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terça-feira, 23 abril, 2024

Indústria capixaba estrutura alicerces para 2020

O ano foi de muitos desafios. Mas a Findes estruturou importantes ações que irão impactar de forma positiva no desenvolvimento industrial.

Não se pode dizer que nada mudou, mas os avanços necessários ainda são muitos. O país precisa das reformas e a pauta econômica do governo federal tem total aderência dos empresários.

Hoje há um cenário positivo com os juros em queda (4,5%), e a inflação abaixo da meta, com IPCA acumulado em 12 meses de 2,54%; e ainda o risco-país em 98 pontos, melhor nível desde novembro de 2010. Logo na primeira quinzena de dezembro, a agência de classificação de risco S&P revisou para positivo a perspectiva ao rating brasileiro.

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Entre os “deveres de casa” que foram feitos, está a aprovação da reforma da Previdência com economia de 800 bilhões de reais. E as privatizações e concessões de portos, aeroportos e rodovias. Também a abertura do mercado de gás e leilões de petróleo, o novo marco do gás que deve reduzir o valor em até 40%.

Neste rol entra também a MP da Liberdade Econômica, que diminui a burocracia e facilita abertura de empresas, especialmente pequenas e médias. E ainda o Programa Verde e Amarelo que estimula a contratação de jovens de 18 a 29 anos. Por fim, os acordos comerciais bilaterais com a União Europeia e Mercosul.

E na lista de bons sinais para a estabilização da economia, seguida de retomada do crescimento, está ainda a utilização da capacidade instalada da indústria. A maior desde 2014, que subiu de 69% em setembro para 70% em outubro, segundo dados da CNI. O mercado de trabalho se recupera, mesmo que devagar. No Brasil, de janeiro a outubro, registrou-se 840 mil novas vagas de trabalho; no ES, foram mais de 20 mil empregos.

Pontos Positivos

Presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santos (Findes), Léo de Castro enumera os pontos positivos concretizados no Estado. Entre eles a criação do Fundo Soberano, que deverá receber cerca de 500 milhões de reais somente no primeiro ano.

Destaca ainda que a cultura do equilíbrio fiscal: único estado nota “A” no Tesouro Nacional desde 2012. E que fomos reconhecidos como o melhor ensino médio do país, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). E ainda enumera entre as ações positivas, o fortalecimento da Cultura de Paz. O estado registrou uma queda de homicídios de 17%, mais a diminuição de roubo de cargas.

Findeslab

Findeslab Mas é preciso estar preparado. E para garantir que a produção industrial capixaba não perca a alavancada do crescimento que acena no horizonte, a Findes vem estruturando ou participando de uma série de medidas.

No campo do avanço tecnológico, da inovação, integra a mobilização capixaba pela inovação. O Funcitec é um fundo de 80 milhões para projetos selecionados em parceria entre a Findes, o governo e universidades públicas e privada.

Inaugurado em setembro, o Findeslab, braço do Sistema “S” reconhecido pela promoção da inovação às necessidades da indústria, acumula resultados positivos no universo de solução de demandas das oito empresas parceiras do projeto. Em dois meses de funcionamento, foram criadas 367 oportunidades de inovação, realizadas 3.200 visitas e 200 projetos encaminhados a 16 startups. Vale destacar que 95% das empresas atendidas são micro e pequenas, que atendem aos grandes completos industriais do Estado. E o Findeslab é um dos oito centros tecnológicos da Shell no mundo.

“Esses números superaram em muito as nossas expectativas e mostram o êxito do projeto. O Findeslab é um marco que deve inspirar a sociedade na busca pela disrupção, que é a tendência mais forte na economia atual”, destaca Léo de Castro

Educação

Sesi conquista avanços na educação O Sesi está entre as 10 melhores no Ideb. No Espírito Santo é o segundo melhor em desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Brasil, com ensino bilíngue de muita qualidade. Novos cursos – como mecatrônica – serão lançados, incluindo disciplinas transversais de inovação, indústria 4.0 e lean manufacturing.

A saúde e a segurança do trabalho são prioridade. O Sesi, pela primeira vez indicado, ficou em 1° lugar no Prêmio em Excelência em Saúde no Estado.

Ainda no campo do aprendizado e da capacitação, o desafio é oferecer aos 78 municípios capixabas, por meio de convênio, o Instituto Senai de Tecnologia, com um aumento de produtividade de mais de 40%, já tendo sido atendidas 67 empresas e havendo mais 35 em atendimento.

A formação contínua dos empresários é pauta prioritária do Cindes, que completa 50 anos. E para capacitar líderes comprometidos com o desenvolvimento da indústria capixaba, a federação irá promover o Ciclo de Formação Cindes Jovem.

Ambiente de negócios

Lançado neste ano o Indicador de Ambiente de Negócios – IAN – possibilitará a análise de quatro eixos dos 78 municípios: infraestrutura, potencial de mercado, capital humano e gestão fiscal. Uma ferramenta que facilita a priorização de políticas públicas e o melhor direcionamento dos recursos públicos disponíveis. São 39 indicadores, como acesso e desempenho em educação básica, saneamento, fornecimento de energia, qualidade do sinal de telefonia dentre outros.

A indústria brasileira, apesar de representar somente 21,6% do PIB nacional, é responsável por 70,8% das exportações, por 67,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e ainda por 34,2% de tributos federais. No Espírito Santo, os dados são ainda mais expressivos: a indústria representa 22% do PIB capixaba e responde por 92,8% das exportações do Estado.

Por isso a busca por desburocratizar os processos é um dos eixos estratégicos da Findes. “Simplificar a remoção de barreiras regulatórias para aumentar produtividade e competitividade. E com isso, empregar mais e elevar a qualificação do capital humano e a taxa de emprego. O objetivo de toda a indústria nacional é melhorar a infraestrutura do país e desenvolver pequenos e médios negócios de forma inovadora e sustentável”, finaliza o presidente.

Funcitec

Fundo criado pelo governo do estado com recursos oriundos do setor atacadista, o Funcitec tem disponível 80 milhões para projetos em parceria com a Findes que envolve governo, universidades públicas e privadas. O objetivo é investir em projetos de inovação no Espírito Santo.

“Mas, no primeiro trimestre do ano, a alocação de recursos deverá ser feita em algo muito maior, que a mobilização capixaba pela inovação. Há diferentes frentes de ação: formação de talentos; formação e desenvolvimento do ecossistema; inovação aberta, uma parceria com as empresas para apresentarem seus problemas e, a partir daí, as Startup indicarem soluções”, destaca o presidente da Findes.

Entrevista Léo de Castro
Presidente da Findes
destaca avanços e desafios

Indústria capixaba estrutura alicerces para 2020

Quais as principais melhorias em 2019 que farão diferença nos próximos anos? 

O ano de 2019 entra para a história como o início de um período em que o país resolve enfrentar seus problemas estruturais. A agenda reformista do governo federal é muito marcante na transformação do Brasil. Aprovamos a reforma da Previdência, começamos o debate sobre   a tributária e a administrativa. Há a presença de uma postura forte do governo federal na busca pelo equilíbrio fiscal, segurando contratações, sendo mais espartano nos gastos. Isso tudo fez com que o déficit do país chegue ao fim do ano praticamente na metade do que estava previsto no orçamento. Além disso, há uma agenda clara do setor privado, com maior participação, sobre atividades essenciais à competitividade da economia de qualquer país, especialmente em infraestrutura, mas também em saneamento e tudo o que está fora do foco central que deve ter um governo, que é Educação, Saúde e Segurança. Isso tudo movimentou bastante 2019, fizemos ainda várias privatizações e concessões. Ainda em 2020, teremos a maior carteira de concessões e privatizações do mundo a ser realizada, incluindo a agenda de leilões de petróleo, com toda programação já posta. São vários  os avanços colhidos em 2019. E ao tratar dos problemas estruturais do Brasil de forma organizada, criou espaço para a revolução dos juros. Chegamos ao final do ano com 4,5%,  e isso aumenta o poder de compra das famílias, estimula investimento e a retomada da economia.

Há boas expectativas para abertura de empresas de pequeno e médio porte?

A classe empresarial entra em 2020 muito otimista, dados os cenários postos: juros baixos, inflação controlada e retomada de um ciclo de geração de empregos, o que gera oportunidade para todas as empresas sejam elas micro, pequenas, médias. Primeiro ocuparem capacidade já instalada, naquelas que já estão operando, e para aqueles empreendedores que querem entrar no mercado, vão surgir várias oportunidades nessa retomada de consumo, tanto o geral da população, quanto aquele provocado por um novo ciclo de investimentos no país todo. Teremos um ano com uma dinâmica econômica muito relevante no país.

O que pode se tornar um entrave à indústria capixaba?

Nosso olhar de risco em 2020 é para as indústrias que têm no mercado internacional seu grande foco. Apesar da relação entre Estados Unidos e China ter acalmado, ainda se espera novo equilíbrio, uma pacificação maior. Além disso, a Europa passa pelo Brexit e o mercado precisa entender como será essa relação com o comércio internacional também é um ponto de interrogação. Por fim, a postura do Brasil com relação à agenda ambiental também é uma preocupação, pois dependendo da atitude, pode haver retaliação de alguns países compradores. O Brasil tem de colocar sua posição de soberania na área ambiental, mas tem de fazer a tratativa de forma organizada. Outra dúvida é a Argentina que inicia novo governo e termina o ano de uma forma dramática: inflação alta, déficit e ameaça de calote internacional. As questões estão mais fora das fronteiras do país do que dentro, não vejo nada interno que possa interromper esse ciclo de crescimento.

Como o Findes vai simplificar a remoção das barreiras regulatórias para aumentar produtividade e competitividade?

Agenda da Findes para melhoria do ambiente de negócios acontece desde 2017. Em alguns programas centrais, como o Simplifica ES, tivemos avanços nos processos de regulamentação, tornando-os mais claros, que serão mantidos em 2020. Tivemos a implementação da MP 881 nos municípios capixabas, uma agenda permanente na área ambiental, grande entrave do desenvolvimento econômico. O esforço da Federação é de induzir a inovação nas indústrias e temos levado metodologias para aumento de produtividade, através do programa ES Mais Produtivo. No fim do ano, o Senai, em parceria com o Sebrae, assinou um acordo com o Ministério da Economia para impulsionar a escala de oferta de soluções de produtividade à indústria nacional. Nessa agenda de inovação, vários investimentos estão chegando e, através do programa Mais Negócios, a Findes tem feito um link entre compradores e os potenciais fornecedores, tanto para as indústrias tradicionais quanto às empresas que estão chegando no mercado.

Que segmentos devem se destacar?  

Esperamos que a indústria cresça em todos os setores, mas acreditamos na retomada do setor de mineração, muito afetado pelo acidente de Brumadinho, e também do setor de celulose. Setores novos começam a ganhar relevância no ES, como a indústria de linha branca e motores. Isso ajuda a economia a crescer. A indústria de rochas ornamentais também deve ter um ano positivo. O crescimento da operação da Marcopolo (mercado automotivo), a indústria da cerâmica e a de transformação de plástico são exemplos da diversificação dos negócios. O setor agroalimentar também tem crescido, com investimentos robustos chegando. Não posso deixar de falar da construção civil, que deve trazer grandes e boas oportunidades ao estado.


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