Segundo o INCA, apenas 25% dos pacientes encontram doadores compatíveis entre familiares. Para os demais, a compatibilidade precisa ser encontrada em bancos de medula óssea
Por Fabio Gabriel
De 14 a 21 de dezembro, o Brasil se engaja na Semana Nacional de Mobilização para Doação de Medula Óssea, uma iniciativa que busca conscientizar a população sobre a importância de se tornar um doador e ampliar o cadastro no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Trata-se de um ato simples, mas que pode ser a única chance de cura para milhares de pacientes diagnosticados com doenças graves, como leucemias, linfomas e outras desordens sanguíneas.
Melissa Bosi, hematologista da Oncoclínicas Espírito Santo, reforça a relevância dessa mobilização. “Em alguns casos, o transplante é indicado logo no início. Em outros, essa opção só será aplicada se os primeiros tratamentos não apresentarem resultado. O especialista é quem saberá orientar o melhor caminho. Contudo, manter os bancos atualizados é essencial”, explica.
Como doar medula óssea?
O primeiro passo para se tornar um doador é fazer o cadastro no Redome. Para isso, basta procurar um hemocentro, preencher um formulário com informações pessoais e realizar a coleta de uma pequena amostra de sangue ou saliva.
“Esse material é utilizado para análise de características genéticas fundamentais para verificar a compatibilidade com pacientes que aguardam transplante. Todo o processo é rápido, simples e indolor”, esclarece Melissa.
Caso o doador seja compatível com algum paciente, ele será chamado para realizar exames complementares e confirmar a possibilidade da doação, que pode ser feita de duas maneiras:
- Coleta de células-tronco do sangue periférico: método mais comum e semelhante a uma doação de sangue, onde o doador recebe medicação para estimular a produção de células-tronco que serão retiradas do sangue.
- Aspiração direta da medula óssea: realizada em ambiente hospitalar, sob anestesia, com retirada de uma quantidade mínima da medula do osso da bacia.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), apenas 25% dos pacientes encontram doadores compatíveis entre familiares. Para os demais, a compatibilidade precisa ser encontrada em bancos de medula óssea. “Apesar de o Redome ser o terceiro maior banco de doadores do mundo, o número ainda é insuficiente para atender a toda a demanda, especialmente considerando a diversidade genética do Brasil”, destaca a hematologista.
Ainda há muitos mitos e receios sobre o processo de doação de medula óssea. “O procedimento é seguro, tanto na coleta quanto na recuperação do doador, que não sofre nenhum prejuízo à saúde. A doação não afeta a medula do doador, pois ela se regenera rapidamente”, completa.
A solidariedade que transforma vidas
A Semana Nacional de Mobilização para Doação de Medula Óssea é uma oportunidade para refletir sobre o impacto de pequenos gestos. “A cada novo doador cadastrado, aumentam as chances de pacientes encontrarem a compatibilidade necessária para o transplante. É um ato de amor ao próximo que pode salvar vidas”, conclui Melissa.
Onde doar ?
No Espírito Santo, os interessados podem procurar o Hemoes (Centro Estadual de Hemoterapia e Hematologia) localizado na Avenida Marechal Campos, 1468 – Maruípe, Vitória, para a realização do cadastro de doadores para o Redome. Basta ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e apresentar um documento oficial com foto.