Ao assumir a função, têm-se uma expectativa altíssima de que a liderança resolverá todos os problemas e sempre atenderá a todas as pessoas de sua equipe
Por Fabíola Costa
As lideranças, sejam da alta gestão ou da operação, têm sido desafiadas constantemente pela dinâmica de entregar resultados sem perder o olhar diferenciado para as pessoas.
Ao assumir a função, têm-se uma expectativa altíssima de que a liderança resolverá todos os problemas e sempre atenderá a todas as pessoas de sua equipe. Mesmo que se diga: “aos poucos, você vai absorvendo as atividades e conhecendo as pessoas”; o que temos visto, em alguns ambientes, é uma “enxurrada” de tarefas e desafios.
Por vezes, a realidade que se coloca é a de líderes que precisam ser verdadeiros super heróis ou super heroínas. Essa expectativa, é claro, não se sustenta. Afinal, somos seres humanos e não heróis. Nesse mesmo contexto, a liderança é convidada a praticar e aprimorar consigo mesma e com a equipe: a felicidade no trabalho, a comunicação não violenta, a escuta ativa, a empatia, dentre outras habilidades.
A pergunta que surge é: Como responder a todas essas expectativas? A escritora Brené Brown traz reflexões e sugestões importantes para nós e que fazem muito sentido para um líder. A escritora explica que, em geral, entendemos a vulnerabilidade como fraqueza e a relacionamos com os sentimentos de medo, vergonha e tristeza.
No livro A Coragem de Ser Imperfeito, porém, Brown conceitua que: a “Vulnerabilidade não é algo bom nem mau: não é o que chamamos de emoção negativa e nem sempre é uma luz, uma experiência positiva. Ela é o centro de todas as emoções e sensações. Sentir é estar vulnerável! Quando estamos vulneráveis é que nascem o amor, a aceitação, a alegria, a coragem, a empatia, a criatividade, a confiança e a autenticidade.
Se desejamos uma clareza maior em nossos objetivos ou uma vida espiritual mais significativa, a vulnerabilidade com certeza é o caminho.”
Se vulnerabilidade é o caminho, como pode o líder em alguns momentos não estar vulnerável? Negar a vulnerabilidade pode abrir espaço para o estresse e o burnout, que tanto afetam o mundo corporativo.
O primeiro passo é entender as emoções e avaliar quando estamos efetivamente sobrecarregados (as), por vezes “não aguentando mais”. Nesses casos, é importante que haja coragem para assumir a vulnerabilidade, pedir ajuda e aprender a dividir o que pode estar pesado para nós.
A sugestão de Brené Brown é “Abrace a sua Vulnerabilidade”. Ter conversas e se colocar à disposição desse sentir pode ser assustador, mas é totalmente necessário. Precisamos movimentar, em nós, no outro e principalmente nas organizações, emoções e realidades que, muitas vezes, não queremos acessar.
É justamente nesse “baixar a guarda” que podem nascer a conexão, a relação de confiança e a empatia entre líderes e liderados, facilitando a tão sonhada motivação e o engajamento que a empresa deseja de seus colaboradores.
Fabíola Costa é vice-presidente da ABRH-ES e facilitadora de conhecimento e desenvolvimento de pessoas.