Há motivos para otimismo em 2020?

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2020 tem previsão de cenário econômico positivo com queda de juros e andamento das reformas

Confira os cenários que podem beneficiar o desenvolvimento do Espírito Santo

A recuperação da economia brasileira ganhou fôlego nos últimos meses, e as perspectivas para 2020 são positivas. A previsão é encerrar o ano com crescimento de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), incorporando a expectativa de avanço de 0,4% no quarto trimestre de 2019, segundo a análise da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Pelo lado da oferta, todos os setores devem apresentar alta nas taxas, com destaque para a agropecuária e a indústria. Pelo campo da demanda, é esperada forte aceleração do investimento e do consumo das famílias, enquanto as exportações líquidas novamente absorverão esse aumento, a exemplo do que aconteceu em 2019. Na avaliação do Ipea, a recuperação da economia ganhou fôlego nos últimos meses, puxada, principalmente, pelo consumo dos lares e por aportes financeiros.

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A projeção de um cenário mais positivo baseia-se em dois fatores: a redução das taxas de juros como consequência da queda da taxa básica – atualmente a Selic está em 4,5% ao ano – e o encaminhamento da agenda de reformas como a tributária, a administrativa e a do pacto federativo, aponta o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior.

“A baixa da taxa de juros estimula o crescimento tanto do consumo quanto do investimento. O outro ponto é o aumento da confiança, o que baseia nossa expectativa para essa continuidade do cenário de reformas, que também incentiva o investimento em infraestrutura”, destacou Souza Júnior.

Há motivos para otimismo em 2020?
Consumo das famílias é o um dos responsáveis por impulsiona recuperação econômica

Uma tese reforçada por Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg, durante evento do Grupo Permanente de Acompanhamento Empresarial do Espírito Santo, na segunda semana de dezembro. “Podemos sim falar em otimismo, ainda que moderado.
O principal foco para 2020 é a retomada do crescimento. Com o que a gente já alcançou, com uma política monetária como esta, a economia vai crescer em um ritmo de 2,5% no ano que vem”, frisa.

Alexandre Sampaio Arrochela Lobo, subsecretário de Negociações Internacionais do Ministério da Economia, defende que a redução tarifária é um benefício importante para tudo aquilo que o Espírito Santo exporta. E aponta que outras questões não tarifárias e a transparência das regras retiram custos e riscos aos negócios, trazem um ambiente muito mais previsível e fazem com que as transações aumentem. “Os investidores, sempre que veem um ambiente previsível, favorável e transparente, interessam-se muito mais por esse mercado. A redução do risco reflete uma melhora desses pilares econômicos que estão sendo desenvolvidos no Brasil. Nossa expectativa é que isso traga outros países que ainda não têm relação com o Brasil a se aproximarem e a firmarem acordos”, afirmou Lobo durante reunião do Grupo Permanente de Acompanhamento Empresarial do Espírito Santo (GPAEES), realizada na Findes, em dezembro. Confira entrevista na íntegra em: www.esbrasil.com.br/entrevista-alexandre-lobo

Outro setor que demonstra otimismo em relação a 2020 é o varejo, que, mesmo diante de um crescimento econômico ainda muito discreto, vem investindo em melhores ofertas e novas formas de consumo.

A perspectiva é que a recuperação da economia ganhe mais ritmo. A previsão de mercado para o cenário nacional é de um crescimento de 2,22% no PIB contra a estimativa de quase 1,0% para esse ano (Boletim Focus do Banco Central).

“Com o que a gente já alcançou, com uma política monetária como está, a economia vai crescer em um ritmo de 2,5% no ano que vem”
Thais Zara, economista

No Brasil, outubro foi o sétimo mês consecutivo em que as contratações superaram as demissões no mercado de trabalho formal. Já a taxa de desemprego global (Pnad) no trimestre encerrado em outubro ficou em 11,6%. Gradativamente, o mercado de trabalho está criando empregos, porém essa recuperação permanece como o principal desafio e reflete-se diretamente no desempenho das atividades econômicas.

Alicerce reforçado

A reforma da Previdência proposta pelo governo federal, o pacote de obras de infraestrutura anunciado pelo Estado e a criação, ainda que tímida, de vagas de emprego são alguns dos fatores que prometem impactar positivamente o mercado imobiliário capixaba. E no cenário nacional a expectativa também é de pujança.

A aprovação das novas regras previdenciárias resultou em juros mais baixos, crescimento do PIB e abertura de chances profissionais, o que para o setor representa um período mais otimista, em que se espera um aumento na oferta de crédito imobiliário para o segmento médio e alto padrão (MAP), defende Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

No Espírito Santo, a tendência de retomada também é observada. “Em 2017, tanto a diminuição de unidades em construção quanto a queda de oferta de empregos foram interrompidas. O ano de 2018 se manteve mais ou menos no mesmo patamar, mas agora, neste ano, estão sendo lançados alguns empreendimentos”, explica Paulo Baraona, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon).

“Nossa expectativa é que a redução do risco traga outros países que ainda não têm relação com o Brasil a se aproximarem e a firmarem acordos”
Alexandre Lobo, subsecretário de Negociações Internacionais do Ministério da Economia

Uma melhora mais substancial é aguardada para 2020. “As empresas já têm projetos prontos, inclusive de muito impacto. Há iniciativas de empreendimentos realmente robustos, mas que estão sendo maturados para que no ano que vem tenham um lançamento grande”, reforça. Baraona.  A expectativa é que “o orçamento do governo se equilibre e isso gere uma segurança maior para o investidor e para o empresário”.

Se depender dos dados sobre investimentos recentemente divulgados pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), esse otimismo se sustenta. Considerando somente o setor de petróleo e gás, muitas obras deverão ser concretizadas. Isso porque a redução do preço do gás deve desencadear um processo de reindustrialização do Estado nos próximos 10 anos.

“Para esse período, o aporte estimado para o Espírito Santo em consequência dessa baixa é de R$ 10 bilhões, o que irá criar na fase de implantação dos negócios cerca de 30 mil vagas; e na etapa de operação, 7 mil. Portanto, a previsão é de aquecimento da economia, o que é bom para todo mundo”, já havia destacado o empresário Lúcio Dalla Bernardina, na abertura da MEC Show em setembro, quando então ocupava o cargo de presidente do Sindifer.

Os investimentos não param por aí. Ainda segundo a Findes, nesse mesmo intervalo de uma década, deverão ser aplicados mais de R$ 12 bilhões em infraestrutura, o que também representará um impacto positivo no setor de construção civil pesada.
O montante em 10 anos poderá chegar a quase R$ 52 bilhões.

“A unidade de Aracruz é a mais bem posicionada do Grupo Suzano e tem condições estruturais de ser mais competitiva. Com esses investimentos, buscamos potencializar essa competitividade”
Walter Schalka, presidente da Suzano

Em resumo, apesar da quase unanimidade entre economistas quanto à lentidão da recuperação da economia brasileira em 2019, o Ipea prevê um crescimento econômico de 2,1% para 2020.

Investimentos em papel e celulose

O Espírito Santo receberá R$ 1 bilhão em investimentos e melhorias ambientais a partir de novos negócios do grupo empresarial Suzano. A construção de uma nova fábrica de papel higiênico, em Cachoeiro de Itapemirim; a melhoria da caldeira com implantação de cristalizador, em Aracruz; e a expansão da base florestal no Estado fazem parte dos investimentos, que devem gerar 900 novas vagas de emprego no próximo ano, somente no período de obras.

Há motivos para otimismo em 2020?
Suzano deve investir R$ 272,4 milhões em modernização e melhoria de caldeira, em Aracruz

O secretário de Estado da Fazenda, Rogelio Pegoretti, destaca que a Suzano fará o investimento em virtude da Lei 11.001/2019, que permite que empresas utilizem o crédito acumulado de ICMS em decorrência das operações de exportação de mercadorias. “Nosso objetivo é assegurar mecanismos para atração de investimentos ao Espírito Santo. As obras serão importantes para o desenvolvimento regional do Estado de imediato e, também, em médio e longo prazos”, disse.

O governador Renato Casagrande (PSB) reiterou a importância desses avanços. “São R$ 930 milhões revertidos em investimentos que vão gerar uma nova receita de ICMS ao Estado, além de oportunidades de emprego e renda aos capixabas. Essa é uma atividade já estruturada, o plantio de floresta voltado ao uso de madeira para celulose. Agora está dando um passo a mais com a fábrica de papel higiênico, realizando um equilíbrio no desenvolvimento de todo o Estado”, afirmou.

“As empresas já têm projetos prontos, inclusive de muito impacto, empreendimentos realmente robustos para grandes lançamentos em 2020”
Paulo Baraona, presidente do Sinduscon

O início das obras da fábrica, que custarão R$ 130 milhões, está previsto para o mês de fevereiro de 2020. Somente na etapa de construção, serão geradas 300 novas vagas de emprego, durante 11 meses. E há previsão de abertura de 200 vagas quando começarem
as operações.

Cerca de R$ 272,4 milhões serão investidos em modernização e melhoria da caldeira com implantação de um cristalizador. Além de ganhos de produtividade, o investimento trará melhorias ambientais. Com duração de 24 meses, as obras vão gerar 300 vagas de emprego, de forma especial em Aracruz e região, além de maior disponibilidade de energia elétrica.

“A unidade de Aracruz é a mais bem posicionada do Grupo Suzano e tem condições estruturais de ser a mais competitiva. Com esses investimentos, buscamos potencializar essa competitividade”, explicou o presidente da Suzano, Walter Schalka.

Já R$ 531 milhões serão investidos na expansão da base florestal com cultivo de novas florestas no Estado, por meio de aquisição ou arrendamento de áreas rurais, plantios, conduções e tratos culturais. A iniciativa deve gerar 300 empregos diretos e indiretos nos dois primeiros anos após a obtenção das licenças, além de estimular a cadeia de fornecedores da região e o recolhimento de impostos.

A Lei 11.001/2019 introduziu na Lei 7.000/2001 dispositivos para uso de saldo credor acumulado do ICMS decorrente da exportação de produtos primários e industrializado semielaborados. Tais créditos foram acumulados antes da entrada em vigor da Emenda 42/2003, que isentou as exportações da cobrança do imposto.
A norma permite ainda a transferência do crédito para terceiros, desde que o valor obtido pelo exportador seja integralmente utilizado em investimento produtivo.

Holofotes em petróleo e gás

A partir de 2020, o Brasil passa a ter consolidada uma indústria do petróleo, não mais um monopólio que “durou décadas”, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone. Segundo declarou ele à Agência Brasil, “as grandes transformações” já foram produzidas.

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No ES, aporte estimado é de R$ 10 milhões e geração de 37 mil vagas de emprego.

“O grande conjunto de leilões já passou. O mais importante agora é resolver a questão da cessão onerosa com a Petrobras para permitir essa licitação do excedente. A questão do upstream [exploração e produção] está bem encaminhada. A ANP vai ter um desafio enorme na regulamentação do setor de gás natural e do downstream [refino e abastecimento], com a saída da Petrobras das refinarias, que abre uma espécie de vácuo no nosso modelo.”

Segundo Oddone, com os leilões já realizados, a indústria de óleo e gás do país vai passar a um novo patamar. “A produção do Brasil vai crescer imensamente a partir de agora. Os investimentos virão. Estimamos de 50 a 60 novas plataformas instaladas no litoral brasileiro nos próximos anos. Isso é contratação, aumento de produção significativa e aumento brutal de arrecadação”.

E com o aumento da demanda por material e mão de obra, o país vai se preparar para atender ao mercado. “Criando a demanda, os serviços e a qualificação de pessoal virão. Com demanda, vamos ter atividade, emprego e contratação local”, defende Oddone, que informou também já estar em andamento estudos regionais para verificar a possibilidade de se agilizar os licenciamentos ambientais para a instalação e operação de poços de petróleo.

O Espírito Santo é um dos mais importantes produtores brasileiros de petróleo e gás natural, tendo sido o primeiro Estado a produzir na camada pré-sal. As perspectivas em torno da cadeia de petróleo e gás natural movimentam negócios, atraem investimentos e geram boas oportunidades para os investidores, como no setor naval, de logística para atendimento às atividades de exploração e produção, entre tantas outras. E, como já apontado no início da matéria, o aporte estimado ao Estado em consequência da baixa do preço do gás é de R$ 10 bilhões, com 37 mil vagas de emprego.

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Samarco deve voltar a operar no segundo semestre de 2020

O tão esperado retorno das atividades da Samarco no Estado finalmente foi confirmado para o segundo semestre de 2020, pelo diretor-presidente da mineradora, Rodrigo Alvarenga Vilela. Em entrevista à ES Brasil, o governador Casagrande ressaltou a importância da volta das atividades da empresa. “A possibilidade de retomada mesmo que parcial é importante para o Estado, principalmente para o Litoral Sul capixaba.
Gera expectativa de mais emprego e atividade econômica. Atendidas às exigências ambientais, é importante que se retome”, afirmou o governador.

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