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sexta-feira, 19 abril, 2024

Azeite, a mais nova riqueza das montanhas capixabas

O azeite é um dos produtos indispensáveis para a famosa Torta Capixaba e agora pode ser produzido no Espírito Santo

Por Amanda Amaral 

Um dos produtos indispensáveis para a famosa Torta Capixaba agora pode ser produzido no Estado. Apostando no ineditismo, um produtor rural de Domingos Martins, além de cultivar azeitonas, decidiu também processar seu próprio azeite, o primeiro do Espírito Santo. Com um investimento de R$ 600 mil ao longo de quatro anos, a produção rendeu até o momento 40 litros, envasados em 160 garrafas de 250 mililitros.

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“Foi uma aventura”, é como o produtor rural Paulo Sardenberg se refere à criação do Azeite Aracê. “Vi uma reportagem e percebi que minha propriedade se enquadra nos requisitos necessários com relação à altitude e ao clima. Procurando mais informações, descobri a cidade de Maria da Fé, em Minas Gerias, na Serra da Mantiqueira. Viajei três vezes para lá para conhecer o processo de produção”, comentou.

Comercialização em 2023

O Azeite Aracê, o primeiro genuinamente capixaba, faz um homenagem à região de Aracê, onde está localizada a Fazenda Vale das Oliveiras, propriedade de Paulo Sardenberg.
O produto foi processado e engarrafado no dia 09 de fevereiro deste ano.

No entanto, nenhuma garrafa foi vendida ainda. Somente os mais próximos tiveram a chance de provar o azeite.

“Essa é nossa primeira safra, é experimental. Nem temos no Espírito Santo pessoas capacitadas ainda para esse tipo de avaliação. Estamos testando sabores e aromas. Só vamos entrar no mercado no ano que vem, após um processo de regularização de licenças junto à Anvisa.Não fizemos nem conta de retorno, pois é um mercado muito incipiente ainda”, explica.

Construção do lagar

Sardenberg afirma que precisou investir, ao longo de quatro anos, em torno de R$ 600 mil para montar o olival e o lagar, local onde se extrai o óleo da azeitona, além da compra da extratora.

“Para fazer azeite, teríamos que colocar em um caminhão refrigerado e enviar para o lagar mais próximo, que é em Minas Gerais, então decidi adquirir a extratora e montar nosso próprio lagar”, ressaltou Sardenberg.

O Brasil importa em torno de 98% do seu azeite, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As principais produções se concentram no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, na região da Serra da Mantiqueira.

Azeite, a mais nova riqueza das montanhas capixabas
Fonte: Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)

Na Fazenda Vale das Oliveiras são cultivados quatro tipos de azeitonas: arbequina, arcolano, coroneique e grappolo. Para o início do plantio, em novembro de 2017, foram adquiridas 2,5 mil mudas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).

A primeira safra surgiu precocemente, antes dos seis meses previstos pelo produtor. Na ocasião, foram colhidos 500 quilos de azeitonas, somente na propriedade de Sardenberg, que atualmente abarca a produção de outras propriedades de Domingos Martins e, também, de Santa Teresa, por meio de uma parceria.

Com relação à fruta, não há comercialização na propriedade de Sardenberg, mas ele comenta sobre planos futuros. “Nós utilizamos tudo com azeite. Em algum momento, teremos essa perspectiva com a azeitona de mesa, mas por enquanto, azeitonas só para o azeite”, disse.

Projeto de olivicultura capixaba

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) deu início ao Projeto de Olivicultura no Espírito Santo em 2012, com a implantação de uma Unidade de Observação em Caldeirão, Santa Teresa.

Azeite, a mais nova riqueza das montanhas capixabas
Aracê, o azeite genuinamente capixaba – Foto: Paulo Sardenberg / arquivo pessoal

“A olivicultura e a produção de azeite, coexistindo harmonicamente com outras atividades, potencializa o desenvolvimento do agroturismo no município. A nossa expectativa é o desenvolvimento exponencial da atividade, buscando atender à demanda interna, reduzindo a evasão de divisas, ampliando a geração de mais oportunidades de trabalho e aumentando a rentabilidade, melhorando assim a qualidade de vida das pessoas envolvidas no negócio”, destacou o responsável pelo projeto de Olivicultura, o extensionista e coordenador do escritório local do Incaper de Santa Teresa, Carlos Alberto Sangali de Mattos.

A atividade de cultivo das oliveiras e a recente conquista do processamento para produção de azeite conta com apoio da Associação dos Olivicultores do Estado do Espírito Santo (Olives), do Incaper e da Prefeitura de Santa Teresa. Atualmente, há aproximadamente 300 hectares de área plantada de azeitona, envolvendo cerca de 150 produtores e 17 municípios dos 23 da Região Serrana do estado vocacionados para o desenvolvimento da atividade.

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