Maysa Pithan trabalha com reeducação alimentar para tratamento de doenças crônicas como diabetes e dá orientações para prevenção
Por Mariah Friedrich
O Dia Mundial do Diabetes é lembrado nesta terça (14), para reforçar a conscientização a respeito da doença e evidenciar a importância da prevenção do diabetes, que não escolhe idade para se manifestar. Na ocasião da data, a ES Brasil conversou sobre as formas de prevenção com a nutricionista Maysa Pithan, que trabalha há nove anos na área da reeducação alimentar para o tratamento de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, AVC, aterosclerose, dislipidemias, gordura no fígado e câncer, entre outras.
Fatores de risco
A nutricionista Maysa Pithan destacou o excesso de peso ou gordura abdominal elevada como o maior fator de risco para o desenvolvimento da diabetes. “Consideramos que todo excesso calórico (consumo alimentar maior que o corpo precisa) é um fator que leva ao ganho de peso e maior acumulo de gordura e contribui para o surgimento do diabetes, independente da fonte alimentar que esteja sendo consumida”, explica Maysa Pithan.
A nutricionista enfatizou a importância de um bom plano alimentar associado a prática de atividade física conjunta como forma de prevenir e diminuir as complicações causadas pelo diabetes. Para atingir resultados eficazes é necessária uma mudança do hábito alimentar para a vida, “não apenas por um espaço de tempo, mas como estilo de vida saudável”, completa Maysa.
O equilíbrio alimentar para atender as necessidades do seu corpo sem excessos, evita o ganho de peso, controlando os níveis de glicose no sangue, promovendo digestão, absorção regular e adequada dos componentes dos alimentos. Assim, segundo a nutricionista, além de tratar outras desordens de saúde que podem estar associadas como habito alimentar desregulado, um plano alimentar elimina ou previne o fator de risco associado com o sobrepeso/obesidade que está associado ao desenvolvimento do diabetes.
Neste caso, o nutricionista é o único profissional habilitado que pode elaborar um plano alimentar individualizado e especializado para gerar controle da doença, considerando não apenas a parte técnica e científica, química dos alimentos, combinações ideais, mas também o estilo de vida. “A história do paciente, seus sentimentos sobre a necessidade de mudança dos hábitos alimentares enraizados que o levaram a desenvolver a doença, suas possibilidades e preparo de execução, condição financeira, sazonalidade, sua cultura e costume”, descreve a nutricionista Maysa Pithan.
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Alimentos para evitar
Segundo a nutricionista Maysa Pithan, os piores alimentos que podem aumentar o risco de desenvolver diabetes são aqueles com excesso de açúcar, como as bebidas gaseificadas, sucos instantâneos, doces, massas de farinhas brancas, produtos de panificação, frituras, alimentos industrializados, sorvetes, carnes processadas e fast food.
Como incentivar as crianças a se alimentar melhor
Para boas práticas de saúde, a nutricionista Maysa Pithan recomenda uma rotina alimentar rica em alimentos in natura, vegetais, frutas, alimentos ricos em fibras, produtos de panificação integrais. No entanto, ela reconhece que mudar o consumo alimentar de uma criança é uma tarefa difícil para os pais, que precisam lidar com escolas cheias de alimentos industrializados, festividades com a valorização do consumo de alimentos industrializados, limitação de tempo e recorrência a alimentos prontos e fast food.
“É importante evitar alimentos industrializados de maneira geral biscoitos, sucos, carnes processadas, balas, doces, refrigerantes, mas também incentivar as crianças à prática de atividades físicas com rotina e constância para contribuir no controle do peso e também na prevenção e/ou tratamento do diabetes”, orienta Maysa Pithan.
Um passo diário e necessário para um estilo de vida mais saudável reside na escolha de produtos mais saudáveis, preferencialmente alimentos in natura. “Arriscar receitas mais saudáveis e dedicar tempo, escuta e conversa para aconselhar filhos, amigos, professores e aqueles que estão em nosso meio de convivência são alguns gestos que trazem resultados positivos rumo à mudança”, sugere a nutricionista.
Melhores alimentos para diabéticos
Entre os alimentos mais indicados para quem é propenso ou tem diabetes, a nutricionista Maysa Pithan ensina que alimentos com maior teor de fibras, como aveia, quinoa, psyllium, massas e produtos integrais, combinados com vegetais crus, em especial os folhosos, e proteínas magras são os mais benéficos.
Grupos mais propensos
- Pessoas de idade superior a 45 anos;
- Obesidade e sobrepeso (Índice de Massa Muscular maior que 25: para achar este número divida seu peso pela sua altura ao quadrado);
- Gordura abdominal (Circunferência da cintura igual ou superior 102cm para homens e 88 para mulheres);
- Sedentarismo;
- Histórico familiar (familiares como pai, mãe, tios ou avós com diabetes);
- Etnia (mais frequente na população negra);
- Pessoas com hipertensão arterial ou doenças cardiovasculares;
- Histórico de diabetes gestacional;
- Alteração crônica nos níveis de colesterol HDL e triglicerídeos) e
- Diagnóstico de síndrome de ovários policísticos.
No entanto, é crescente o número de pessoas cada vez mais jovens sendo diagnosticadas com diabetes, principalmente no grupo infantil, desconsiderando o fator idade como um dos fatores de risco, na maioria devido um estilo de vida desequilibrado que contribui para a instalação da doença.
Sinais de alerta
- Necessidade de urinar várias vezes ao dia;
- Sede insaciável;
- Fome excessiva;
- Sensação de muita fadiga/cansaço;
- Tontura;
- Suor em grande quantidade;
- Enjoos, vômitos
- Infecções frequentes;
- Dificuldade para cicatrização de feridas;
- Visão embaçada;
- Formigamento nos pés;
- Perda de peso intensa em curto espaço de tempo sem motivo aparente.
Em alguns casos não há sintomas perceptíveis, pois o diabetes é uma doença silenciosa que causa comprometimentos crônicos no sistema circulatório e imunológico do corpo sem gerar um alerta para quem a possui, por isso, recomenda-se fazer os exames de rotina, como glicose em jejum, insulina em jejum e hemoglobina glicada.
Qual meu risco de desenvolver diabetes?
A Sociedade Brasileira de Cardiologia disponibiliza uma ferramenta para calcular o risco de desenvolver diabetes em 10 anos (ferramenta simplificada que não substitui a necessidade de acompanhamento profissional especializado), no link diabetes.org.br/calculadoras/findrisc/
Definição
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica na qual há altos níveis de glicose no sangue porque o organismo não consegue produzir insulina ou produz uma quantidade insuficiente; ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. A falta de insulina ou a incapacidade das células em responder à insulina leva a altos níveis de glicose no sangue, ou hiperglicemia, que é a marca do diabetes.
A hiperglicemia se não for controlada, em longo prazo, pode causar danos a vários órgãos do corpo, levando ao desenvolvimento de complicações de saúde incapacitantes e com risco de vida, como doença cardiovascular, neuropatia, nefropatia e doença ocular, além da retinopatia e cegueira. Por outro lado, se o tratamento adequado do diabetes for realizado, essas complicações graves podem ser retardadas ou evitadas.
Dados da diabetes no Brasil e no Estado
No Brasil, cerca de 15,7 milhões de pessoas são portadoras de diabetes e apenas a metade sabe que tem a doença. Desse modo, as atividades de rastreamento e diagnóstico precoce do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) não devem ser minimizadas. O rastreamento consiste em um conjunto de procedimentos, cujo objetivo é diagnosticar o DM ou a condição de pré-diabetes em indivíduos assintomáticos. Essa atividade tem grande importância para a saúde pública, pois está diretamente ligada à possibilidade de diagnóstico e tratamento precoces, minimizando os riscos de desenvolvimento de complicações.
Segundo dados da pesquisa do sistema que monitora fatores de risco e proteção para doenças crônicas, por inquérito telefônico (Vigitel) e publicada em 2023, estima-se o percentual de adultos acima de 18 anos portadores de diabetes no Espírito Santo é de 9,6%. Considerando a população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, o Espírito Santo registra em torno de 368.036 adultos portadores de diabetes, sendo 90% (331.232 pessoas) com DM2 e 10% (36.804) com DM1.
Em relação aos óbitos, de janeiro a outubro de 2023, houve o registro de 1.022 óbitos pela doença, sendo 450 pessoas do sexo masculino e 571 pessoas do sexo feminino, e um em declaração de sexo ignorado. Já em 2022, foram 1.602 óbitos pela doença, sendo 694 pessoas do sexo masculino e 906 pessoas do sexo feminino, e dois com declaração de sexo ignorado. Os dados são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), divulgados em 08 de novembro de 2023.
Onde procurar atendimento
A porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS) é a Atenção Primaria à Saúde, (APS), responsável pelo cuidado e o acompanhamento das pessoas com a doença. Nesse sentido, o cidadão pode se dirigir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência para iniciar os cuidados com a saúde e o controle do diabetes.