era esperada, afinal os estímulos monetários para enfrentar a pandemia do coronavírus foram altíssimos por aqui. Além de depósitos diretos nas contas correntes dos contribuintes americanos, o Tio Sam também distribuiu empréstimos perdoáveis via SBA – Small Business Administration, além de diversos auxílios para vários setores da economia. Os pacotes de estímulos econômicos foram de trilhões de dólares, ampliando significativamente o Balance Sheet do Fed.
Por outro lado, empresários como Jack Dorsey, CEO do Twitter, afirma publicamente que a hiperinflação já está acontecendo aqui nos EUA e alerta que isto irá mudar tudo. Relatórios do Morgan Stanley, grande banco de investimento americano, indicam que a inflação veio para ficar e será ainda mais persistente.
Outros alegam que existem problemas com os próprios dados. Quando as interrupções econômicas acontecem, como no caso da pandemia do coronavírus, elas desencadeiam ajustes que as tornam difíceis de medir.
As autoridades monetárias, representadas aqui pelo Fed – Federal Reserve, o banco central americano, segue passando uma mensagem de controle e tranquilidade. É o que sempre devemos esperar de uma autoridade. Nada de novo aqui.
Também existem aqueles que afirmam que os reajustes de preços são políticos e a inflação é um bicho-papão para assustar os eleitores conservadores.
O aprendizado no meio disso tudo é que devemos nos proteger. É preciso proteger o poder de compra e capital. Ambientes inflacionários são desafiadores, mas também proporcionam oportunidades.
Se a discussão sobre inflação está assim aqui nos Estados Unidos, o que podemos esperar de países em desenvolvimento como o Brasil? Um efeito ainda maior. Sendo assim, é importante se antecipar e diversificar parte do seu capital no exterior.
Pense nisto! Como sempre digo: vamos em frente!
Abel Fiorot Loureiro é Consultor Financeiro, Professor e Escritor. Mestre em Economia e Finanças, escreve direto dos EUA, onde mora. Instagram: @abel.fiorot.usa
