Viana, Serra, Cariacica e Vila Velha receberam investimentos que transformaram as cidades em grandes polos logísticos
Por Ludmila Azevedo
Os portos capixabas estão adotando novas tecnológicas que vão aumentar a eficiência operacional. O Terminal de Vila Velha e o Porto de Vitória, por exemplo, estão ampliando capacidade de armazenagem e investindo em modernização. A automação na movimentação de cargas e a digitalização dos processos portuários são medidas que reduzem tempo e custos operacionais, tornando a cadeia logística mais ágil e competitiva. Mas os municípios da Grande Vitória também estão se movimentando. Atualmente, as cidades do entorno da capital possuem grandes polos logísticos.
É impossível falar de capacidade logística e de armazenamento de carga sem falar de Viana, que é considerada a “capital da logística” no Espírito Santo desde 2018. A prefeitura municipal cita diversas vantagens que potencializam a vocação da cidade, como localização privilegiada, próxima à capital Vitória e ao Porto de Tubarão, interligação com as BRs 101 e 262 e grande área territorial livre para expansão.

“Viana vem se transformando em um hub logístico de referência no Espírito Santo, com foco em atrair novos investimentos e criar um ambiente propício ao crescimento sustentável. Sabemos que a logística é um setor fundamental para o desenvolvimento econômico e estamos trabalhando para melhorar cada vez mais a infraestrutura e as condições que tornam a cidade ainda mais atrativa para negócios e empreendedores, tanto locais quanto internacionais”, comentou o prefeito de Viana, Wanderson Bueno.
Atualmente, Viana tem cerca de 800 mil de metros quadrados de área construída de galpão. A estimativa é que a capacidade de armazenagem gire em torno de 4,8 milhões de toneladas de carga. A previsão da prefeitura é que, nos próximos quatro anos, o município tenha mais 1 milhão de metros quadrados construídos.
Serra tem o maior complexo logístico do ES
Serra é outro importante centro logístico no Espírito Santo, abrigando diversas empresas e empreendimentos que fortalecem a infraestrutura de armazenagem e distribuição de cargas. É lá que fica o Terminal Industrial Multimodal da Serra (Tims), maior complexo logístico do Espírito Santo, com uma área total de 2,6 milhões de metros quadrados. No TIMs, uma área considerável de 114 mil m² está recebendo veículos híbridos e elétricos da BYD.
O município também está recebendo obras de melhorias nos acessos para dar mais fluidez no trânsito e atrair a instalação de mais empresas. O Governo do Estado vai investir R$ 85 milhões no novo contorno de São Domingos, com inauguração prevista para 2027.
“Quando finalizado, o contorno irá mudar o acesso à Serra Sede e fortalecer a ligação das regiões de Residencial Centro da Serra, de Jacaraípe e de Serra Dourada. Essa integração irá atrair novos negócios e construções imobiliárias, além de favorecer o comércio e o setor logístico”, informou a secretária Municipal de Obras da Serra, Izabela Roriz.
A prefeitura da Serra vai construir ainda uma nova via de conexão que ligará a Avenida Norte Sul, na altura do bairro Taquara, ao Civit I e à rodovia BR-101, fazendo com que os caminhões pesados não precisem enfrentar tanto trânsito para chegar ao Civit I. Uma segunda etapa da obra vai beneficiar o Civit II, encurtando o caminho para a BR-101, Contorno do Mestre Álvaro e Avenida Civit I.
Vila Velha estuda ZPE

Vila Velha também está evoluindo no armazenamento de cargas. O Terminal Portuário de Vila Velha (TVV) está em expansão com mais 70 mil m² de área destinada aos contêineres.
Além disso, o município tem potencial para a implantação de uma zona franca e o desenvolvimento de uma nova ferrovia. Embora os projetos ainda estejam em fase de planejamento, a expectativa é que, uma vez implementados, impulsionem significativamente o desenvolvimento econômico da região.
No ano passado, o prefeito Arnaldinho Borgo anunciou estudos para a implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada no município com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico regional, aproveitando a proximidade de terminais marítimos e a disponibilidade de terrenos. Se colocada em prática, seria a segunda ZPE do estado – a primeira já foi viabilizada em Aracruz, com administração da Imetame. As ZPEs são áreas destinadas a alojar empresas voltadas à produção de bens para exportação e desfrutam de um regime tributário especial, livres de impostos normalmente atrelados à comercialização internacional.


Em relação à ferrovia, Vila Velha integra o projeto do Ramal Anchieta que será construído pela Vale como extensão da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A obra vai ligar Santa Leopoldina a Anchieta, passando por Vila Velha, Cariacica, Viana e Guarapari, além de uma conexão adicional de 20 km entre o Porto de Ubu e o pátio ferroviário. “Sem dúvida a obra terá forte impacto na economia e na mobilidade da Grande Vitória, trazendo grandes oportunidades para o município”, avaliou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha, Everaldo Colodetti.
Cariacica abriga 259 centros de distribuição
Já o município de Cariacica tem se consolidado como corredor logístico, abrigando 2.603 empresas de logística e 259 centros de distribuição. O município planeja a implantação de um polo de tecnologia e estruturas para movimentação de cargas em uma área de 1,5 milhão de metros quadrados, doada pelo governo do estado na região conhecida como Fazenda Itanhenga, em Nova Rosa da Penha.
“Esse projeto é muito importante porque, além de regularizar as áreas para as empresas que já estão instaladas, vamos poder atrair muitas outras para a nossa cidade, gerando mais empregos e renda.”, comemorou o prefeito Euclério Sampaio.

Além disso, Cariacica é destaque na distribuição de veículos elétricos, sendo a porta de entrada para automóveis de grandes fabricantes como GWM e BYD, que passam pela distribuidora GDL, em um dos portos secos, antes de serem transportados nacionalmente.
Os três portos secos em operação no Espírito Santo ficam em Cariacica. Também conhecidos como Estações Aduaneiras Internas (EADIs), eles têm, juntos, mais de 1,5 milhões de m² de área de armazenagem e correspondem a 15% do total da área alfandegada no Brasil.
*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 226, especial de Portos, que circula em abril de 2025.