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sábado, 27 abril, 2024

“Erro de cálculo político”, aponta analista sobre Do Val

Com o STF e a PF na cola, Do Val se vê cada vez mais distante de base bolsonarista por “delírios” criados

Por Redação

Cada vez mais isolado politicamente e num cenário de muita pressão por parte de órgãos e figuras públicas, o senador capixaba Marcos do Val (Podemos-ES) tem enfrentado dificuldades para a sequência do mandato. Oficialmente afastado das funções políticas por licença médica, o parlamentar sofreu uma nova “derrota” na queda de braço com o Supremo Tribunal Federal após a Polícia Federal divulgar o relatório com as mensagens encontradas no celular apreendido em operação do último mês.

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Desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último pleito presidencial, Do Val tem comprado briga pública com a Suprema Corte e com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em determinado momento, o senador chegou a dizer na imprensa que Bolsonaro articulava um golpe de Estado, recuando posteriormente após a pressão de aliados. Segundo o capixaba, a mensagem teria sido do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

“O senador Marcos Do Val, especialmente após a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula, impetrou com uma estratégia de mandato de construir uma imagem de enfrentamento, tanto com o Governo Federal e também com a Suprema Corte. E essa estratégia tem se mostrado politicamente onerosa para ele” apontou o analista político Darlan Campos.

“É importante a gente avaliar que o “enfrentamento” com o poder constituído é feito por meio de denúncias, que às vezes chegam até no campo da calúnia e da difamação. Até o presente momento, (o senador) não sustentou, em grande parte, as denúncias feitas. Acho que houve um erro de cálculo político, até quando e onde ele conseguiria ir”, complementou Darlan.

O relatório apresentado pela PF na terça-feira (12), referente as mensagens encontradas no celular apreendido do senador, constatou que o parlamentar compartilhou informações sobre a trama de golpe de Estado, com o objetivo de impedir a posse de Lula, por meio de dois grupos de WhatsApp: o “Chefias” e o “Amigas para a eternidade”.

As conversas com o grupo “Chefias”, composto por 2 assessores de seu gabinete, foram curtas. Nos diálogos, Do Val antecipou as conversas com Daniel Silveira e descreveu o plano como uma “missão que entrará para a história do Brasil/mundo”. De acordo com investigadores da PF, a fala do parlamentar capixaba faz menção a um possível golpe de Estado.

No entanto, foi no grupo “Amigas para eternidade” (nome fictício, conforme apurou a investigação) que o senador se expressou de maneira mais aberta. Em textos e áudios cheios, outros participantes chegaram a comemorar a possibilidade do golpe: “Eu tô vibrando, vibrando, mas já vou apagar a mensagem!”, disse uma das “amigas”.

As conversas não se restringiram apenas às trocas de mensagens de texto. O senador compartilhou com as amigas não apenas as capturas de tela das conversas secretas mantidas com Daniel Silveira, mas também a imagem da mensagem enviada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Na última quarta, Bolsonaro prestou depoimento à PF acompanhado de seus advogados. O ex-presidente demonstrou mais um distanciamento de Do Val ao exibir para a imprensa presente no local uma captura de tela em que mostra a resposta dada às proposições do senador. Após a sugestão de manobra antidemocrática, Bolsonaro respondeu a Do Val “coisa de louco”, insinuando discordância das propostas do capixaba.

“Como é comum no bolsonarismo, o Bolsonaro historicamente não é um político de construção de grupo. Então o sentimento de pertencimento, de cuidado com os seus, de proteção que a gente vê em alguns partidos, não faz parte da gênese do bolsonarismo “, analisa Campos.

Para Darlan, Do Val, em seus cálculos, contava com o apoio do ex-presidente nos bastidores, o que se mostrou de maneira oposta. Bolsonaro, a todo momento, sinalizou para a concordância com o jogo democrático, apesar de questionar partes do processo.

“A gente pode questionar o tamanho dessa proximidade do Do Val com o Bolsonaro, apesar de  gravitarem dentro de um um código de valores, de pensamento e de visão de mundo próximos. (O Do Val) tende a enfrentar isso muito mais sozinho do que em grupo, até porque é uma característica deste deste grupo, desse segmento da sociedade” finalizou Darlan.

Rivalidade com Flávio Dino

Ex-membro da CPMI que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, Do Val protagonizou “batalhas” com o ministro da Justiça, Flávio Dino.

No dia 9 de maio, quando Dino esteve presente em sessão da CPMI, Do Val e Dino protagonizaram o primeiro episódio marcante. Na ocasião, Dino ironizou a atribuição profissional alegada por Do Val (como suposto ex-membro da SWAT) antes de ocupar a cadeira.

“O senhor tem se dedicado a vídeos difamatórios, agressivos contra mim, obsessivos. É bom o senhor refletir sobre isso, pois eu sou senador da República. Sou ministro de Estado e estou disposto a enfrentar esse debate em qualquer lugar. Não precisa o senhor ir pra porta do ministério da Justiça fazer vídeo de internet. Se você é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece Capitão América, Homem Aranha?”, ironizou Flávio Dino.

Na audiência, o senador havia questionado Flávio Dino sobre sua atuação nos episódios do dia 8 de janeiro, quando aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro promoveram ataques aos Três Poderes da República. A oposição tem alegado uma suposta omissão por parte do governo para deslegitimar movimentos bolsonaristas.

“Essas construções mentais que o senhor faz, muito singulares, realmente não têm suporte nos fatos. Esse olhar criminalizador, esse seu olhar agressivo. O senhor tem se dedicado às suas redes sociais. Aí eu não posso ir nas suas redes sociais. Na do Flávio (Bolsonaro) eu vou (debater)”, disse Dino.

Em resposta nas redes sociais, Do Val ironizou a fala de Dino com uma montagem que faz comparações entre as condições físicas dele e do ministro. A publicação recebeu diversos comentários negativos por parte da oposição.

Outro momento foi quando o senador capixaba realizou uma montagem em suas redes sociais e protagonizou um momento curioso. O parlamentar postou uma colagem em que ele aparece utilizando uma sunga branca e Dino, na imagem ao lado, utiliza uma peça de cor preta.

Com uma mensagem “cada um usa a arma que tem”, a imagem ainda traz duas identificações: a dele, que se autodenomina “SWAT”, e a de Dino, que ele intitula como “Vingador”.

“Li alguns falando da minha altura! Vou mostrar para vocês quem é mais alto e que tem a melhor arma”, continua o parlamentar na legenda, deixando a entender que o comparativo tem o objetivo de contrastar o volume do seu pênis com o do maranhense.

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