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sábado, 27 abril, 2024

Espírito Santo está carente de teatros

Os atores, bailarinos e músicos ressentem a falta de lugares para exporem e mostrarem seus trabalhos ou até mesmo para aperfeiçoar suas técnicas

Por Carlos Francisco Ola

A efervescência cultural dos anos 80 e 90 no Espírito Santo fez florescer inúmeros grupos e companhias de teatro e dança que produziram importantes trabalhos e revelaram muitos nomes em nosso cenário artístico. Feito isso, esses coletivos buscaram ocupar os espaços existentes e começaram a lutar pela criação de novos equipamentos.

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Dessa luta, inúmeros teatros e salas começaram a ser erguidos e inaugurados em todo estado com destaque para o interior com surgimento de teatros em pontos extremos do território como em Montanha e Guaçuí.

Saindo da Grande Vitória, espaços em Cachoeiro, Mimoso do Sul, Alegre, Venda Nova do Imigrante, Muqui, Itaguaçu, Afonso Cláudio, reforçaram o painel existente composto por Castelo, São Mateus, Vila Velha e Vitória. No entanto, foi visível o sucateamento de inúmeros espaços por descuido de seus gestores não preservando suas estruturas físicas.

O volume de grupos e artistas continuaram a surgir nos anos 2000, assim como espaços privados – esses forma tímida, mas contundente. Só que na última década, com uma população maior, o retrocesso no Espírito Santo é estarrecedor. Teatros vazios, abandonados, fechados, sucateados, fazem um triste cenário da realidade local parecendo um melodrama ou até mesmo uma tragédia.

Os atores, bailarinos e músicos ressentem a falta de lugares para exporem e mostrarem seus trabalhos ou até mesmo para aperfeiçoar suas técnicas. A exemplo, os projetos de circulação conseguem poucas opções para apresentação, obrigando-os a repetição continuada de cidades anualmente.

A briga por uma pauta é continua e nem sempre satisfatória, haja vista as poucas opções de espaços, pois casas imponentes como os teatros Carlos Gomes, Rubem Braga, Stênio Garcia, Virgínia Santos e o Municipal de Vila Velha estão fechados há alguns anos. Restam outras opções que esbarram em burocracia, distância e falta de equipamentos, isso quando não é o fator financeiro pelo custo de utilização.

Estabelecer novos espaços de criação no Estado e fortalecer o encontro entre artistas e moradores são necessidades emergenciais para consolidar a política cultural capixaba que vem sendo incentivada por editais e leis de fomento recém-criadas. O objetivo com esses equipamento é movimentar criativamente o território e seus ocupantes, pois, com toda certeza, a diminuição de espaços afeta a produção cultural do Estado.

Infelizmente são muitos lugares fechados que eram importantes pontos de formação e realização, e a necessidade de incentivar agora a criação de espaços alternativos é crucial para que a produção continue e com isso amenize a situação.

A recuperação dos teatros, tanto do interior como da Grande Vitória, pode ter uma importância significativa em suas cidades, pois pode ajudar a promover a cultura e as artes na comunidade e colocá-las em evidência novamente, formando novos coletivos e lhes dando as técnicas necessárias. Além disso, pode oferecer oportunidades para que os moradores locais se envolvam em atividades criativas e culturais, o que pode ser muito gratificante e inspirador.

Carlos Ola é ator, diretor, autor e produtor teatral. Integrante do Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira de Guaçui – ES.

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