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sexta-feira, 26 abril, 2024

Ganhos econômicos e sociais da erradicação da extrema pobreza

Programas de transferência de renda custam pouco e os seus benefícios sociais impactam até mesmo o PIB de forma positiva

Ganhos econômicos e sociais da erradicação da extrema pobrezaPor Edna Morais Tresinari e Marlon Neves Bertolani

Programas de transferência de renda custam pouco e os seus benefícios sociais e econômicos abrangem toda a sociedade. Um estudo desenvolvido pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), com base na Matriz de Insumo-Produto, avaliou o impacto da erradicação da extrema da pobreza na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV).

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Os pesquisadores realizaram uma simulação de política de transferência de renda no volume de recursos suficientes para erradicar a extrema pobreza no período de um ano. Com base nos dados do Cadastro Único, seriam necessários R$ 562,27 milhões, o que corresponde a aproximadamente 0,7% do PIB da região.

A análise apontou que, para cada real transferido aos mais pobres, representados por aqueles com consumo até meio salário mínimo, haveria uma elevação de R$ 0,77 e uma variação de 0,53% no PIB da RMGV. Na simulação, constatou-se também um incremento na renda do trabalho de R$ 0,35 a cada real de acréscimo no consumo e uma elevação na geração de postos de trabalho de 0,38%.

Considerando os encadeamentos da estrutura produtiva e a cesta de mercadorias dos mais pobres, o impacto sobre a produção da microrregião variaria entre +2,80% e 0%. Os setores mais beneficiados seriam alimentos e bebidas. Com um aumento de R$ 126,97 milhões no consumo das famílias nesses segmentos, seria gerado um estímulo de produção nesse setor da ordem de R$ 156,79 milhões. Isso significa um incremento de +2,80% em relação a produção, antes do acréscimo de consumo.

Em seguida, aparecem os setores de pecuária (+2,34%); serviços de informação (+1,81%); transportes (+1,24%); e fabricação de produtos da madeira, móveis e das indústrias diversas (+1,07%). Para as atividades industriais, os estímulos seriam menores dado que esses produtos não fazem parte da cesta de mercadorias dessas famílias.

A análise ressalta a importância de políticas públicas setoriais direcionadas às atividades prioritárias para as populações de baixa renda, como alimentação, geração e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, serviços de informação, transportes e habitação. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua-anual de 2022, 25,1% das pessoas vivem em situação de pobreza e 4,6% na extrema pobreza, na RMGV. Isso equivale a aproximadamente 515,7 mil pessoas pobres, com rendimentos inferiores a R$ 647,84 mensais, e 94,5 mil pessoas na condição de extrema pobreza, com rendimentos inferiores a R$ 203,73 mensais.

Trabalhos como esse, acerca da realidade dos pobres, possibilita a criação, elaboração, mudança e difusão social de um novo conhecimento capaz de fornecer bases sólidas para o debate sobre políticas públicas voltadas a essa parcela da população. Em um momento de ampla discussão sobre a necessidade de se adotar políticas com base em evidências, o estudo desenvolvido pelo IJSN contribui ao demonstrar que é possível erradicar a extrema pobreza, e com isso, beneficiar toda a sociedade.

Edna Morais Tresinari é mestre em Economia e pesquisadora do Núcleo Vitória – Observatório das Metrópoles/IJSN.

Marlon Neves Bertolani ė mestre em Política Social e pesquisador do Núcleo Vitória – Observatório das Metrópoles/IJSN.

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