Sabe aquela história de que “há luz no fim do túnel”? Pois é, realmente há e podemos provar com a história de Aristeu Maria Julio, de 53 anos.
Por Munik Vieira
Aristeu é ex-morador de rua do município de Vitória. Na adolescência, após a morte da mãe, decidiu sair de casa e desenvolveu problemas mentais. Ele continuou nas ruas por muitos anos.
Até que em um determinado momento, o Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) da Prefeitura de Vitória o identificou e o encaminhou para o Abrigo Noturno do município. Lá, Aristeu permaneceu por cerca de três anos (2015 a 2018) e recebeu acolhimento, alimentação, acompanhamento psicossocial e aos programas e projetos que permitem a ele gerir sua vida.
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Foi por meio desse trabalho que ele foi direcionado aos estudos e ganhou motivação. Hoje, ele é um estudante do 5º período de Metalurgia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). “Eu fui acolhido! Se não fosse essa atenção, eu estaria morando nas ruas e usando minha medicação de forma errada. Hoje, estou estudando Metalurgia e, a partir do ano que vem, começa o período de estágios”, relatou Aristeu.
Ele continua recebendo acompanhamento psicossocial no Cras de Jucutuquara. Ele também foi encaminhado ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), onde recebe acompanhamento médico e passa por consultas de rotina a cada dois meses. Os medicamentos que ele faz uso também são fornecidos pela Prefeitura de Vitória.
Vínculos
Psicóloga do Cras, Astima Polliana explica que, como Aristeu veio de uma situação de rua, foi preciso trabalhar não somente os vínculos familiares, mas, também, os vínculos sociais no território onde ele foi reinserido.
“Nós percebemos a evolução dele desde 2018 pela sua participação e por se propor a assumir os compromissos do acompanhamento, que é uma via de mão dupla. Verificamos, também, o fortalecimento dele junto à comunidade e a emancipação dele enquanto sujeito com direitos. Esse é um dos objetivos do acompanhamento, que ao longo do tempo ele passe a conseguir caminhar sem depender dos serviços, mas sabendo que estarão sempre à disposição”, pontuou Priscila Heringer Machado, assistente social de referência do acompanhamento de Aristeu.
Trajetória
“A trajetória do senhor Aristeu exemplifica muito bem o quanto a política de assistência social é capaz de realizar na vida das pessoas que mais necessitam. Este é o nosso papel: estar cada vez mais perto das pessoas para atendê-las e fazer os encaminhamentos necessários para outras políticas sociais. Todos nós torcemos muito para que ele obtenha êxito nos seus projetos e saiba que sempre pode contar com os serviços socioassistenciais de Vitória”, reforçou a secretária municipal de Assistência Social, Cintya Schulz.
Benefícios
Atualmente, Aristeu mora em um apartamento alugado, custeado por meio do Projeto Moradia Alternativa (PMA), desenvolvido pela Secretaria e Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec).
Ele recebe, ainda, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é parte da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e garante um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência e idosos com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção. Assim, ele consegue se manter e investir seu tempo nos estudos.
Outra boa notícia que, por meio do acompanhamento da PMV, ele foi indicado para receber uma carta de crédito para compra de imóvel e a proposta está em fase de avaliação.
Direcionamento
“Em 2018, ele chegou ao Cras necessitando de um direcionamento. Já estava recebendo o PMA, com moradia fixa, e precisava dar outros passos. Nós começamos a caminhar junto dele. Aristeu é uma pessoa muito participativa, está presente em todas as atividades propostas e adere muito bem ao acompanhamento”, conta Renata Leite, assistente social no Cras de Jucutuquara.