Se a sua estabilidade depende, exclusivamente, de um terceiro (governo, por exemplo), então você não tem estabilidade
Por Jefferson Betzel
Nós ouvimos diversas opiniões ao longo de nossas vidas, algumas que fazem sentido e outras que não. E boa parte disso, nós acabamos guardando e absorvendo tudo isso em nossa cabeça, de modo a formar nossas crenças e visão de mundo.
Eu, por exemplo, cresci ouvindo da minha família, que a única forma de ter estabilidade financeira, seria se tornando funcionário público. Aos 17 anos de idade, eu já percebia que isso não era para mim, mas isso ainda não havia saído da minha cabeça, pois as minhas crenças e visão foi formada pela vivência de quem me cercava, e a coisa mais importante da vida era essa tal estabilidade.
Mas só́ depois, quando tive mais idade e afastamento para começar a formar minhas próprias crenças, é que vi que a estabilidade que muitos perseguiam não era tão estável assim.
Durante o governo Collor, mais de 100 mil funcionários públicos foram demitidos. Nos 8 anos de governo FHC várias categorias do setor público ficaram sem reajustes por 8 anos seguidos em uma época que a inflação batia dois dígitos anualmente. E, recentemente, temos visto vários estados quebrados a ponto de não conseguir pagar em dia seus servidores.
Não é só no Brasil que isso acontece, no exterior também não faltam exemplos mostrando que quando a coisa aperta, não há garantia que segure. A Grécia em 2008 aprovou a demissão de 100 mil funcionários públicos, isso é equivalente a 1% da população, sendo que, até́ então, os mesmos eram protegidos pela Constituição.
E não se engane imaginando que se no mundo público as coisas são assim, que no privado seria melhor, ao contrário, no setor privado é muito pior. O conto da estabilidade há́ muito tempo não convence mais. E tudo bem se você̂ discordar de mim, eu não pretendo estar certo. Mas peço que você faça o saudável exercício de discordar de si mesmo e pensar: “o que acontecerá caso meu plano de estabilidade dê errado?”
Você não pode deixar a segurança da sua família a mercê de uma instituição, dependendo apenas de um salário, esse seria um dos piores erros que você poderia cometer. Quem vive sem nenhuma economia, não tem espaço para erros, nem para o acaso. A primeira coisa que você deve fazer é um planejamento financeiro, organizar as suas finanças, e construir uma reserva de emergência. Esta será sua “base financeira” para caminhar até a independência financeira.
Usando uma analogia, creio que todos irão concordar que uma mesa com 3 pernas (renda principal, renda extra e investimentos) fica mais estável do que uma mesa com uma perna só́, não importa de que tamanho seja.
A fórmula é simples: gaste menos do que você ganha e invista a diferença. O tempo e os juros compostos farão verdadeiro milagre por você. Lembre-se, estabilidade não existe.
Jefferson Betzel é formando em Gestão Financeira, Educador Financeiro e BackOffice de investimentos na Lótus Investimentos, que é a maior gestora de patrimônio do Espírito Santo.
