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quinta-feira, 25 abril, 2024

Mercado em Transição

Terceiro maior produtor de petróleo e o quarto de gás natural, o Espírito Santo, ainda assim, não fugiu aos aumentos de preço desses produtos

Por Luciene Araújo e Marcelo Rosa

Qual a principal semelhança constatada no Espírito Santo, em 2021, entre o consumidor de gás de cozinha e o de combustível para veículos? Tanto um quanto o outro ‘passou um dobrado’ com os consecutivos aumentos de preços desses produtos que tornaram bem mais caro cozinhar e circular sobre veículos automotores este ano.

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O curioso é que, segundo Marília Silva, economista-chefe da Federação das Indústrias (Findes) e gerente executiva do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), o setor de óleo e gás tem grande peso no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

“A indústria extrativa representa 9,9% da economia capixaba. Somos, no país, o terceiro maior produtor de petróleo e o quarto de gás natural. No âmbito das energias renováveis, o Espírito Santo se destaca. De acordo com mapeamento feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o litoral Sul do Estado é um dos locais do Brasil com maior potencial de geração de energia eólica no mar”, explica Marília.

Ela ressalta, no entanto, que “o setor de petróleo e gás está passando por uma desaceleração de projetos. Nos últimos cinco anos, os investimentos em extração de óleo e gás no mundo reduziram 33,3%. Na contramão, os investimentos em energias renováveis aumentaram 3,6%”, compara a economista.

Marília Silva esclarece que “isso não significa que, do dia para a noite, a fonte fóssil sairá de cena e só iremos ter energia vinda dos ventos ou do sol. Na verdade, estamos em um momento de transição dessas matrizes energéticas”.

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Alta do petróleo mexeu com o bolso do capixaba e deixou mais caro a locomoção. Foto: Jhonatan Blendon

Perspectivas

A economista enfatiza que o consumo de petróleo, mesmo com os investimentos diminuindo ao longo do tempo, continua alto. “No mundo, 31,2% da energia consumida vem dessa matriz; enquanto a participação de fontes renováveis é de 5,7%. Apesar da diferença entre os números, as energias limpas ganham cada vez mais protagonismo”, pondera Marília Silva.

Segundo ela, até 2030, a previsão é de que sejam investidos US$ 4,5 trilhões em projetos com foco em energia renovável no planeta. “No Espírito Santo, por exemplo, existem planos para a construção de parques eólicos offshore e usinas fotovoltaicas”.

Marília Silva reforça o discurso de outros especialistas de que “é preciso aproveitar ao máximo as oportunidades existentes hoje na área de óleo e gás, seja via projetos diretos, com a extração petrolífera, seja por meio do estímulo à cadeia de fornecedores”.

Para a economista, o Espírito Santo pode aproveitar o processo de descomissionamento de plataformas, uma vez que possui um ecossistema completo para atuar nessa área. “O Estado tem portos, estaleiro de padrão internacional e aciarias, que podem fazer o reaproveitamento do metal reciclado”.

Ao mesmo tempo, enfatiza que “é hora de o Espírito Santo se preparar e sair na frente dos demais estados na adoção de fontes renováveis, entendendo que é fundamental descarbonizar o setor de energia”.

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Navio sendo manobrado na baía de Vitória. Foto: Divulgação.

Atuação da Findes

E essa mudança da matriz energética está sendo acompanhada de perto pelo Conselho de Infraestrutura (Coinfra), pelo Ideies e pelo Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia, coordenado pela Federação.

“A Findes promove debates sobre o segmento, aproxima players dessa cadeia, realiza estudos e articulações para potencializar o crescimento do setor. Em novembro último, por exemplo, a entidade organizou a Oil, Gas and Energy Week, evento que trouxe instituições e especialistas renomados para debater o atual cenário e as perspectivas energéticas”, assinalou Marília Silva.

Congelando ICMS

A insatisfação dos consumidores com a disparada nos preços dos combustíveis, inclusive do óleo diesel, ecoou no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Por unanimidade, o Confaz aprovou o congelamento do valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado nas vendas de combustíveis, por 90 dias.

A decisão foi tomada pelo colegiado, em sua 339ª reunião extraordinária, em 29 de outubro. O objetivo é colaborar com a manutenção dos preços nos valores vigentes, entre 1º de novembro de 2021 e 31 de janeiro de 2022.

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Período de coleta de 20 de Novembro a 4 de Dezembro.

Diesel

Novembro começou com o preço médio nacional do óleo diesel comum e S-10 acima de R$ 5,6 nas bombas, uma alta de 7,4% em relação ao fechamento de outubro, conforme levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL).

O diesel comum registrou alta de 7,4%, em relação a outubro, sendo comercializado a R$ 5,602. Já o diesel S-10 teve alta de 6,9%, vendido a R$ 5,672. Quando a média é comparada com o valor do fechamento de novembro de 2020, o aumento chega a 49%.

Desde o início do ano, as bombas de todo o país registraram aumentos consecutivos para o combustível, com exceção de abril. Vale lembrar que o diesel é o principal combustível utilizado por caminhões para transportar o que é produzido no país.

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