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sexta-feira, 26 abril, 2024

Temos razões para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente?

Data foi criada pela Organização das Nações Unidas em 1972 

Nesta quarta-feira, dia 5 de junho, celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas será que temos mais razões para comemorar ou para reunir as forças e buscar um resultado diferente?

Para responder a essa questão, a ES BRASIL entrevistou o professor pós-doutor em Ecologia da Universidade de Vila Velha (UVV), Rodrigo Barbosa Ferreira. Com atuação no campo de Zoologia, Biologia da Conservação e Ecologia (população, comunidade, evolutiva, paisagem e invasores) com foco em répteis e anfíbios, Rodrigo participou do projeto que resultou na atualização do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Veja a matéria completa sobre o assunto. Conheça o que o pesquisador pensa sobre essa questão e como o Brasil está inserido nesse contexto.

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Sendo uma data internacional, o que o senhor destacaria como um avanço e um retrocesso na área ambiental?

O avanço no conhecimento científico é expressivo nas últimas décadas. Mesmo necessitando de investimentos e cientistas, pesquisas mostram que as mudanças climáticas assim como a alteração dos ambientes naturais estão causando o sexto evento de extinção em massa registrado na Terra. Atualmente, há um retrocesso na perspectiva da sociedade e dos seus governantes em relação às mudanças climáticas, levando a não assumirem responsabilidades urgentes para efetiva mitigação dos impactos.

Vemos uma preocupação internacional com a preservação dos ambientes naturais ainda preservados?

Acredito que todo ser humano se preocupa com o meio ambiente, mas isso não reflete em mudanças de hábitos práticos como evitar pesticidas agrícolas, cessar o desmatamento, acabar com a caça clandestina, reduzir a pesca insustentável, etc.

Sobre a questão da recuperação das áreas degradadas, temos notícias empolgantes nesse aspecto?

Infelizmente não temos boas notícias. O novo Código Florestal prevê que os proprietários rurais façam a recuperação de áreas degradadas, principalmente próximo aos corpos d’água. Para atingir essa meta de vital importância para saúde do ecossistema que todos organismos fazem parte, incluindo nós seres humanos, o Brasil precisa capacitar, informar e dar subsídios aos proprietários rurais.

O Brasil é alvo de preocupação internacional pela política – ou a falta dela – em relação a Amazônia. O senhor acha que essa apreensão é justificada?

Sabemos que a taxa de desmatamento da floresta Amazônica é inversamente proporcional à qualidade de vida das nossas futuras gerações (nossos filhos, netos e bisnetos). Por exemplo, ao cortar uma árvore ou permitindo que isso aconteça, impedimos que o gás carbônico, liberado pela nossa respiração e pelos nossos carros, seja incorporado por essa árvore. Assim esse gás nocivo à espécie humana impedirá a saída dos raios do sol refletidos, contribuindo para o aumento da temperatura da Terra. É fato indiscutível que o equilíbrio climático do planeta Terra necessita primariamente da floresta Amazônica preservada. Por motivos óbvios, há imensa preocupação global com o descaso que o brasileiro trata esse imenso patrimônio que temos em nosso território. Com a Amazônia intacta podemos contribuir para produção de remédios, regulação do clima, manutenção dos estoques pesqueiros, fornecimento de água doce, fornecimento de alimentos, garantia de precipitação na região do centro oeste e sudeste do Brasil, etc.

O presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamentos sobre a utilização de terras indígenas e pertencentes a áreas preservadas para garimpo. Como o senhor analisa essa postura do nosso gestor?

Lamentavelmente, o povo brasileiro escolheu um representante que não possui o mínimo de responsabilidade sócio-ambiental. Por trás de afirmações descabíveis, o atual presidente implementa um plano de governo que fomenta a redução e degradação de áreas naturais, bem como desestrutura as comunidades indígenas e extrativistas que obtem seus recursos dessa áreas. Há um profundo sentimento de frustração de ambientalistas e da comunidade de cientistas ambientais brasileiros, pois décadas de pesquisas sobre os benefícios de preservação dos ecossistemas naturais estão sendo ignorados pela atual falta de gestão federal.


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