24.9 C
Vitória
quinta-feira, 28 março, 2024

O espelho

Em tempos de “marketing ostentação”, em que muitas vezes o conteúdo, o conhecimento e a experiência são deixados de lado, faz-se importante emergir da superficialidade e repensar o que nossa imagem comunica

Por Cláudia Sabadini

Imagem importa? É o tipo de indagação que aflige quem pergunta e quem responde. Em tempos de “marketing ostentação”, em que muitas vezes o conteúdo, o conhecimento e a experiência são deixados de lado, faz-se importante emergir da superficialidade e repensar o que nossa imagem comunica.

- Continua após a publicidade -

A inadequação no digital pode trazer muitos prejuízos para a vida profissional e pessoal e que, somada a uma postura pouco estratégica, pode camuflar quem de fato somos, transmitindo uma imagem aquém de nossos valores. Outro ponto importante refere-se às escolhas que fazemos todos os dias no nosso guarda-roupa. Qualquer que seja o ambiente, empresarial ou político, observo o que, consciente ou inconscientemente, as pessoas tentam transmitir com seus looks: maturidade, confiança, criatividade, equilíbrio. A partir das escolhas de roupa, sapato, cabelo e maquiagem – claro que aliados à linguagem corporal, tom de voz e conhecimento da pauta, dá para saber muito sobre uma pessoa, que pode ser um candidato a uma vaga de emprego ou a uma eleição.

Machado de Assis, no conto “O Espelho”, revela: “cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro… Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa…”

Profissionais da comunicação lidam o tempo todo com essas transformações, que podem ser de fora para dentro ou de dentro para fora. Por vezes, o produto a ser vendido tem excelente conteúdo, mas a embalagem precisa ser reformulada e o contrário também acontece. Para isso, as pesquisas de opinião são eficientes, apesar de não retratarem fielmente um momento ou definirem um resultado. Opinião de consumidor/eleitor muda como nuvem no céu, bem sabemos. Mas um feedback bem avaliado nunca pode ser desprezado.

Estamos no tempo de esperas. Mas nada impede de se perguntar de vez em quando: o que quero transmitir com minha imagem? O que meu espelho tem me revelado? Como posso potencializar meus pontos fortes? Nesses casos, as opiniões que nos cercam são valiosas e não devem ser levadas para o lado pessoal. A percepção do outro sobre nós importa muito. Não caia nessa de que o que os outros pensam não deve ser levado em conta. Sempre que receber uma opinião sobre sua aparência ou sua postura, filtre, avalie e reflita.

Você se sente seguro, nesse momento, com a roupa que está usando? Se você fosse convidado agora para uma entrevista na TV ou uma apresentação em público, o que seu estilo comunicaria? Quando você escolheu essa roupa, pela manhã, pela cor, textura ou design, qual foi sua estratégia para esse dia? Conseguiu combinar seu estilo pessoal com suas crenças e valores?

Todos os dias, tomamos decisões e algumas podem mudar nosso destino. Num ambiente altamente competitivo, em que homens e mulheres são cada vez mais exigidos em seus currículos e aptidões, ainda, infelizmente, a primeira impressão é a que fica. Quem nunca perdeu uma oportunidade na vida, ao ser julgado por não estar vestido adequadamente, numa conversa com cliente ou num primeiro encontro amoroso? Resgate na memória.

Com o tempo, a idade, o autoconhecimento e também as técnicas, temos maior clareza de que é possível promover mudanças, sem perdermos nossa essência, equilibrando quem somos com a imagem que melhor se aproxima à nossa marca pessoal ou da empresa/entidade/governo do qual fazemos parte. E tudo bem. É apenas um novo ciclo começando, sabendo que nenhuma consultoria de imagem salva uma essência ruim. A energia também diz muito sobre uma pessoa.

Claudia Sabadini é jornalista  e escritora.

Mais Artigos

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Fique por dentro

ECONOMIA

Vida Capixaba