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quarta-feira, 1 maio, 2024

Futurologia para o ano de 2023

Promessas não cumpridas no ano de 2022 se tornam ameaças para a economia de 2023

Por Jefferson Prando

Muitas das propostas que Jair Messias Bolsonaro defendeu em sua campanha não foram concretizadas ao longo do seu mandato, principalmente, uma agenda liberal para a economia do Brasil. Em virtude do não cumprimento de tais promessas, estas, agora, se tornaram ameaças para 2023.

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Após vencida a hiperinflação em 1994 com o Plano Real, a implementação do Sistema de Metas de Inflação em 1999, a Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000 e a Reforma da Previdência em 2019, ainda resta uma reforma profunda do setor público e de privatizações e concessões de empresas públicas para o setor privado.

A importância da reforma no setor público se justifica em diversos motivos. Mas a razão central dessa necessidade está no fato do custeio da máquina pública ser demasiadamente caro, o que impede a implementação de uma reforma tributária eficaz e eficiente. E, as privatizações e concessões que deveriam ocorrer para evitar episódios como o Petrolão e abrir setores que precisam, sim, serem regulados por entidades do governo, mas, operados por empresas privadas.

Com a volta de Luiz Inácio da Silva à Presidência, pressupõe-se que não haverá avanço nesta agenda, e, portanto, o mercado irá se adequar a uma nova realidade de juros altos e expansão fiscal que marcaram todo o período anterior do PT no poder.

Adicionalmente a esta realidade, não haverá um setor externo pujante tal como em 2002. O mundo está na expectativa dos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e seus efeitos econômicos, que já ocorrem na Europa como um todo, principalmente, a alta dos preços no fornecimento de gás e combustível, que gera um efeito inflacionário em cadeia em toda a economia global.

Na China, novos lockdowns estão deixando o mundo temerário em relação a uma possível nova onda de variantes da Covid. E, toda essa confusão ocorre com um Estados Unidos que poderão ou não subir sua taxa de juros e se, de fato, poderá haver ou não uma recessão norte-americana.

Nesse sentido, o Brasil não pode ficar simplesmente assistindo o que acontece no mundo como se nada disso lhe afetasse, e muito menos não realizar as reformas difíceis que precisam ser feitas. Mas, o que se vê, é um presidente que ainda não definiu quem assumirá, de fato, as principais pastas do Executivo e, da mesma forma que assistimos ocorrer com o presidente anterior, continua preso em proselitismo, sem definir planos e decisões concretas para a Nação.

Portanto, eu compro ou eu vendo? Na minha opinião, nenhum dos dois. Para o mercado isso é algo inaceitável, entretanto, face às tantas incertezas, o melhor é não fazer nada e já esperarmos que, mais uma vez, precisaremos trocar a roda do carro com ele andando.
Será um 2023 com a mais absoluta indubitabilidade de um ano incerto!

Jefferson Prando é doutor em Economia e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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