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quarta-feira, 24 abril, 2024

Mercado imobiliário: há o risco de uma bolha?

Mercado imobiliário: há o risco de uma bolha?Com a terceira onda de desenvolvimento do Espírito Santo, principalmente por conta da cadeia gás-petróleo, uma movimentação sem precedentes no mercado imobiliário está ocorrendo no Estado. De norte a sul, de Conceição da Barra a Presidente Kennedy, o setor imobiliário passa por um momento ímpar no que se refere à concessão de crédito e formulação de políticas públicas de habitação. Para construtoras, instituições financeiras, incorporadoras e, principalmente, consumidores há expectativas, metas e muitos desejos.

E crédito e incentivo não faltam neste momento. Em maio, o sétimo Feirão Caixa da Casa Própria, realizado em Vitória e Vila Velha, ofertou 18 mil imóveis. Apenas na Capital, o evento contou com a participação de 18 agentes do segmento de construção, entre construtoras e imobiliárias, e atraiu 15 mil pessoas. Segundo dados da Caixa, o valor médio das unidades vendidas é de R$ 75 mil, preço competitivo de um apartamento de dois quartos na Serra. A expectativa é de que o evento movimente, ao todo, aproximadamente R$ 300 milhões.

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O ano de 2010, aliás, foi histórico para a Caixa, que realizou o seu maior investimento habitacional: R$ 77,8 bilhões, um crescimento de 57,2% em relação aos investimentos realizados em 2009 e que corresponde a 70% de todo o crédito imobiliário do mercado. Apenas no Espírito Santo, os contratos financiados chegaram à marca de 21.293, no valor total de R$ 1,612 bilhão. Foram 16.055 contratações, utilizando linhas de crédito com recursos do FGTS, que passaram dos R$ 830 milhões, dos quais R$ 794,9 milhões estão dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, com 13.825 unidades.

A oferta de lançamentos contempla vários bairros. De acordo com o 18º Censo Imobiliário divulgado no final do ano passado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sindicon-ES), as unidades em construção na Região Metropolitana aumentaram 21,5% em relação ao primeiro semestre de 2010. São 32.336 unidades em construção em 386 empreendimentos. Segundo o levantamento, bairros da Serra, como Laranjeiras II, Morada de Laranjeiras, Porto Canoa, Colina de Laranjeiras e Valparaíso, respondem por grande parte dos lançamentos: são 2.845 novas unidades, dentre as 8.727 lançadas nos seis últimos meses de 2010. O Censo anterior, de maio de 2010, já mostrava o cenário favorável do setor: 79% das 26.614 unidades em construção na Grande Vitória já haviam sido vendidas e 4.299 unidades tinham sido entregues, o maior percentual dos últimos seis anos.

Segundo o estudo mais atual, os apartamentos de dois quartos seguem no topo de unidades construídas e comercializadas. São 16.225 em construção e 12.347 unidades já vendidas. O município de Serra se destaca, com 40% das unidades em construção. Em seguida, vem Vila Velha, com 33%; Vitória, com 24%, e Cariacica, com 3%. Já quando se fala daqueles de quatro quartos, voltados para um publico de poder aquisitivo mais alto, os números foram mais conservadores, ainda que também equilibrados entre oferta e procura: 2517 em construção e 1949 já vendidas.

No interior do Estado, imóveis de todas as faixas também atraem investimentos de grandes empresas. Segundo o presidente da Galwan, José Luis Galvêas, a hora é de analisar cuidadosamente a região. “A Galwan está no Rio de Janeiro, com duas obras concluídas e cinco em execução, e também na Grande Vitória, mas não esquecemos o interior capixaba. Cachoeiro de Itapemirim e outros municípios, com certeza, trarão bons resultados para as empresas do setor de construção. Estamos estudando o Espírito Santo como um todo”, disse.

Especulação imobiliária?
Em um mercado em ebulição, a dúvida, principalmente quando a lembrança de uma crise econômica no mercado internacional ainda é tão recente, é se pode ocorrer no Estado uma “bolha” imobiliária, sobretudo por causa dos imóveis acima da faixa dos R$ 150 mil. Afinal, os grandes investimentos podem fazer disparar o valor dos imóveis?

Para o diretor de Indústria Imobiliária do Sinduscon e diretor de Planejamento da Dacaza Construtora, Pedro Zamborlini, esse risco não existe. Segundo ele, uma valorização significativa é até esperada neste momento, em que os empreendimentos anunciados em 2009 e 2010 estão sendo inaugurados. No entanto, nada que seja preocupante. “A velocidade dos lançamentos nos dois últimos anos foi muito alta, até por conta dos projetos voltados para a habitação que foram lançados, com vantagens, prazo e preço. Com a conclusão desses empreendimentos, a tendência natural é um período de calmaria no mercado imobiliário”, frisou.

Antônio Ferreira compartilha da opinião de Zambolini. Para ele, a forma com que o mercado e o governo trabalham acaba por eliminar qualquer risco de bolha. “Não existe bolha; isso é algo totalmente irreal no mercado brasileiro. Existe um déficit habitacional, e temos no país uma política de crédito rígida e transparente. O nosso país está muito avançado em relação à questão habitacional e o mercado está racional, com regulamentos claros. Temos controle sobre tudo, até o material de construção entra na conta. Não há como uma empresa querer lucros acima do mercado”, disse.

Para José Luis Galvêas, especulação imobiliária não pode ser confundida com uma elevação de preços. “É impossível haver uma bolha imobiliária no Estado e no país. O credito habitacional no Brasil é enorme. A bolha existe quando se tem mais dinheiro em torno do produto do que no próprio produto. O que acontece é que, muitas vezes, precisamos aumentar salários, benefícios e arcar com custos que passam por uma elevação de valores. E isso é repassado no custo final. Os imóveis com preços acima do limite dos programas do Governo estão recebendo boa procura. Claro não existe aquela movimentação dos mais populares, já que quem pode adquirir um imóvel de custo mais alto evita pegar financiamentos por conta dos juros e falta de subsídios específicos. Estamos em um patamar de normalidade, com oferta e compradores equilibrados”, falou.

Compradores equilibrados de uma classe média aumentando. É em que acredita o economista Orlando Caliman. “A bolha imobiliária é improvável, o que ocorre é um ajuste natural do mercado, que tem suas fases de crescimento da oferta. Com um cenário otimista nos próximos quatro anos, é normal que mais empreendimentos sejam anunciados na Grande Vitória, Guarapari, Anchieta, Aracruz e Linhares, entre outros. E o forte deste período será realmente o empreendimento popular, já que a classe média cresceu no Estado”, disse.

Como um dos últimos a entrar e um dos primeiros a sair da crise econômica que teve origem no setor imobiliário americano, o Brasil mostra que sua política habitacional dá resultados e reduz riscos de “sustos” no setor. E no Espírito Santo, a única onda registrada continua sendo a do desenvolvimento.

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