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sábado, 27 abril, 2024

Após 41 dias em licença, Do Val retorna ao Senado

Marcos do Val retornou ao Senado após polêmicas envolvendo investigações da PF

Por Redação

Após mais de um mês afastado das atividades políticas por conta de uma licença médica, o senador capixaba Marcos do Val (Podemos-ES) comemorou, em pronunciamento no Plenário na última terça-feira (1º), seu retorno ao Senado. O parlamentar é investigado pela Polícia Federal (PF) por ter declarado que sabia da articulação de um golpe de Estado.

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O senador destacou que o empenho para apurar as responsabilidades dos fatos ocorridos no dia 8 de janeiro gerou problemas que afetaram “sua saúde, sua família e sua honra”. Do Val alegou que só se afastou do cargo após garantir que sua missão seria continuada com o apoio de colegas senadores. 

— O desgaste da luta política e do trabalho excessivo que eu empreendi desde o começo do ano, para que se fizesse a justa apuração das responsabilidades pelos fatos lamentáveis ocorridos no fatídico 8 de janeiro, tem me custado muito caro. […] Só me afastei depois de assegurar que o meu posto, na luta pela verdade e pela justiça, a respeito do dia 8 de janeiro, não seria deixado descoberto. Contei com a preciosa colaboração dos meus colegas senadores Marcos Rogério [PL-RO], Eduardo Girão [Novo-CE], Esperidião Amin [PP-SC], dentre outros, que ecoaram a minha voz na CPMI — disse o parlamentar.

Do Val se vê em um momento de isolamento político. O senador capixaba tem sido alvo de investigação pelos órgãos de inteligência desde fevereiro, quando o ministro Alexandre de Moraes autorizou a abertura de um inquérito para apurara afirmação de Do Val de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) arquitetou um golpe de Estado para impedir a posse de Lula (PT).

Após as acusações, Do Val recuou e chegou a afirmar que a iniciativa teria partido de Daniel Silveira, ex-deputado federal.

Busca e apreensão da PF


Diante de um cenário de pressão interna e externa, Do Val sofreu uma “nova derrota” quando a Polícia Federal realizou buscas em diversos endereços relacionados ao senador capixaba, incluindo o seu gabinete no Congresso Nacional, em Brasília. Os mandados foram cumpridos na capital federal e no Espírito Santo.

As redes sociais de Do Val também foram bloqueadas por determinação de Moraes. O perfil no Twitter, por onde o senador costuma se comunicar com seus eleitores, aparece como indisponível. No Instagram e Facebook, as páginas do senador encontram-se indisponíveis.

Relatório da PF e Depoimentos


No início do mês, a PF apresentou um relatório com as mensagens encontradas no celular apreendido do senador. O documento constatou que o parlamentar compartilhou informações sobre a trama de golpe de Estado por meio de dois grupos de WhatsApp: o “Chefias” e o “Amigas para a eternidade”.

As conversas com o grupo “Chefias”, composto por 2 assessores de seu gabinete, foram curtas. Nos diálogos, Do Val antecipou os diálogos com Daniel Silveira e descreveu o plano como uma “missão que entrará para a história do Brasil/mundo”.

No entanto, foi no grupo “Amigas para eternidade” (nome fictício, conforme apurou a investigação) que o senador se expressou de maneira mais aberta. Em textos e áudios cheios, outros participantes chegaram a comemorar a possibilidade do golpe: “Eu tô vibrando, vibrando, mas já vou apagar a mensagem!”, disse uma das “amigas”.

Na última semana, Bolsonaro prestou depoimento à PF sobre o caso. O ex-presidente demonstrou mais um distanciamento de Do Val ao exibir para a imprensa presente no local uma captura de tela em que mostra a resposta dada às proposições do senador. Após a sugestão de manobra antidemocrática, Bolsonaro respondeu a Do Val “coisa de louco”, insinuando discordância das propostas do capixaba.

Em carta escrita na prisão, Daniel Silveira negou a versão do senador e o chamou de palhaço. O carioca ainda classificou a trama de Do Val como “ridícula” e “baboseira”.

Na última semana, o senador esteve envolvido em mais um episódio polêmico. Enquanto caminhava na orla da Praia de Camburi, em Vitória, o parlamentar foi hostilizado por um homem não identificado. A ação foi gravado e compartilhada em grupos de aplicativos de mensagens e nas redes sociais.

O autor do vídeo chama Do Val de “a maior vergonha capixaba”. O parlamentar não respondeu aos ataques e não se pronunciou sobre o caso.

Analista vê erro de cálculo político

Para o analista político Darlan Campos, Do Val traçou de maneira equivocada sua estratégia política em oposição ao governo Lula. Campos ainda cita os possíveis impactos para a sequência do mandato do senador.

“O senador Marcos Do Val, especialmente após a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula, impetrou com uma estratégia de mandato de construir uma imagem de enfrentamento, tanto com o Governo Federal e também com a Suprema Corte. E essa estratégia tem se mostrado politicamente onerosa para ele” apontou o analista político.

“É importante a gente avaliar que o “enfrentamento” com o poder constituído é feito por meio de denúncias, que às vezes chegam até no campo da calúnia e da difamação. Até o presente momento, (o senador) não sustentou, em grande parte, as denúncias feitas. Acho que houve um erro de cálculo político, até quando e onde ele conseguiria ir”, complementou Darlan.

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