Presidente do Corecon-ES comenta sobre os dados do endividamento e alerta as famílias sobre dívidas
Por Amanda Amaral
A taxa de inadimplência nos lares brasileiros bateu recorde. É o que indica a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que aponta que 77,5% das famílias possui dívidas, sendo em atraso ou não. É o maior percentual desde o início do levantamento, em 2010.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) foi divulgada na quinta-feira (31). De acordo com os dados, em fevereiro, o percentual era de 76,6%. Já em março do ano passado, a taxa era de 67,3%.
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“A inflação tem chegado com muita agressividade impactando o orçamento, já que as famílias continuam mantendo o mesmo nível de rendimento, pois o salário não está acompanhando o índice da inflação. Aí, são duas opções, ou elas passam a consumir menos, ou conseguem manter um certo nível de consumo, mas recorrendo a financiamentos e créditos”, explicou o presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Claudeci Pereira Neto.
Vilões do Endividamento
O cartão de crédito (87%), por exemplo, está entre os maiores motivos para o endividamento no país, segundo a Peic. Em seguida, os carnês (18,7%), o financiamento de carro (11,2%), o crédito pessoal (9,4%) e o financiamento de casa (8,6%).
“É muito arriscado, pois a inflação continua alta, corroendo o poder de compra dos trabalhadores. Além disso, o Governo Federal vem aumentando a taxa de juros com o intuito de inibir o consumo, então o mais indicado para as famílias seria diminuir os gastos”, comentou o presidente do Corecon-ES.
Nome Negativado
O percentual de inadimplentes, ou seja, famílias com contas ou dívidas em atraso, chegou a 27,8%, o segundo maior percentual da pesquisa, ficando abaixo apenas daquele registrado no primeiro mês da Peic, em janeiro de 2010 (29,1%). Em fevereiro, taxa ficou em 27% e em março de 2021, 24,4%.
Já as famílias que não terão condição de pagar suas dívidas e contas em atraso somam 10,8%, acima dos percentuais de fevereiro deste ano e de março do ano passado (ambos 10,5%).
“Os percentuais são elevados, isso quer dizer que o país está com problemas estruturais como o desemprego e alta da inflação, impactando o poder de compra. Essa pesquisa considera nos 77,5% as pessoas que têm dívidas, em atraso ou não, mas o fato é que se as famílias continuarem a se endividar, em algum momento muitas vão negativar e ter o nome incluído na Serasa ou SPC”, disse Claudeci Neto.