No Espírito Santo, cerca de 20 mil pessoas, entre crianças e adultos, aguardam atendimento psiquiátrico na rede pública
Por Redação
Em encontro na tarde desta terça-feira (4) a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) debateu o déficit de profissionais e a falta de estrutura na área de psiquiatria na rede pública de saúde do Espírito Santo. O colegiado recebeu a psiquiatra Letícia Mameri, que chamou a atenção para o número alarmante de pacientes no aguardo de consultas no estado.
Segundo a médica, a fila de espera para atendimento atualmente soma cerca de 12 mil pacientes adultos e 8 mil crianças no Espírito Santo. A especialista apontou a sobrecarga do sistema e o gargalo financeiro.
“Nós não temos profissionais disponíveis para atender nas condições que estão postas em termos de estrutura e de retorno financeiro”, explicou. No caso de crianças, ela acrescentou que, para o atendimento de pacientes neurodivergentes, como por exemplo quem tem autismo, não há rede adequada para testes, o que atrapalha o diagnóstico correto e ágil e o encaminhamento a terapias especializadas.
Mameri disse ainda que, no caso dos adultos, calcula-se uma perda de pelo menos 3,5% do PIB por adoecimento mental, gerando um grande número de afastamento dos postos de trabalho. A reunião foi presidida pelo deputado Dr. Bruno Resende (União) e contou com as presenças dos deputados Pablo Muribeca (Patri) e Callegari (PL).
A psiquiatra pleiteou a Comissão dois projetos para potencializar a formação de profissionais em psiquiatria. Um deles abrange o Hospital da Polícia Militar (HPM) e visa incentivar a formação de médicos para o atendimento de pacientes adultos. O outro projeto é voltado ao Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Hibama) e objetiva a formação de profissionais da área para atender crianças.
“É um serviço inclusive estratégico para essa unidade hospitalar visto a necessidade de cuidar da saúde mental dos policiais capixabas”, explicou a médica.
Dr. Bruno informou que as sugestões serão averiguadas pelo colegiado antes de ser proposto na Ales, mas declarou ciência dos recorrentes problemas no atendimento da especialidade.
“Vamos estudar esses projetos e correr atrás de capital político para colocar em prática”, disse o presidente do colegiado. Dr. Bruno também disse que vai buscar informações junto ao governo sobre denúncia de falta de medicamentos para pacientes psiquiátricos no SUS.
Na última segunda (3), a Ales aprovou a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial. Proposta pela deputada Camila Valadão (Psol), a FP pautará políticas voltadas à saúde mental coletiva e a defesa de direitos, como o acesso ao tratamento qualificado e gratuito, conforme prevê a proposta.