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quarta-feira, 24 abril, 2024

Economia de Guerra

Se os impactos na maior potência econômica do mundo podem ser severos, imagina no Brasil

Estamos vivendo uma época de guerra, contra um inimigo invísivel e que, infelizmente, ainda não temos uma arma eficaz para detê-lo. O curioso é que, há um ano atrás, se alguém dissesse que um simples vírus iria fazer o mundo literalmente parar, poucos dariam importância. Mas foi exatamente isso que aconteceu. Algo típico de filmes de ficção científica. Na verdade, até parece que estamos vivendo um roteiro destes filmes, na prática. A ficção tornou-se realidade, repentinamente. Algo inimaginável e sem precedentes, pelo menos nestas proporções.

Já temos mais de 2,3 milhões de casos confirmados e cerca de 158 mil mortes contabilizadas em todo o mundo (dados compilados em 19 de abril de 2020 pela John Hopkins University). Os EUA é o país líder em números de casos, com mais de 745 mil casos confirmados e também líder em número de mortes contabilizadas, com cerca de 35,5 mil vidas perdidas. São muitas as vidas perdidas nos campos de batalha desta guerra, ou seja, nos hospitais e clínicas.

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Mas além das mortes nos campos de batalhas das clínicas e hospitais, temos as mortes de empresas e negócios, devido aos enormes impactos econômicos da parada forçada da locomotiva econômica em praticamente todo o mundo ocidental, ao mesmo tempo. De uma hora para outra, fomos obrigados a ficar em casa, a deixarmos de produzir, de faturar, de abrir os estabelecimentos comerciais.

Penso que as medidas de de isolamento tomadas por vários países ao redor do mundo são necessárias e com intuito de evitar um verdadeiro desastre nos sistemas de saúde dos países, além do risco de atingir números ainda mais elevados de mortes. Do contrário, se caso este vírus não for de fato tão letal ou perigoso quanto todos apregoam, estaremos diante da maior palhaçada da história da humanidade. Prefiro crer que não.

Digo isso, em virtude dos impactos econômicos que já estamos sentindo, devido a essa parada forçada, esse lockdown das pessoas e da economia como um todo. Os EUA contava com índice de desemprego de 3,5% em fevereiro de 2020, taxa mínima histórica dos últimos 50 anos. Após 4 semanas de lockdown, os pedidos de seguros desemprego nos Estados Unidos somaram mais de 22 milhões. Praticamente todos os empregos que foram gerados durante todo o período entre a Grande Recessão de 2010 até fevereiro de 2020, cerca de 10 anos de apuração, estão se evaporando em apenas 1 mês. Isto demonstra a gravidade da situação econômica em que estamos expostos.

Já existem estimativas de índice de desemprego acima de 25% aqui nos EUA, ou seja, índices compatíveis com a Grande Depressão que iniciou-se em 1929, e que durou longos 43 meses para a recuperação. O menor tempo de duração de uma recessão nos EUA foi em 1980, quando a economia recuperou-se após 6 meses. Se formos nos basear no passado, uma vez que qualquer previsão de recuperação neste momento será um mero chute, podemos inferir então que teremos um “bear market”, ou seja, um mercado com queda superior a 20% nas bolsas de valores, pelo menos até Outubro de 2020, levando-se em conta que o início da recessão foi o final do mês de março de 2020.

Se os impactos na maior potência econômica do mundo podem ser severos, imagina no Brasil. Nenhuma empresa consegue se manter se não tiver geração de caixa. O faturamento se faz necessário para manter os negócios e os empregos. Por maior que seja a boa vontade dos governos e dos bancos centrais, no sentido de estimular a liquidez e manter o sistema econômico em ordem, sabemos que não será suficiente.

O grande problema é a incerteza. Não sabemos ao certo quando teremos a vida em sociedade novamente reestabelecida. E esta indefinição é terrível para o planejamento econômico e financeiro. Dependendo do tempo de lockdown, os impactos econômicos podem ser irreversíveis, uma já consensual recessão pode se tornar em uma grande Depressão da economia mundial.

O dilema entre saúde e economia acaba se tornando uma verdadeira “escolha de Sofia”, uma vez que é totalmente desumano quantificar ou valorar uma vida, quiçá milhares de vidas.

Uma coisa é certa, as relações humanas e profissionais irão mudar. Novas regras de higiene e conduta em espaços públicos já estão sendo implementadas. Este será o efeito paliativo de combate ao vírus, ao menos até que se descubra uma vacina ou alguma medicação realmente eficaz para a cura dos infectados, principalmente àqueles que apresentam mais reações e sintomas.

Na crise, crie. Na crise aparecem várias oportunidades. Concordo plenamente com estas afirmações. A questão é que não estamos em mais uma simples crise financeira, estamos em uma verdadeira guerra. Em épocas de guerra, a primeira regra é sobreviver. Vamos nos proteger, cuidar de nossos entes queridos, colaboradores e parceiros. Mais do que nunca, é preciso nos unirmos. Não tenho dúvidas que iremos vencer esta guerra. Mas enquanto estivermos lutando, a nossa melhor arma é a solidariedade.

Pense nisto! E como sempre digo: Vamos em Frente!

ABEL FIOROT LOUREIRO é Consultor Financeiro, Mestre em Economia e Finanças, escreve direto dos EUA, onde mora

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