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quinta-feira, 9 maio, 2024

Existe cura para os viciados em trabalho?

Você é daqueles que acorda pensando na agenda do dia? Costuma ficar depois do horário no trabalho? Então, é possível que seja um sério candidato a workaholic

Essa palavrinha, criada pelos norte-americanos, é a junção de alcoholic (viciado em álcool) e work (trabalho), designando uma síndrome que, ao contrário do alcoolismo, é aceita e até bem-vista pela sociedade, que admira quem vive para o trabalho e trabalha muito. Apesar de não existirem estudos que os quantifiquem, sabe-se que os “viciados em trabalho” constituem um grupo cada vez mais numeroso, pois encontram na tão falada globalização um ambiente propício para proliferar.

O surgimento de cenários mercadológicos de alta competitividade fez acentuar a compulsão pelo trabalho, cujos motivos vão desde a necessidade de sobrevivência até uma necessidade pessoal de provar algo a alguém ou a si mesmo, ou ainda de “fugir” de conflitos emocionais, familiares etc. Dentro dessas necessidades, não podemos excluir também a vaidade – o desejo de status -, a ambição e até mesmo a ganância.

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A psicanalista clínica, consultora, coach de executivos e administradora Giovana Brioschi de Carvalho comunga do princípio de que somos seres biopsicossociais e considera que tratar da questão do workaholic é tratar da dinâmica comportamental, das afetações sociais que esta conduta proporciona e das consequências somáticas que atingem esse indivíduo.

Segundo descreve a especialista, parcialmente cegos e incapacitados de admitir fragilidades, os workaholics priorizam o mundo corporativo em detrimento da sua própria essência e para trás deixam a família, a espiritualidade, a saúde e o convívio puramente social, focados permanentemente em construir uma rede de negócios e sustentar resultados. Com seu desempenho e seu trabalho insano, tentam provar sua “capacidade” de serem “vencedores”.

Listando algumas das consequências desse tipo de postura, ela cita a executiva que não suporta falar em relacionamento amoroso – afinal, “adotou” a empresa e, como “grande mãe”, não aguentaria deixá-la em segundo plano. Ou ainda pais em fuga da paternidade, que não traz em seu escopo nada que lembre a atividade profissional.

Giovana alerta que a “business inteligence” não mensura a gravidade dos relacionamentos em crise, casamentos frustrados, famílias em desalinho. E vai além, afirmando que a espiritualidade torna-se questionável, não por oportunizar uma avaliação das diferenças, mas porque não é “projetizável” para que se possam avaliar riscos, tempo, recursos, qualidade, comunicação.

“Ficam assim instalados ‘buracos’ biopsicossociais que geram culpa e solidão, além de demandarem suas respectivas compensações. As mais comuns são comida, agressividade e relações superficiais. A comida para aplacar a ansiedade, a agressividade para dividir a culpa por negligenciar a própria vida e a construção de relacionamentos frívolos, que sustentam um gozo fortuito e descomprometido”, destaca a psicanalista.

“Trabalhar obsessivamente e compulsivamente parece o mais sensato a fazer, afinal, viabiliza a fuga de encarar a vida e comprometer-se a mudá-la e é digno de promoção e retorno financeiro”, conclui Giovana, que faz ainda uma última observação: “Preciso pontuar: este trabalho insano dignifica o homem?”.

Luz no fim do túnel

Existe também no mundo corporativo um outro personagem: o “worklover” (work, de trabalho, e lover, de apaixonado) – um apaixonado pelo trabalho, aquele profissional feliz e satisfeito com suas realizações. Trata-se de uma pessoa mais apta a lidar com dificuldades, que procura ajudar em vez de criticar ou desanimar. Este “apaixonado” também trabalha muitas horas por dia e nem percebe o tempo passar, mas estende esta satisfação à sua vida fora do trabalho e equilibra bem sua vida profissional com a pessoal.

O trabalho de coaching nas empresas pode vir a ser uma ferramenta bastante útil para ajudar a diagnosticar as sofisticadas armadilhas pessoais estruturadas pelos workaholics e estimular o desenvolvimento de uma consciência, uma responsabilidade e uma autoconfiança capazes de viabilizar uma efetiva mudança. Mas alguns casos requerem terapias mais profundas e auxílio psicológico.

Equilíbrio. É nessa palavra poderosa que reside o segredo do bem-estar. Em tudo na vida é preciso equilíbrio, mesmo quando você estiver sob pressão. Afinal, alertam os especialistas, “caixão não tem gavetas”, ou seja: você não vai conseguir levar nada do que adquiriu porque se “matou” de tanto trabalhar. Portanto, viva socialmente e trabalhe profissionalmente.

Como saber se sou um workaholic?

A Universidade de Bergen, na Noruega, onde há pesquisadores sobre o “workaholismo”, usa sete critérios básicos para identificar o vício em trabalho, numa escala de cinco graus: 1) Nunca; 2) Raramente; 3) Às vezes; 4) Frequentemente e 5) Sempre. Se você marcar “frequentemente” ou “sempre” em pelo menos quatro dos sete critérios, você pode ser um workaholic. Nesse caso, vale a pena procurar ajuda.

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A matéria acima é uma republicação de edições anteriores de ES Brasil. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

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