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sexta-feira, 26 abril, 2024

Futuro x presente e a missão de conceber o que está por vir

Muito se fala sobre a importância de avaliarmos bem as ações que tomamos hoje, sob o risco de gerarem consequências indesejáveis amanhã.

Por Charles Martins

Se refletirmos um pouco mais sobre isso, vemos que esse princípio vai além: na verdade, o futuro é que influencia o nosso presente.

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Tomemos como exemplo o carro elétrico. Há quem pense que se trata de um projeto moderno, da era contemporânea. Entretanto, a verdade é que as primeiras ideias de criação de modelos movidos à eletricidade surgiram em meados do século XIX. Ou seja, começou-se a pensar nessa proposta lá atrás, há muitos anos.

Passadas décadas de trabalho, pesquisa e aperfeiçoamento, a tecnologia de então hoje é produzida por muitas empresas e seus modelos roubam a cena em salões e exposições de automóveis pelo mundo afora. Ao visionarem e produzirem, na época, o primeiro carro elétrico, seus inventores – no seu tempo presente – ajudaram a construir o futuro que vemos hoje.

Cabe saber, então: como construirmos, neste momento, um futuro que seja bom para todos? Um futuro onde se possa ter respostas rápidas e eficientes para os problemas da humanidade? As respostas estão na generosidade, na gentileza, na colaboração.

Dando um grande salto no tempo e deixando os primórdios do carro elétrico para trás, chegamos ao atual cenário de covid-19. Pandemias como a que estamos vivendo, ou outras até mais graves, estão previstas pelos cientistas para acontecerem com certa frequência nos próximos séculos. A estimativa é de que a cada 20 ou 30 anos, a população do nosso planeta tenha que enfrentar uma nova doença, seja ela causada por um vírus, uma bactéria ou outro micro-organismo.

Cientes disso e de que o futuro influencia nosso presente, é nossa missão, então, começarmos a trabalhar de forma colaborativa para anteciparmos eventuais doenças ou, ao menos, termos respostas e soluções mais rápidas.

Neste difícil momento que o mundo atravessa, estamos tendo a oportunidade de vivenciar, na prática, como a complementaridade das habilidades, associada ao entendimento da relevância dos tempos presente e futuro, é capaz de gerar soluções para os problemas da humanidade. Se, no atual momento, cientistas do mundo inteiro não estivessem empenhados, trabalhando com generosidade, colaboração e empatia, trocando experiências e estudos, as vacinas de que já dispomos contra o novo coronavírus não teriam sido desenvolvidas e produzidas de forma tão rápida.

Também tem sido uma experiência única constatar a importância de aceitarmos a generosidade como uma necessidade humana. Agindo assim e agregando as capacidades e conhecimentos transversais de cada um, poderemos ir mais longe, mais rápido e com mais eficiência. Lembro, aqui, que boa parte das ideias do Iluminismo nascidas nos cafés parisienses surgiu da aproximação e do compartilhamento entre pensadores que, com suas diferentes contribuições, ajudaram a promover fortes mudanças nos cenários político, social e intelectual mundiais. Nessas aproximações, eles não sabiam que oportunidades ou complementariedades tinham. O conceito era, de alguma forma, se opor ao Absolutismo. Se ajudar, mesmo sem saber em que.

Precisamos resgatar essa essência. Conceber, hoje, o que está por vir, amanhã. Exercer a criatividade, trabalhar e pensar coletivamente, com generosidade, entendendo-a como uma evolução da parceria formal e, muitas vezes, limitada. Afinal, somos nós que construiremos o futuro. Compreender onde queremos estar nos ajudará a tomar as decisões certas e nos tornará capazes de articular nossos objetivos como profissionais, mas principalmente como seres humanos.

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche já ensinava: “tanto quanto o passado, o futuro influencia o presente”. Por isso, deixo aqui a reflexão: quando olha para o futuro, como você se enxerga? E como vê a história da humanidade? Ter essa consciência é essencial, pois somente com essa visão de futuro, poderemos determinar o que faremos agora.

Charles Martins é gerente-geral do Centro de Pesquisa & Desenvolvimento da ArcelorMittal para a América do Sul.

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