“Ele não quer se matar, não. Só quer aparecer”; “Ah, é só um ‘noia’ morador de rua fazendo graça”; “Empurra logo”.
Dia desses, levei quase três horas para chegar em casa. Teve gente que levou até mais, é verdade. Optei pela Segunda Ponte. Havia essa alternativa, afinal. Mais demorada, mais cansativa, mas era uma alternativa. Em momento nenhum – e fico em paz por isso – faltou-me empatia por aquela pessoa que estava lá, na Terceira Ponte, “noiada” ou não, como julgaram. Nem sabemos a real história, o que a levou até lá. Desejei durante todo o tempo que o desfecho fosse o melhor possível. Cheguei em casa e expliquei ao Arthur, meu filho de 7 anos, a situação. Disse que era preciso compaixão e paciência em momentos assim.
Esquema de resgate ineficiente? Não sei. Não sou capaz de julgar. O que sei é que essas equipes sempre se empenham muito em salvar vidas e são preparadas para isso. Autoridades devem ser cobradas sobre medidas preventivas? Claro! Necessário. Faltam políticas públicas? Certeza que sim. Aliás, falta é muita coisa. País praticamente em coma, sabemos. Mas muita certeza também eu tenho, infelizmente, de que nos falta humanidade. E ter humanidade, vale lembrar, independe de política. Você é cristão ou se diz cristão? Está lá, na Bíblia, em Mateus: “Os sãos não necessitam de médico, mas sim, os doentes. Portanto, ide aprender o que significa isto: ‘Misericórdia quero, e não sacrifícios’”. E nem é preciso muita religiosidade para ter essa compreensão.
Não importa quem seja ele. Precisava (precisa) de ajuda. E quem ainda não consegue entender isso, definitivamente, também necessita. Porque anda sofrendo de um grave mal chamado desamor.
EMPATIA
Com origem no termo em grego “empatheia”, que significava “paixão”, a empatia sugere uma comunicação afetiva com outra pessoa. É um dos fundamentos da identificação e compreensão psicológica de outros indivíduos. A partir dele, surgem atitudes compassivas, parcerias, comunidades, ações humanitárias, projetos solidários, que expressam o sentimento de compaixão pelo que o outro sente, não importa quem seja. É um exercício necessário! E talvez a única forma de começarmos a construir um mundo mais justo.