O conhecimento e a adoção de práticas em governança são pontos-chave, dotando as organizações de formas de mediação e resolução de conflitos
Por Mayara Nascimento de Freitas
Noventa por cento dos negócios desenvolvidos no Brasil encontram-se sob controle familiar, mas apenas 3% a 4% deles sobrevivem à terceira geração. Este dado impactante foi divulgado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em pesquisa que analisou as empresas familiares.
Esta informação demanda aprofundamento nas discussões sobre a relevância da implantação da governança nas empresas para além de questões societárias e de seu objeto social. Este sistema que dirige e controla uma companhia possibilita que ela atinja seus objetivos, tome decisões formais, controle riscos e reduza conflitos, facilitando processo de gestão e sucessão. Afinal, as sociedades com controle familiar figuram como protagonistas na economia do País.
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O conhecimento e a adoção de práticas em governança são pontos-chave para a longevidade das organizações, dotando-as de mecanismos que possibilitam mediar e resolver os conflitos naturais, assim como problemas relacionados à preparação dos sucessores e sucedidos.
Dentre tais práticas, o protocolo familiar é um dos eficazes instrumentos utilizados para apresentar as bases da tradição da empresa e o legado dos fundadores da sociedade, sendo considerado o principal direcionador ao negócio. Este protocolo, em regra, é formalizado por meio de acordo, no qual são previstos os valores e princípios da empresa, bem como deveres e direitos dos sócios e seus sucessores, a partir de regras societárias claras.
Não menos importante há, ainda, a necessária tomada de decisão quanto à criação de um Conselho de Administração para figurar como principal órgão de governança da organização, atentando-se para a capacitação dos Conselheiros no que se refere à compreensão da importância das práticas de governança.
Após a construção de uma base sólida em governança, a tendência natural é o avanço para outras formas de expansão societária, tais como legitimar a diversidade no quadro de gestores, permitindo a composição por pessoas externas à empresa que possam agregar conhecimento e novas ideias eficazes para os planos societários.
Assim, a partir da governança, é possível fortalecer os princípios orientadores da família, amadurecendo as discussões entre os envolvidos e, ainda, propondo reflexões sobre as expectativas e planejamento estratégico da empresa com clareza dos papéis de cada sócio perante a família empresária.
Os planos bem definidos e a disseminação de boas práticas no ambiente empresarial familiar contribuem para a adaptabilidade da conduta dos conselheiros, sócios e demais envolvidos para as próximas gerações da sociedade familiar.
Mayara Nascimento de Freitas é Advogada do escritório Oliveira Cardoso Advogados Associados.